A COMPULSÃO DE RECRIAR E DE SUPERAR AS FERIDAS DA INFÂNCIA
autoconhecimento

A COMPULSÃO DE RECRIAR E DE SUPERAR AS FERIDAS DA INFÂNCIA












A aplicação de uma Psicologia profunda é uma disciplina espiritual , porque é somente através do autoconhecimento que você pode purificar a sua alma , isto é , limpá-la dos padrões de autodestruição e deixá-la em condições de relacionar-se com o Eu Superior. A compulsão à repetição é bem conhecida em psicologia ; porém , aqui neste artigo a exposição é feita de forma mais clara a propósito desse fenômeno psicológico. Nossas experiências negativas repetidas estão ligadas não somente à nossa infância , mas também a encarnações anteriores. Com a ajuda deste artigo , podemos descobrir por que continuamos nos debatendo em nossas gaiolas de defesa e como podemos parar de fazer isso.

A FALTA DE UM AMOR MADURO
Pelo fato de que , como crianças , as pessoas raramente recebem amor maduro e afeto suficientes – e a menos que essa carência e feridas se tornem conscientes e sejam tratadas adequadamente – elas passam toda sua vida desejando preencher-se com esses sentimentos. Se não tomarem medidas definitivas , como adultos , passarão pela vida clamando inconscientemente pelo que não tiveram na infância. Isto a tornará incapazes de amar com maturidade. Você pode ver como essa condição se transmite de geração em geração.
O remédio não pode ser encontrado apenas desejando-se que as coisas sejam diferentes do que são e que as pessoas aprendam a praticar o amor maduro. O remédio está única e exclusivamente em você. É verdade que seus pais lhe deram esse amor maduro , você provavelmente não tem esse problema , do qual não está real e verdadeiramente consciente. Mas se esse não for o caso , não deixe que o fato perturbe você e sua vida. Apenas torne-se consciente dele , observe-o e reorganize seus desejos , arrependimentos , pensamentos e conceitos inconscientes anteriores alinhando-os com a realidade de cada situação. Como conseqüência , você se tornará uma pessoa mais feliz e com condições de oferecer amor maduro aos outros – a seus filhos , se os tiver , ou às pessoas de suas relações – de modo que uma reação em cadeia propícia será iniciada. Uma autocorreção realista dessa espécie se situa no extremo oposto do seu comportamento interior atual , sobre o qual falaremos agora.
Todas as pessoas , inclusive aquelas poucas que já começaram a analisar sua mente e emoções inconscientes , em geral subestimam a forte ligação que existe entre as aspirações e a sua não-realização na criança e as dificuldades e problemas atuais do adulto. Bem poucas pessoas experimentam pessoalmente – e não apenas teoricamente – a força desse elo. É fundamental que se tenha consciência total dele.
Podem existir casos isolados , excepcionais , em que um dos pais oferece um grau suficiente de amor maduro. Mesmo que um dos pais tenha esse amor em alguma medida , provavelmente o outro não o terá. Visto que um amor maduro , nesta Terra , só existe em certo grau , a criança sofrerá pelas deficiências até mesmo de um pai ou mãe amoroso.
Com mais freqüência , entretanto , ambos os pais são emocionalmente imaturos e não conseguem dar o amor desejado pela criança , ou apenas o dão em medidas insuficientes. Durante a infância , raramente essa necessidade é consciente. A criança não tem meios de formular suas necessidades em pensamentos. Ela não consegue comparar o que tem com o que os outros têm. Não sabe que alguma outra coisa pode existir. Acredita que tudo é como dever ser. Ou , em casos extremos , sente-se isolada de modo muito idiossincrático , acreditando que a parcela que lhe cabe não pode se comparar à de mais ninguém. Ambas as atitudes a desviam da verdade. Em ambos os casos a emoção real não é consciente e , portanto , não pode ser adequadamente avaliada nem bem equacionada. Assim , a criança cresce sem nunca entender bem por que é infeliz , e nem sequer se é infeliz. Muitos de vocês olham para trás , para a sua infância , convencidos de que tiveram todo o amor que queriam apenas porque tiveram , de fato , um pouco de amor.
