LUZES DO MUNDO - FRITJOF CAPRA
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LUZES DO MUNDO - FRITJOF CAPRA





FRITJOF CAPRA - O FISICO DA ALMA



Nascido a 1 de fevereiro de 1939 e tendo obtido seu título de Doutor em Física pela Universidade de Viena em 1966, aos 27 anos, o austríaco Fritjof Capra é, sem dúvida, um dos nomes mais significativos na divulgação da vanguarda dos progressos da ciência, da filosofia e, unindo tudo isso com consciência, principalmente da ecologia em nossos dias, indo, porém, sua contribuição muito além da mera popularização dos avanços da ciência moderna.

Após ter recebido seu PH.D. em física teórica pela Universidade de Viena em 1966, Capra fez a pesquisa em física de partículas na Universidade de Paris (1966-68), esteve na Universidade de Califórnia em Santa Cruz (1968-70), no Accelerator linear do Centro de Stanford (1970), na faculdade imperial, na Universidade de Londres (1971-74), e no laboratório de Lawrence Berkeley na Universidade de Califórnia (1975-88). Ensinou também na Universidade do Estado de Santa Cruz, de Berkeley, e de São Francisco

Seu nome está intimamente vinculado, de modo explícito, ao surgimento de uma nova maneira de se entender a ciência e, desta forma, de se compreender a realidade que surge, espontaneamente, do questionamento atualmente presente em várias vertentes da ciência e da arte, envolvendo o modo como interpretamos a realidade e de como esta interpretação afeta nosso comportamento frente a nós mesmos e a natureza.


Capra é físico, mas seu trabalho há muito transcende os limites desta ocupação. Cientista, ambientalista, educador e ativista, Capra surgiu para o mundo após lançar O Tao da Física, no qual discorria sobre os paralelos, a princípio impossíveis, entre a física quântica e o misticismo oriental. 

Junto com outros cientistas, como Stanislav Grof e David Bohm, entre outros, compõem o chamado novo paradigma, onde os cientistas mergulham no estudo das possíveis inter-relações da ciência com certas correntes do misticismo oriental.

Capra tornou-se mundialmente famoso com seu O Tao da física, traduzido para vários idiomas. Nele, traça um paralelo entre a física moderna (relatividade, física quântica, física das partículas) e as filosofias e pensamentos orientais tradicionais, como o taoísta de Lao Tsé, o Budismo (incluindo o Zen) e o Hinduismo. 

Surgido nos anos 60, O Tao da física busca os pontos comuns entre as abordagens oriental e ocidental da realidade. Foi recebido com enormes críticas pelo campo ortodoxo tanto da religião, quanto das ditas ciências atuais, as quais desaprovaram das propostas de Capra em seu livro.

Desde que lançou o best-seller O Tao da Física, no final dos anos 60, Fritjof Capra abriu um novo capítulo em sua biografia. Ao relacionar aspectos do zen oriental com a física quântica, Capra entendeu que o grande desafio da ciência contemporânea era a aceitação da sua não-linearidade: a forma como se move a própria teia da vida, em diferentes direções.


Estabeleceu-se no posto de pensador holístico com O Ponto de Mutação, explorando as mudanças no paradigma social que acompanham as descobertas científicas. 

Tornando-se referência para o pensamento sistêmico: O Ponto de Mutação, cujo nome foi extraído de um hexagrama do I Ching, Capra compara o pensamento cartesiano, reducionista, modelo para o método científico desenvolvido nos últimos séculos, e o paradigma emergente do século XX, holista ou sistêmico (que vê o todo como indissociável, de modo que o estudo das partes não permite conhecer o funcionamento do organismo), em vários campos da cultura ocidental atual, como a medicina, a biologia, a psicologia e a economia.

No livro O Ponto de Mutação,  Fritjof Capra expõe maravilhosamente bem como a revolução da física moderna é o prenúncio de uma revolução muito maior, pronta para acontecer em todas as ciências, transformando radicalmente nossos valores e visão de mundo. 


Ou seja, a obra de Capra reflete todo um clima intelectual e espiritual que atualmente emerge em todo o mundo. Em pensar uma nova maneira mais sensível e significativa de entendimento, propício a uma mudança fundamental da compreensão humana quanto à natureza do conhecimento científico, quer na esfera das ciências físicas, quer na esfera das ciências biológicas e humanas, o que pode implicar, em linhas gerais, uma extraordinária - embora ainda não muito bem sentida e/ou pouco avaliada - transformação cultural. 

