A confiança onde o "eu" não se torna importante
autoconhecimento

A confiança onde o "eu" não se torna importante


Por que desejais admiração? Porque o ser admirado vos faz feliz, dá-vos estímulo, faz-vos trabalhar melhor. Desejais que vos estimulem por não vos sentir seguro em vós mesmo, e necessitais, por isso, do amparo dos outros; e sois susceptíveis à crítica porque ela vos revela o que sois.

Tal é a razão porque estais sempre fugindo à crítica e desejoso de admiração, de estímulo, de lisonja; assim, mais uma vez, vos vedes envolvido na batalha do querer e do não querer.

Tudo isso indica, sem dúvida, uma pobreza interior do vosso ser, não é verdade? Não há um sentimento profundo de confiança.

Não me refiro à arrogante confiança da experiência, que é apenas um meio de fortalecer o "eu" e, portanto, sem muita significação. Refiro-me à confiança que resulta de compreenderdes a vós mesmo, do perceberdes todo o significado da admiração, do estímulo, da crítica.

A compreensão de vós mesmo não depende de ninguém; ela se apresentará se estiverdes muito vigilante, atento, encontrando-vos com o que é em cada momento que passa e abstendo-vos de julgá-lo.

O autoconhecimento proporciona uma confiança em que o "eu" não se torna importante. Não é a confiança do "eu" que acumulou considerável experiência, ou do "eu" que possui um grande depósito no banco, ou do "eu" que tem um vasto cabedal de conhecimentos. Nisso não existe confiança e, sim, só é sempre, temor.

Entretanto, quando a mente começa a tornar-se cônscia de si mesma e das suas reações, quando percebe todas as suas atividades, momento por momento, sem inclinação para a comparação ou o julgamento, então, desse conhecimento, resulta uma confiança inteiramente livre do "eu".

Essa mente não busca a admiração nem evita a crítica; já não lhe importa nem uma nem outra coisa, pois a cada momento encontra libertação na compreensão do que é. O que é é a reação, a réplica, o impulso, o desejo da mente, em qualquer momento dado; e se observardes realmente o que é, se vos tornardes cônscios de todo o seu conteúdo, sentireis a presença de uma liberdade extraordinária, manifestando-se sem que a mente a tenha procurado.

Quando a mente busca a liberdade, o que está querendo é livrar-se de alguma coisa, e isso não é liberdade nenhuma, senão, unicamente, uma reação semelhante à revolução política, que é uma reação contra o regime vigente.

A liberdade surgida com a compreensão do que é, não representa reação contra alguma coisa; é uma libertação criadora e, por conseguinte, completa em si mesma.

Mas a compreensão do que é exige muito discernimento, muita tranquilidade mental. A liberdade não resulta de nenhuma espécie de compulsão, de nenhuma atração, de nenhum desejo; pode manifestar-se, apenas, quando a mente percebe sem julgamento, sem escolha, de modo que a cada momento se vê a si mesma tal como é.

A mente que busca liberdade nunca a encontrará, pois procurar liberdade significa barrar, afastar o que é; mas, quando a mente começa a compreender o que é, sem escolha, essa própria compreensão produz uma descarga criadora, que é liberdade.

A liberdade é impar, ela é a verdadeira individualidade, e nela se encontra a bem-aventurança.

Krishnamurti — Percepção Criadora





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