Há um sem-número de pais que dão grandes demonstrações de amor. São capazes , inclusive , de superproteger seus filhos. Esse excesso de afagos e mimos pode ser uma compensação e uma espécie de pedido de desculpas por uma inabilidade , profundamente suspeita , de amar com maturidade. A criança sente a verdade com muita intensidade. Pode não pensar sobre ela conscientemente , mas em seu eu interior sente agudamente a diferença entre amor maduro e autêntico e a alternativa substitutiva imatura e aparatosa que lhe é oferecida.
Os pais têm responsabilidade de dar aos filhos uma orientação adequada e a segurança que lhes é devida e ambas exigem que eles exerçam sua autoridade. Há pais que jamais se atrevem a castigar ou a praticar uma autoridade sadia. Esse defeito se deve à culpa , porque o amor real , generoso , afetuoso e alentador não é parte integrante de sua personalidade imatura. Outros pais chegam a ser muito severos , rigorosos demais. Assim , exercem uma autoridade dominadora maltratando a criança e impedindo o desenvolvimento de sua individualidade. Ambos os tipos fracassam como pais , e suas atitudes errôneas , absorvidas pela criança , abrirão feridas e prepararão a caminhada da não-realização.
Nos filhos de pais rigorosos , o ressentimento e a rebeldia são mais expostos , e por isso mais fáceis de rastrear. No caso de pais brandos , a rebeldia também é forte , mas oculta e , portanto , infinitamente mais difícil de detectar. Se você tivesse um pai ou mãe que os asfixiasse com afeição ou pseudo-afeição , e no entanto não oferecesse carinho verdadeiro , ou se tivesse um pai ou mãe que fizesse tudo certo conscientemente , mas que também não tivesse afeição , inconscientemente você perceberia isso como criança e ficaria ressentido. Pode acontecer que você não tenha percebido isso de modo consciente , porque , quando criança , não podia pôr o seu dedo no que estava faltando. Externamente , você ganhava tudo o que queria e de que precisava. Como poderia traçar a linha divisória tênue , a sutil distinção entre o afeto verdadeiro e a pseudo-afeição com seu intelecto de criança ? O fato de que algo o incomodava sem que você fosse capaz de explicá-lo racionalmente o fazia sentir-se culpado e inseguro. Assim , você afastava tudo isso do seu campo de visão o mais que podia.
Em quanto as mágoas , decepções e necessidades não satisfeitas dos seus anos iniciais permanecerem inconscientes , você não conseguirá chegar a um acordo com elas. Não importa o quanto ame seus pais , existe em você um ressentimento inconsciente que o impede de perdoá-los pelo desgosto que lhe causaram. Você poderá esquecer e perdoar somente se entrar em contato com sua mágoa e ressentimento profundamente escondidos. Com um ser humano adulto , você verá que seus pais também são apenas seres humanos. Eles não estavam livres de deficiências nem eram perfeitos com a criança pensava e esperava que fossem , e não devem ser rejeitados e agora porque tinham seus próprios conflitos e atitudes imaturas. A luz da razão consciente deve ser projetada sobre essas mesmas emoções das quais você nunca se permitiu estar plenamente consciente.

TENTATIVAS DE CURAR AS FERIDAS DA INFÂNCIA NA IDADE ADULTA
Enquanto você não tomar consciência do conflito entre seu anseio por uma amor perfeito da parte de seus pais e seu ressentimento contra eles , você será compelido a tentar remediar a situação nos anos seguintes. Este esforço pode manifestar-se em vários aspectos de sua vida. Você se defronta constantemente com problemas e padrões repetidos que têm sua origem na sua tentativa de reproduzir a situação da infância para corrigi-la. Esta compulsão inconsciente é um fator muito forte , mas permanece totalmente oculta à sua compreensão consciente.
A maneira mais comum de tentar corrigir a situação está em sua escolha dos parceiros de amor. Inconscientemente , você saberá escolher , no parceiro , aspectos do pai ou mãe que de modo particular falhou em dar afeição e amor efetivo e autêntico. Mas você também procura no seu parceiro aspectos de outro pai ou mãe que mais se aproximou do atendimento de suas necessidades. É importante encontrar seu pai e sua mãe representados em seus parceiros , mas é ainda mais importante e difícil encontrar aqueles aspectos , que representam o pai ou mãe que particularmente o desapontou e o magoou , aquele contra quem você tem mais ressentimento ou que mais despreza e a quem você dedicou pouco ou nenhum amor. Assim , você procura os pais novamente – de uma maneira sutil que nem sempre é fácil de detectar – em seu parceiro , marido ou esposa , em suas amizades ou em outras relações humanas. Em seu subconsciente , as seguintes reações se apresentam : visto que a criança em você não pode abandonar o passado , não pode chegar a um acordo com ele , não pode perdoar , não pode compreender e aceitar , essa mesma criança sempre cria condições semelhantes , procurando vencer para controlar a situação em vez de ser por ela controlado. Perder significa ser esmagado – isto deve ser evitado a todo custo. Os custos , na verdade , são altos , pois toda a estratégia é impraticável . O que a criança em você se propõe a realizar jamais pode concretizar-se.