Mas em todo este contexto, esta grande tapeçaria de fios interlaçados, o nome de Fritjof Capra se destaca como sendo o ponto de junção destes vários pensamentos e tendências afins.


Quando mais jovem, curioso e independente, Capra se deixou levar pela singularidade dos movimentos sociais e pela explosão contestatória dos anos 60, a época da "Revolução das Mentalidades", que representava a reação da juventude e de outros setores da sociedade a todo um aspecto de uma estrutura econômico-social que não estava satisfazendo às aspirações humanas mais profundas.

Em virtude de seu engajamento juvenil ao clima de contestação dos anos 60, que procurava romper os limites e convenções sociais de então -  Capra, assim como vários outros, como os Beatles, sentiu-se estimulado a estudar e, acima de tudo, vivenciar formas não ocidentais de percepção do mundo e de resgatar os valores e culturas de povos ou etnias consideradas por nossa arrogância como exóticas ou "inferiores" aos do ocidente industrial. 

Daí seus profundos estudos sobre a filosofia oriental e das tradições culturais xamânicas e indígenas de outras culturas não ocidentais. Tudo isso, toda essa aproximação com o diferente, porém, feita sem negligenciar, por um só momento, das tradições e do desenvolvimento intelectual do ocidente, naquilo que ele tem de melhor. 


Nunca abandonou suas pesquisas em Física de alta energia e realizou várias delas em universidades como as de Paris, Santa Cruz, Imperial College de Londres e Berkeley. Além disso, ele começou a experienciar algumas abordagens orientais de meditação e exercícios tais como o T'ai Chi Ch'uan e a Yoga, a conhecer o pensamento de filósofos orientais contemporâneos, como Krishnamurti, bem como participar de alguns grupos de encontro naquilo que se chamaria de Psicologia Humanista e em debates sobre Ecologia com pessoas que buscavam experienciar formas alternativas de convivência, de sentir e compartilhar com outros, vivenciando mais plenamente o contato interpessoal, num aspecto que era típico da segunda metade dos anos 60, e que tão forte participação tivera nos movimentos políticos de então.

O Tao da Física




Quando a Física do século 20 avançou sobre as fronteiras do que hoje é conhecido como Mecânica Quântica, alguns indivíduos inteligentes perceberam que havia uma conexão entre as implicações da física quântica e as idéias místicas do Extremo Oriente. 

Nos estágios iniciais da ciência ocidental moderna, começando com Copérnico, passando pelo tempo de Galileu e culminando com Newton, a ciência se revoltou contra a autoridade religiosa da Igreja medieval, que tinha acolhido Aristóteles. 

A Ciência concebeu um Universo que podia ser mecanicamente objetivado, um Cosmos de "gravetos e pedras" que poderia ser medido de forma racional e previsível. Embora Newton e outros cientistas acreditassem num Deus transcendente, que criou o Cosmos, o paradigma do pensamento científico, estabelecido no final do século 17, e que ainda perdura nos dias de hoje, resultou, unicamente, numa visão materialista-metafísica, que denigre a religião tradicional e qualquer visão espiritual da realidade. 

Na primeira metade do século 20, quando a física alcançou um estágio, onde se tentava ver além do átomo, para revelar a "coisa" essencial da qual o universo é feito, ela se viu forçada a chegar a conclusões surpreendentes. Apesar de o Universo parecer sólido, mensurável, objetivo e previsível, num determinado nível de experimentação, quando os físicos tentaram estudar as partículas sub-atômicas e "quânticas", eles descobriram estar lidando com um ''reino'' que não podia ser descrito como material. 


Em vez disso, a natureza última do Universo parecia ser feita de manifestações complexas de energia, operando numa teia imprevisível de padrões, que era inseparável das perspectivas subjetivas dos indivíduos fazendo os estudos. Apesar de aparentemente material e visível em um nível, em última instância, a "coisa" básica do universo é imaterial e invisível. 

Enquanto isso não provava a teologia das doutrinas religiosas do ocidente, alguns cientistas perceberam que tinham caído bem no colo das percepções fundamentais das tradições místicas do Hinduísmo (Vedas), Budismo e Taoísmo. 

