Capacidade de apreciar: uma promessa do paradigma holotrópico
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Capacidade de apreciar: uma promessa do paradigma holotrópico


As pessoas desenvolvem uma sensação geral de que a vida é digna de confiança, e não algo a ser combinado ou repelido. Podem se sentir mais tranquilas, relaxadas e satisfeitas com o que têm e em geral apreciam a vida. Depois de terem encontrado numerosas áreas difíceis dentro de si mesmas, essas pessoas emergem frequentemente com uma apreciação profunda da vida. Se viram a morte de perto, a vida torna-se mais valiosa, por contraste, e são capazes de reconhecer e observar aspectos do viver que antes tinham negligenciado. 

Depois de uma crise de transformação, muitas pessoas passam a se voltar mais para o momento presente. Antes podem ter gasto muito tempo vivendo no passado ou preocupadas com o futuro. Devem ter se sentido conduzidas, competitivas ou com um objetivo determinado. Elas têm-se levado muito a sério, preocupadas em demonstrar seu valor constantemente ou seguindo em frente. Tendo alcançado o sucesso, estavam com certeza insatisfeitas, sentindo que havia sempre algo mais a fazer. 

Agora podem sentir menos impulso para provar algo para o mundo já que suas necessidades interiores foram, em geral, atendidas. Por se tornarem livres para aproveitar o momento presente e o que ele oferece, sua orientação obsessiva para um objetivo está menos acentuada. Purificando as energias frenéticas e emoções perturbadoras, muitas pessoas se sentem mais felizes com o que está ao seu alcance e são atraídas pelos aspectos simples e descomplicados da vida. 

Pode-se desenvolver novos interesses no cultivo da tranquilidade e de atividades pacíficas. No passado a pessoa pode ter sido bem-sucedida na agitação ou no drama. Agora ela descobre o que é a verdadeira paz de espírito e se interessa por alimentá-la e desenvolvê-la. Essa pessoa é, em geral, mais capaz de desfrutar da solicitude e de sentir mais apreço pelos seres humanos. O tempo que passa sozinha é qualitativamente diferente do isolamento doloroso e da solidão que ela pode ter sentido anteriormente. Pessoas assim agora podem aproveitar tempos tranquilos de reflexão, de meditação e criatividade. Esse tempo solitário pode se tornar essencial e um elemento importante, um tempo em que podem se religar consigo mesmas e com seus atributos positivos. 

Sentindo-se mais aceitas e satisfeitas consigo mesmas, muitas pessoas também desfrutam mais completamente do contato com os outros. estão menos preocupadas com a questão de como as pessoas irão aceitá-las, de como devem se apresentar ou se serão bem-sucedidas. Ao contrário, em geral elas costumam agir fora de um senso básico de contentamento e de auto-imagem afirmativa e são mais capazes de aceitar os outros e de se relacionar com suas qualidades positivas. 

Podem também sentir que sua percepção foi purificada e que têm uma grande apreciação sensorial do mundo que as cerca. Podem achar que são capazes de vivenciar seu ambiente com mais lucidez, como se seus sentidos tivessem sido aguçados, com uma apreciação maior por detalhes. O mundo parece estar vivo e cheio de riquezas. A música parece ter, de repente, dimensões maiores, e o sabor da comida parece especialmente bom. Antes, se alguém visitava o deserto, podia ser e sentir apenas morte e aridez; agora, a mesma pessoa pode lá estar seletivamente consciente do grande número de formas de vida, do extraordinário espectro de sons, do aspecto exterior das rochas e da vastidão do espaço. 

Algumas pessoas descobrem que podem pensar mais claramente e que de repente têm acesso a fontes de criatividade intactas em seu interior. Podem encontrar novos e imaginativos modos de conceituar a transmitir ideias ou de sentir uma nova corrente de inspiração artística interior. Podem se dedicar a atividades como escrever, pintar, dançar ou cantar, ou podem encontrar novas saídas em seus trabalhos.

(...) Durante uma emergência espiritual muita coisa, ou talvez tudo, muda. O curso é muitas vezes tempestuoso e difícil de navegar, mas isso leva finalmente à paz e à liberdade interior. Voltando para casa, você pode cortar sua madeira e carregar sua água, mas de um modo totalmente novo. E ainda que você possa estar bem consciente de que a iluminação ainda está à sua espera, o caminho que você tem de percorrer estará cada vez mais iluminado.

Stanislav Grof em, A Tempestuosa Busca do Ser





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