A FALÁCIA DESSA ESTRATÉGIA
Todo este procedimento é altamente destrutivo. Em primeiro lugar , é uma ilusão que você tenha sido derrotado. Portanto , é uma ilusão que você possa ser vitorioso agora. Além disso , é uma ilusão que a falta de amor , por mais triste que isso possa ter sido quando criança , seja na verdade a tragédia que seu subconsciente ainda sente ser. A única tragédia reside no fato de que você obstrui sua felicidade futura continuando a reproduzir a situação passada e procurando controlá-la. Este processo é profundamente inconsciente. Naturalmente , nada mais está distante de sua mente quando focaliza metas e desejos conscientes. Será necessário escavar muito para desenterrar as emoções que o conduzem sempre de novo a situações em que seu objetivo secreto é sanar suas aflições da infância.
Ao procurar reproduzir a situação da infância , inconscientemente você escolhe um parceiro com aspectos semelhantes àqueles de um dos pais. E , entretanto são esses mesmos aspectos que tornarão impossível receber o amor maduro que com justiça você almeja há longo tempo agora como aconteceu então. Cegamente , você acredita que por desejá-lo mais forte e vigorosamente , o pai ou mãe parceiro irá agora ceder , enquanto que na realidade o amor não pode chegar desse modo. Somente quando estiver livre dessa repetição sempre continuada é que você não mais clamará para ser amado pelo pai ou mãe. Em vez disso , você procurará um parceiro ou outros relacionamentos humanos com o objetivo de descobrir a maturidade que realmente necessita e deseja. Ao não exigir ser amado como uma criança , você desejará igualmente amar. Entretanto , a criança em você acha isto impossível , não importa o quanto você seja capaz de fazê-lo através do desenvolvimento e do progresso. Este conflito oculto eclipsa sua alma que , de outro modo , prosseguiria em seu desenvolvimento.
Se você já tem um parceiro , o fato de desenterrar este conflito pode mostrar-lhe como esse parceiro é semelhante a seus pais em certos aspectos imaturos. Mas visto que você agora sabe que dificilmente há uma pessoa realmente madura , esses aspectos imaturos em seu parceiro não mais serão a tragédia que eram enquanto você constantemente buscava um de seus pais ou os pais novamente , o que naturalmente jamais poderia acontecer. Com sua imaturidade e incapacidade agora trazidas à consciência , você pode construir uma relação mais madura , livre da compulsão infantil e recriar e corrigir o passado.
Você não faz idéia de como seu subconsciente está preocupado com o processo de reinterpretação da peça , por assim dizer , apenas esperando que “desta vez será diferente”. Mas nunca é ! Com o passar do tempo , cada desapontamento pesa mais e sua alma se torna cada vez mais deprimida.
Para aqueles que ainda não desceram a certas profundezas de seu subconsciente inexplorado , isto pode soar bastante absurdo e forçado. Entretanto , aqueles dentre vocês que chegaram a dar-se conta da força de suas tendências , compulsões e imagens ocultas , não apenas acreditarão prontamente , mas irão muito rapidamente experimentar a verdade dessas palavras em sua própria vida pessoal. Por outras descobertas feitas , você já sabe como é forte o funcionamento de sua mente subconsciente , como ela percorre com astúcia seus caminhos destrutivos e ilógicos.