Por muitos séculos, estas tradições falaram dessas coisas, como a complementaridade dos princípios opostos e consideravam o universo físico como sendo uma ilusão criada pela percepção condicionada do ser humano, e não uma realidade absoluta em si mesma. 

No seu livro, Capra explica sistematicamente as implicações da física quântica e também discute o Hinduísmo, o Budismo, o pensamento Chinês, o Taoísmo e o Zen. Em seguida, ele explica os paralelos que a física quântica tem com cada uma destas formas de misticismo oriental. 

Embora não tenha havido uma corrida em larga escala de físicos quânticos aos monastérios Zen ou aos eremitérios hindus, Capra aponta que o inclíto Nils Bohr, como um exemplo excelente, adotou o símbolo do Taoísmo do Yin e Yang em seu brasão pessoal de armas. 

Capra, apesar de muito influente, não é o único pensador que trabalhou neste assunto, ele mesmo explica. Outros, tais como Gary Zukav e Michael Talbot (para citar apenas outros dois) escreveram livros fascinantes sobre este tópico. Além disso, nem todo físico teórico interpreta a física quântica como uma forma de misticismo. No entanto, as conclusões elaboradas por Capra se enraizaram em nossa cultura e tem ajudado a sugerir uma interrelação mais próxima da ciência com a espiritualidade.

Prefácio - Tao da Física


"Tive, há cinco anos, uma experiência arrebatadora, que me conduziu à escrita deste livro. Estava sentado à beira-mar, num fim de tarde de Verão, vendo as ondas surgirem e sentindo o ritmo da minha respiração, quando repentinamente dei conta do desenvolvimento de todo o meu meio ambiente numa gigantesca dança cósmica. Sendo um físico, eu sabia que a areia, rochas, águas e ar que me rodeavam são feitas de moléculas e átomos vibrantes, e que estes consistem em partículas que interagem umas com as outras, criando e destruindo outras. Sabia também que a atmosfera da Terra é continuamente bombardeada por «raios cósmicos», partículas de alta energia que provocam múltiplas colisões à medida que penetram no ar. Tudo isto me era familiar pela minha investigação na física das altas energias, mas até ali só tinha sentido isso através de gráficos, diagramas e teorias matemáticas. Sentado na praia, as minhas anteriores experiências vivificavam-se; «vi» cascatas de energia descendo de um espaço externo, onde as partículas eram criadas e destruídas ritmicamente; «vi» os átomos dos elementos e os do meu corpo participando nesta dança cósmica de energia; «senti» o meu ritmo e «ouvi» o seu som, e nesse momento soube que era a Dança de Shiva, o Senhor dos Dançarinos adorado pelos hindus."

"Eu passara por um longo treinamento em Física teórica e pesquisara durante vários anos. Ao mesmo tempo, tornara-me interessado no misticismo oriental e começara a ver paralelos entre este e a Física moderna. Sentia-me particularmente atraído pelos desconcertantes aspectos do Zen que me lembravam os enigmas da Física Quântica (...)



"(...) Considero a ciência e o misticismo como manifestações complementares da mente humana, de suas faculdades intelectuais e intuitivas. O físico moderno experimenta o mundo através de uma extrema especialização da mente racional; o místico, através de uma extrema especialização de sua mente intuitiva. As duas abordagens são inteiramente diferentes e envolvem muito mais que uma determinada visão de mundo físico. Entretanto, são complementares, como aprendemos a dizer em Física. Nenhuma pode ser realmente compreendida sem a outra; nenhuma pode ser reduzida à outra. Ambas são necessárias, suplementando-se mutuamente para uma compreensão mais abrangente do mundo. Parafraseando um antigo provérbio chinês, os místicos compreendem as raízes do Tao mas não os seus ramos; os cientistas compreendem seus ramos, mas não as suas raízes. A ciência não necessita do misticismo e este não necessita daquela; o homem, contudo, necessita de ambos. A experiência profunda da mística é necessária para a compreensão da natureza mais profunda das coisas, e a ciência é essencial para a vida moderna. Necessitamos, na verdade, não de uma síntese, mas de uma interação dinâmica entre intuição mística e a análise científica" 


 O Ponto de Mutação


Neste livro, Capra investiga as implicações e impactos do que tomava a forma de uma mudança de paradigmas, como havia previsto e estudado o físico Thomas Kuhn, mais de 20 anos antes. O ponto de partida desta investigação foi a observação de que os principais problemas visíveis do século XX - ameaça nuclear, destruição do meio ambiente, desigualdades e exploração gritante entre Norte e Sul, preconceitos políticos e raciais, etc. - são todos sintomas ou aspectos diversos do que, no fundo, não passa de uma única crise fundamental, que é uma crise de percepção, uma percepção distorcida baseada no individuais e na separatividade entre pessoas, coisas e eventos.

