Krishnamurti - Que base tenho para pensar, se não conheço a mim mesmo?
autoconhecimento

Krishnamurti - Que base tenho para pensar, se não conheço a mim mesmo?


Sem conhecer integralmente o "processo" das minhas relações, nos seus diferentes níveis, o que penso e o que faço não tem nenhum valor. Que base eu tenho para pensar, se não conheço a mim mesmo? Temos tanto desejo de agir, tanto emprenho em fazer alguma coisa, em realizar alguma espécie de revolução, alguma espécie de melhoria, alguma modificação no mundo; mas sem conhecermos o nosso próprio funcionamento (processo), tanto na periferia como no interior, nos falta toda a base para a ação e o que fazemos não pode deixar de criar mais sofrimento e mais luta. A compreensão de nós mesmos não se consegue pelo processo de nos retirarmos da sociedade, ou de nos recolhermos numa torre de marfim. Se você e eu nos dedicarmos a estudar o assunto  com toda a atenção e de maneira inteligente, veremos que só podemos compreender a nós mesmos em relação e não no isolamento. Ninguém pode viver no isolamento. Viver é estar em relação. É só no espelho das relações que compreendo a mim mesmo — o que significa que devo estar sempre sobremodo atento, em todos os meus pensamentos, sentimentos e ações, na vida de relação. Não constitui isso um processo difícil nem empreita sobre-humana; e, como acontece com todos os rios, se bem que a nascente seja quase imperceptível, as águas vão ganhando ímpeto, no seu curso, à medida que vão se aprofundando. Se, neste mundo louco e caótico, você se empenhar naquele processo, avisadamente, com atenção, com paciência, sem condenar, verá como ele começa a ganhar ímpeto, independentemente da questão de tempo.
A verdade existe minuto por minuto, na vida de relação, e temos de vê-la em cada ato, cada pensamento e cada sentimento que surge em nossas relações. A verdade não é coisa que se possa acumular, armazenar; temos de achá-la de novo, no pensamento e no sentimento, a cada instante — o que não representa um processo cumulativo e, por conseguinte, não depende do tempo. Quando você diz que, com o tempo, compreenderá, graças à experiência ou ao saber, está justamente impedindo a compreensão, porque esta não resulta de acumulação alguma. Você pode acumular saber, mas isso não é compreensão. A compreensão surge quando a mente está livre do conhecimento. Quando a mente não exige a satisfação de desejos, quando não procura experiência, há tranquilidade; e quando a mente está tranquila, só então haverá compreensão. Só quando você e eu estamos verdadeiramente dispostos a ver claramente as coisas tais como são, é que nos é oferecida a possibilidade de compreensão. A compreensão vem, não por meio de disciplinamento, de compulsão, de coerção, mas, sim, quando a mente está tranquila e disposta a ver as coisas com lucidez. A serenidade da mente nunca se pode conseguir por meio da compulsão, sob qualquer forma, consciente ou inconsciente; tem de ser espontânea. A liberdade não está no fim, mas no começo; porque o fim e o começo não são diferentes, o meio e o fim são idênticos. O começo da sabedoria é a compreensão do processo total de nós mesmos, e esse autoconhecimento, essa compreensão, é meditação.  
Krishnamurti - Que estamos buscando? - ICK




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