A REVIVESCÊNCIA DAS FERIDAS DA INFÂNCIA
Se aprender a observar seus problemas e sua não-realização sob este ponto de vista e se seguir o processo de expor suas emoções , você obterá uma grande percepção intuitiva. Mas , será necessário reviver o anseio e as feridas da criança chorona que você foi uma vez , embora fosse também uma criança feliz. Sua felicidade pode ter sido válida e livre de decepções frente a si mesmo. Pois é possível ser feliz e infeliz ao mesmo tempo. Você pode estar agora perfeitamente consciente dos aspectos felizes de sua infância ,  mas aquilo que o feriu profundamente e aquele algo a que você aspirou intensamente – sem nem mesmo saber bem o quê – disso você não estava consciente. Você assumiu a situação como definitiva. Você não sabia o que estava faltando ou mesmo que houvesse algo faltando. Essa infelicidade fundamental precisa voltar à consciência agora , se você de fato deseja continuar seu desenvolvimento interior. Você tem de reviver a dor aguda que uma vez experimentou mas que escondeu de sua visão. Agora você precisa contemplar essa dor com a consciência da compreensão que adquiriu. Somente agindo assim é que você compreenderá o valor da realidade dos seus problemas atuais e passará a vê-los sob a verdadeira luz.
Mas , como você pode reviver mágoas tão antigas ? Só existe um jeito. Considere um problema do momento. Remova dele todas as camadas sobrepostas de suas reações. A primeira e mais importante camada , a que está mais a mão , é a da racionalização , aquela que “prova” que os outros , ou as situações , é que são os culpados ; por ela , não são seus conflitos mais íntimos que fazem você assumir a atitude errônea com relação ao problema real com que você se defronta. A camada seguinte pode representar a raiva , o ressentimento , a ansiedade , a frustração. Sob qualquer dessas reações você encontrará a ferida produzida pela falta de amor. Ao experimentar a mágoa de não ser amado em sua situação presente , essa ferida reacenderá o sofrimento da infância. Ao mesmo tempo que enfrenta a mágoa presente , olhe para trás e tente reconsiderar a situação com seus pais : o que eles lhe deram , como você se sentiu realmente com relação a eles. Você perceberá que em vários sentidos lhe faltou alguma coisa que nunca viu claramente antes – você não quis ver.
Você se dará conta de que isso deve tê-lo magoado quando era criança , mas pode ter se esquecido essa mágoa num nível consciente. Acontece , porém , que você não esqueceu , absolutamente. A ferida do seu problema atual é exatamente a mesma ferida de então. Faça isso , reavalie sua ferida atual , comparando-a com a mágoa da infância. Você verá claramente que se trata de uma só e da mesma ferida. Por mais verdadeira e compreensível que seja sua dor presente , ela é a mesma da infância. Num segundo momento , você perceberá como contribuiu para dar origem ao sofrimento presente devido a seu desejo de corrigir a dor da infância. Mas no começo , você apenas precisa sentir como os dois sofrimentos são semelhantes. Isto , porém exige um grande esforço , porque existem muitas emoções que encobrem a dor do presente e também a do passado. Você não compreenderá nada nesse sentido sem antes ter êxito na cristalização da dor que está vivendo agora.
Uma vez que você sincronize esses dois sofrimentos e perceba que são um só e o mesmo , o passo seguinte será muito mais fácil. Então , percebendo o padrão repetitivo em suas várias dificuldades , você aprenderá a reconhecer as semelhanças entre seus pais e as pessoas que lhe causaram sofrimentos ou que o estão magoando agora. O fato de experimentar essas semelhanças emocionalmente o fará avançar no caminho para a dissolução desse conflito básico. A mera avaliação intelectual não produzirá nenhum benefício. Para ser frutífero e produzir resultados efetivos , o processo de renunciar à recriação deve ir além do mero conhecimento intelectual. Você deve permitir-se sentir o sofrimento de certas não-realizações de agora e também da sua infância e comparar as duas até que , como duas tomadas fotográficas , elas gradualmente se dirijam para o foco e se tornem uma. Através da vivência do sofrimento de agora e do passado, lentamente você chegará a compreender como pensou que tinha de escolher a situação atual porque eu seu íntimo você absolutamente não admitia a “derrota”. Quando isso acontecer , a percepção intuitiva que você obtém e a experiência que sente exatamente como expomos aqui , lhe permitirão dar o passo seguinte.
É desnecessário dizer que muitas pessoas não têm consciência de nenhum sofrimento , passado ou presente. Elas prontamente o afastam de sua visão. Seus problemas não aparecem como “sofrimento”. Para elas , a primeira coisa a fazer é conscientizar-se de que esse sofrimento existe e que fere infinitamente mais enquanto permanecerem inconscientes dele. Muitas pessoas têm medo desse sofrimento e acreditam que por ignorá-lo podem fazê-lo desaparecer. Tais pessoas escolheram essa formas de alívio apenas porque seus conflitos se tornaram grandes demais para elas. Quão maravilhoso é escolher esta opção com a sabedoria e a convicção de que um conflito oculto , a longo prazo , causa tanto malefício quanto um conflito exposto. Então , elas não terão medo de desenterrar a emoção verdadeira e , até na experiência temporária do sofrimento , sentirão que naquele momento ele se transforma num sofrimento saudável , livre de amargura , de tensão , de ansiedade e de frustração.
