Não há superego, existe apenas condicionamento
autoconhecimento

Não há superego, existe apenas condicionamento


Assim, quer lhe agrade, quer não, sua mente está condicionada, não parcialmente, porém, de ponta a ponta. Não diga que o "Atmam" não é condicionado. Disseram-lhe que o "Atmam" existe e, afora isso, você nada sabe a respeito dele; e quando você pensa acerca dele, seu pensamento está condicionado. Isso também é evidente. É o mesmo caso do homem que crê nos mestres. Disseram-lhe que os mestres existem e, em virtude do seu próprio desejo de segurança, ele anseia encontrá-los; e, assim, tem visões, as quais, psicologicamente, são muito simples e infantis.

Ora, a questão é esta: eu sei que a minha mente está condicionada; e como poderei libertá-la do condicionamento se a entidade que procura libertá-la se acha também condicionada? Você compreende o problema? Quando uma mente condicionada compreende que está condicionada e deseja descondicionar-se, esse próprio desejo é também condicionado; assim, que pode a mente fazer?

Você está seguindo? Por favor, não se limite a escutar minhas palavras, mas observe sua própria mente em funcionamento. Este é um problema bem difícil de apreciar com um grupo tão numeroso, e a menos que você preste real atenção, não encontrá a solução. Eu não vou lhe dar a solução e, portanto, você tem de observar a sua própria mente com toda a atenção.

Sei que a minha mente está condicionada como hinduísta, budista, ou o que quer que seja, e vejo que qualquer movimento mental para descondicionar-se é sempre condicionado. Ao procurar a mente descondicionar-se, a entidade que faz este esforço está também condicionada, não é verdade?

Sua mente está condicionada; não há uma só parte dela que não esteja condicionada. Isto é um fato, quer lhe agrade, quer não. Você pode dizer que há uma parte sua — o observador, a superalma, o Atmam — que não é condicionada; mas, visto que você pensa nessa coisa, ela está contida na esfera do pensamento e, portanto, condicionada.

A tal respeito podem-se inventar dúzias de teorias, mas o fato é que a sua mente está condicionada, de ponta a ponta, tanto a consciente como a inconsciente, e todo esforço que faça para libertar-se é por igual condicionado.

Assim, que pode a mente fazer? Ou melhor, qual é o estado da mente quando sabe que está condicionada e reconhece que qualquer esforço que faça para descondicionar-se é também condicionado?

Agora, quando você diz: "Sei que estou condicionado" — você sabe realmente ou trata-se de uma mera declaração verbal? Você o sabe com a mesma intensidade com que vê uma naja? Se você vê uma serpente e sabe que é uma naja, há ação imediata, não premeditada; e quando você diz "sei que estou condicionado", tem isso a mesma significação vital que tema sua percepção da naja? Ou trata-se apenas de um superficial reconhecimento do fato e não da percepção real do fato?

Quando percebo o fato o fato de estar condicionado, há ação imediata. Não preciso fazer nenhum esforço para me descondicionar. O próprio fato de estar condicionado, e a real percepção desse fato, produz imediato esclarecimento.

A dificuldade está em que você não percebe realmente que está condicionado — "não o percebe", no sentido de que você não compreende todas as suas implicações, não vê que todo pensamento, por mais sutil, por mais requintado, por mais filosófico que seja, é condicionado.

Todo pensar baseia-se evidentemente na memória — consciente ou inconsciente —, e quando o pensador diz: "Devo libertar-me do condicionamento", este próprio pensador, sendo um resultado do pensamento, é condicionado, porque a entidade que forceja está também condicionada; por conseguinte, seu esforço produzirá mais condicionamento, apenas um padrão diferente.

Percebendo isso por inteiro, a mente se acha num estado não-condicionado, porquanto percebeu a totalidade do condicionamento, sua verdade ou falsidade. Senhores, isso é como ver algo verdadeiro. O próprio percebimento do que é verdadeiro é o fator libertador. Mas esse percebimento requer completa atenção — não uma atenção forçada, não uma atenção calculista, lucrativa, ditada pelo medo ou desejo de ganho, o percebimento verdadeiro é que é o fator libertador.

Krishnamurti    




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