A nova concepção do universo físico não foi facilmente aceita, em absoluto, pelos cientistas do começo do século. A exploração do mundo atômico e subatômico colocou-os em contato com uma estranha e inesperada realidade que parecia desafiar qualquer descrição coerente. Em seu esforço de apreensão dessa nova realidade, os cientistas tornaram-se irremediavelmente conscientes de que seus conceitos básicos, sua linguagem e todo o seu modo de pensar eram inadequados para descrever fenômenos atômicos. 

Seus problemas não eram meramente intelectuais; remontavam ao significado de uma intensa crise emocional e, poderíamos dizer, até mesmo existencial. Foi preciso muito tempo para que superassem essa crise, mas, no final, foram recompensados por profundos insights sobre a natureza da matéria e sua relação com a mente humana.


Após uma época de decadência vem o ponto de transição. A luz poderosa que tinha sido banida retorna. Porém este movimento não é provocado pela força. (...) o movimento é natural e surge espontaneamente. Por isso, a transformação do antigo torna-se fácil.

O velho é descartado e o novo, introduzido. Ambos os movimentos estão de acordo com as exigências do tempo e, portanto, não causam prejuízos. Formam-se associações de pessoas que têm os mesmos ideais. Como tal grupo se une em público e está em harmonia com o tempo, os propósitos particulares e egoístas estão ausentes, e assim erros são evitados. A idéia de retorno baseia-se no curso da natureza. O movimento é cíclico e o caminho se completa em si mesmo. Por isso não é necessário precipitá-lo artificialmente. Tudo vem de modo espontâneo e no tempo devido. Esse é o sentido do céu e da terra.”

Estamos assistindo a própria ciência a nos "mostrar" Deus.


A Teia da Vida



“Todos os seres vivos são membros de comunidades ecológicas ligadas umas às outras numa rede de interdependência.” -Capra

No livro  A Teia da Vida, Capra retoma a visão de interligação ecológica de todos os eventos que ocorrem na Terra e da qual fazemos parte, de forma fundamental. 

O novo paradigma concebeu uma visão de mundo holística – um mundo como um todo integrado, também podendo ser entendida como uma visão ecológica. A percepção ecológica profunda reconhece a interdependência fundamental de todos os fenômenos: ela vê o universo não como uma coleção de objetos isolados, mas como uma rede de fenômenos que estão fundamentalmente interconectados e são interdependentes. A ecologia profunda reconhece o valor intrínseco de todos os seres vivos e concebe os seres humanos apenas como um fio particular da teia da vida.


"O novo paradigma que emerge atualmente pode ser descrito de várias maneiras. Pode-se chamá-lo de uma visão de mundo holística, que enfatiza mais o todo que as suas partes. Mas negligenciar as partes em favor do todo também é uma visão reducionista e, por isso mesmo, limitada." 

"O paradigma ecológico é alicerçado pela ciência moderna, mas se acha enraizada numa percepção existencial que vai além do arcabouço científico, no rumo de sua consciência de íntima e sutil unidade de toda a vida e da interdependência de suas múltiplas manifestações e de seus ciclos de mudança e transformação. Em última análise, essa profunda consciência ecológica é espiritual. Quando o conceito de espírito humano é entendido como o modo de consciência em que o indivíduo se sente ligado ao cosmo como um todo, fica claro que a percepção ecológica é espiritual em sua essência mais profunda, e então não é surpreendente o fato de que a nova visão da realidade esteja em harmonia com as concepções das tradições espirituais da humanidade".

Atualmente vivendo em Berkeley, na Califórnia, Capra fundou o Center for Ecoliteracy, uma instituição que forma profissionais para ensinar ecologia nas escolas, e também é professor do Schumacher College, um centro de estudos ecológicos na Inglaterra.



vídeo:  Luiz Carlos Porto




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