Há também os que toleram o sofrimento , mas de uma maneira negativa , sempre esperando que ele seja aliviado de fora. De certo modo , essas pessoas estão mais próximas da solução porque será mais fácil para elas perceber como o processo infantil ainda funciona. O exterior é o pai ou mãe ofensor , ou ambos os pais , projetado em outros seres humanos. Elas apenas precisam redirecionar o enfoque para seus sofrimentos. Elas não têm necessidade de desenterrá-los.

COMO DEIXAR DE RECRIAR ?
Só depois de experimentar todas essas emoções e depois de sincronizar o “agora” e o “então” é que você se conscientizará do modo como procurou corrigir a situação. Você perceberá a tolice do desejo inconsciente de recriar a mágoa da infância , sua inutilidade frustrante. Você passará a avaliar todas suas ações e reações com essa nova compreensão e percepção intuitiva , o que lhe permitirá libertar-se de seus pais. Sua infância ficará realmente para trás e outro comportamento assumirá o lugar do anterior , um comportamento novo , interior , infinitamente mais construtivo e recompensador para você e para os outros. Sua tentativa de controlar a situação que não conseguiu controlar quando criança , deixará de existir. Você prosseguirá a partir do ponto em que se encontra , esquecendo e perdoando sinceramente dentro de você , sem nem sequer pensar que agiu assim. Não haverá mais necessidade de ser amado como quando você era criança. Primeiro, surge a percepção de que é isto que você ainda quer , mas logo você deixa de buscar esse tipo de amor. Por não ser mais uma criança , sua procura será a de um amor diferente , oferecendo-o em vez de esperá-lo. Sempre se deve enfatizar , entretanto , que muitas pessoas não têm consciência de que o esperam. O fato de a expectativa infantil , inconsciente , ter sido tantas vezes frustrada , fez com que se auto-induzissem a desistir de toda expectativa e desejo de amor. Obviamente , não há nisso verdade nem proveito : trata-se apenas de um extremo errôneo.
É da maior importância que todos vocês trabalhem este conflito interior , para que obtenham uma nova visão e uma maior clareza na busca de si mesmos . Inicialmente , pode acontecer que essas palavras provoquem em você apenas um lampejo ocasional , uma emoção que se irradia momentaneamente , mas devem ser de ajuda e abrir uma porta que os ajude a se conhecerem  melhor e que os faça chegar a uma avaliação de sua vida a partir de uma visão mais realista e mais madura.
Quando escrevíamos este artigo, nos veio duas perguntas pertinentes que achamos importante responder.
Por exemplo , aquela pessoa que tem muita dificuldade em compreender que uma pessoa escolha de modo contínuo um objeto de amor que tenha exatamente as mesmas tendências negativas presentes no pai ou na mãe. É verdade que essa pessoa em particular tem essas tendências ? Ou trata-se de projeção e reação ?
Pode ser ambas as coisas ou pode ser uma ou outra. Na verdade , em geral trata-se de uma combinação. A pessoa procura inconscientemente alguns aspectos e os encontra , e são realmente semelhantes. Mas as semelhanças existentes são ampliadas pela pessoa que está procedendo à recriação. Não se trata apenas de qualidades projetadas que não se fazem realmente presentes ; são latentes em certo grau sem serem manifestas. Estas são estimuladas e vigorosamente postas em evidência pela atitude da pessoa com o problema interior não percebido. A pessoa estimula algo na outra provocando uma reação que é semelhante à do pai ou mãe. Apesar de ser totalmente inconsciente , a provocação é um fator da maior importância aqui.
A personalidade humana é um todo constituído de muitos aspectos. Desses , digamos três ou quatro podem efetivamente assemelhar-se a algumas características do pai ou mãe do recriador. A mais destacada seria uma semelhança de imaturidade e de incapacidade de amar. Só isso já e suficiente e , em essência , forte o bastante para reproduzir a mesma situação.
