O autoconhecimento é bem vindo desde que não toque a família
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O autoconhecimento é bem vindo desde que não toque a família


O desenvolvimento espiritual é uma capacidade evolutiva inata a todos os seres humanos. É um movimento rumo à integridade, à descoberta do verdadeiro potencial individual. E isso é tão comum e natural quanto o nascimento, o crescimento físico e a morte — uma parte integral de nossa existência. Por séculos, culturas inteiras trataram a transformação interior como um aspecto necessário e atraente da vida. Muitas sociedades desenvolveram rituais sofisticados e práticas de meditação como meios de provocar e encorajar o crescimento espiritual. 

(...) para algumas pessoas, no entanto, a trajetória de transformação do desenvolvimento do espírito torna-se uma "emergência espiritual", uma crise na qual as mudanças são tão rápidas e os estados interiores tão exigentes que, temporariamente, essas pessoas podem achar difícil atuar integralmente na realidade cotidiana. Atualmente, são raras as vezes em que essas pessoas são tratadas como se estivesse à beira do crescimento interior. Ao contrário, elas são vistas quase sempre através das lentes da doença e tratadas com tecnologias que obscurecem os benefícios em potencial que essas experiências podem oferecer. 

Num ambiente de apoio e com critério adequado, esses estados complexos da mente podem ser extremamente benéficos, conduzindo em geral à cura física e emocional, a descobertas profundas, à atividade criativa e a permanentes mudanças da personalidade para melhor. Quando inventamos o termo "emergência espiritual", pretendíamos enfatizar o perigo e a oportunidade inerentes a esses estados. O termo é, obviamente, um jogo de palavras, referindo-se à crise ou "emergência espiritual", que se pode unir à transformação e à ideia de "emersão", e sugerindo a grande oportunidade que essas experiências podem oferecer para o crescimento pessoal e para o desenvolvimento de novos níveis de consciência.

(...) Ao longo de toda Historia, pessoas em intensas crises espirituais foram reconhecidas por muitas culturas como abençoadas; pensava-se que elas estavam em comunicação direta com os domínios do sagrado e com os seres divinos. O seu meio social lhes dava apoio durante esses episódios cruciais, oferecendo-lhes abrigo e isentando-as das exigências habituais. Membros respeitados das comunidades tinham passado por suas próprias emergências, podendo reconhecer e entender um processo semelhante nos outros e, como resultado, eram capazes de respeitar a expressão do "impulso místico e criativo". Frequentes experiências pitorescas e dramáticas foram alimentadas pela confiança de que essas pessoas acabariam retornando à comunidade com mais sabedoria e uma capacidade aumentada para se guiarem a si mesmas no mundo, para seu próprio benefício e o das demais pessoas da sociedade.

Com o advento da ciência moderna e da era industrial, essa tolerância e até mesmo esse apoio mudaram drasticamente. A noção de realidade aceitável foi limitada para incluir apenas aqueles aspectos da existência que são materiais, palpáveis e mensuráveis. Qualquer forma de espiritualidade foi afastada do panorama do mundo científico moderno. As culturas ocidentais adotaram uma interpretação rígida e restrita do que é "normal" na experiência e no comportamento humanos, e raramente aceitavam aqueles que tentavam ir além desses limites. (...) Em geral, o processo de emergência espiritual, junto com suas manifestações mais dramáticas, foi visto pela psiquiatria como uma doença, e aqueles que demonstravam sinais do que se pensava ser, anteriormente, transformação e crescimento interior, foram, então, em muitos casos, considerados doentes.(...) Muitos estados incomuns de consciência são considerados patológicos e tratados com métodos psiquiátricos tradicionais, tais como medicação e hospitalização supressivas. Como resultado dessa tendência, inúmeras pessoas que estão envolvidas no processo natural de cura de emergências espirituais são automaticamente colocadas na mesma categoria daqueles com uma doença mental real — especialmente se essas experiências estiverem causando uma crise em suas vidas ou criando dificuldades para suas famílias

Essa interpretação é ainda mais incentivada pelo fato de que nossa cultura não reconhece a importância e o valor dos domínios místicos dentro dos seres humanos. Os elementos espirituais inerentes à transformação pessoal parecem estranhos e ameaçadores àqueles que não estão familiarizados com eles

(...) Junto ao interesse renovado pelo misticismo, vemos um outro fenômeno: um número crescente de pessoas está tendo experiências espirituais e paranormais e querem falar mais abertamente sobre elas.(...) partindo de nossas próprias investigações, parece que, coincidindo com esse largo interesse, há uma crescente incidência de dificuldades relacionadas com processos de transformação. (...) Causou-nos assombro encontrar muitas pessoas que se identificavam com vários elementos de nossas histórias. Algumas tinham passado por experiências transformadoras e, como resultado, sentiam-se mais realizadas. Muitas outras tiveram experiências semelhantes, mas nos contaram trágicas histórias de famílias e de profissionais que os interpretaram mal, de internamentos hospitalares, de tranquilizantes desnecessários e de rótulos psiquiátricos estigmatizantes. Muitas vezes, um processo cujo ponto de partida era a cura e a transformação fora interrompido e dificultado até pela intervenção psiquiátrica.

(...) Consequentemente, é crucial tratar das questões que cercam a emergência espiritual e a crise espiritual para aumentar a compreensão dos vários estados nelas envolvidos e para formular novas estratégias de tratamento que ajudarão as pessoas a resistir e a lucrar com isso.

Stanislav Grog em, A Tempestuosa Busca do Ser

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