A mesma pessoa não reagirá diante de outros como reage com relação a você porque é você que constantemente a provoca , reproduzindo assim condições semelhantes às da sua infância para que você possa corrigi-las. Seu medo , sua autopunição , sua frustração , sua raiva , sua hostilidade , seu retraimento em dar amor e afeição , todas essas tendências da criança em você , constantemente provocam a outra pessoa e ampliam a reação proveniente da parte fraca e imatura. Entretanto , uma pessoa mais madura afetará os demais de modo diferente e extrairá deles o que é maduro e inteiro , pois não existe pessoa que não tenha alguns maduros.
Uma segunda pergunta que nos veio é : como posso distinguir se é a outra pessoa que me provoca ou sou eu que a provoco ?
Não é preciso saber quem começou tudo , pois trata-se de uma reação em cadeia , de um círculo vicioso. É bom começar por perceber sua própria provocação , talvez em reação a uma provocação manifesta ou oculta de outra pessoa. Assim , você perceberá que provoca a outra pessoa porque foi provocado. E porque você age assim , o outro também reage na mesma moeda. Mas se examinar a razão profunda , não a superficial , o motivo por que foi magoado inicialmente e em seguida provocou , de acordo com o artigo , você não irá mais considerar essa mágoa como algo desastroso. Sua reação à mágoa será diferente e , como conseqüência , esta irá diminuir automaticamente. Assim , você não terá mais necessidade de provocar a outra pessoa. Também é fundamental informar que a mágoa é um comportamento sempre do ego , porque o Eu Superior ou alma jamais se magoa ou se sente ofendido. Portanto, se você se magoa é o seu ego pequeno que está te dominando, por isso fique atento. Além disso , visto que a necessidade de reproduzir a situação da infância diminuiu , você se tornará menos retraído e magoará os outros de forma menos freqüente , de modo que estes não precisarão mais provocá-lo. Se o fizerem , você terá condições de compreender , agora , que reagiram com base nas mesmas necessidades infantis , cegas , que impulsionaram você. Agora você pode ver como atribui motivos diferentes à provocação da outra pessoa , motivos diferentes dos que atribui à sua própria provocação , mesmo que e quando realmente percebe que foi você quem deu início à provocação. À medida que você amplia sua visão sobre sua própria mágoa , entendendo sua verdadeira origem , você obtém o mesmo distanciamento da reação da outra pessoa. Você encontrará exatamente idênticas reações em si mesmo e no outro. Enquanto o conflito da criança continuar sem solução em seu interior , a diferença parece enorme , mas ao perceber a realidade , você começará a romper o círculo vicioso.
Sua percepção dessa mútua influência aliviará o sentimento de isolamento e de culpa de que você está sobrecarregado. Você está constantemente oscilando entre sua culpa e sua acusação de injustiça que dirige aos que estão ao seu redor. A criança em você se sente totalmente diferente dos outros , num mundo todo seu. Ela vive numa ilusão prejudicial enorme. À medida que resolver este conflito , sua consciência das outras pessoas aumentará. Mas no momento , você está totalmente inconsciente da realidade das outras pessoas. Por um lado , você as acusa e é magoado por elas porque não compreende a si mesmo  e , por conseqüência , não as compreende. Por outro lado , e ao mesmo tempo , você se recusa a conscientizar-se quando fica magoado. Isto parece paradoxal , mas não é. Quando experimentar por si mesmo as interações apresentadas neste artigo , você descobrirá que isto é verdade. Enquanto você , as vezes , exagera na grandeza de alguma mágoa , outras vezes não se permite sequer saber que ela aconteceu , porque pode ocorrer que isso não se adapte ao quadro que você esboçou da situação toda. A mágoa pode prejudicar a idéia que você fazia a respeito de si mesmo , ou pode não corresponder ao seu desejo no momento. Se a situação parecer favorável e se se adaptar à sua idéia preconcebida , você omite tudo o que o desagrada , deixando que corroa por baixo e crie hostilidade inconsciente. Toda essa reação inibe suas faculdades intuitivas , pelo menos no que diz respeito a esta questão em particular.
A constante provocação que acontece entre os seres humanos , enquanto oculta de sua consciência agora , é uma realidade que você chegará a perceber com muita clareza. O resultado será um efeito totalmente libertador em você mesmo e nas circunstâncias ao seu redor.

SHAUMBRA e NAMASTÊ !!!




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