O chamado amor, não passa de auto-interesse
autoconhecimento

O chamado amor, não passa de auto-interesse


Questionador: O amor, tal como o conhecemos e vivenciamos, é uma fusão entre duas pessoas, ou entre os membros de um grupo; ele é excludente e há nele tanto a dor como alegria. Quando o senhor diz que o amor é a única solução para os problemas da vida, está dando à palavra uma conotação que dificilmente vivenciamos. Um homem comum como eu pode conhecer o amor no sentido que o senhor lhe dá?

Krishnamurti: Todos podem conhecer o amor, mas só quando são capazes de encarar os fatos com grande clareza, sem resistência, sem justificação, sem a explicação que os destrói — apenas olhe as coisas com muita atenção, observe-as com muita clareza e minuciosamente. Ora, o que é aquilo a que damos o nome de amor? A pessoa que fez a pergunta diz que ele é excludente e que, nele, conhecemos a dor e a alegria. O amor é excludente? Descobriremos quando examinarmos aquilo que denominamos amor, o que o chamado homem comum denomina amor. Não existe o homem comum. Há apenas o homem, que é você e eu. O homem comum é uma entidade fictícia inventada pelos políticos. Há apenas o homem, que é você e eu, que estamos em aflição, com dor, com ansiedade, com medo.

Ora, o que é a nossa vida? Para descobrir o que é o amor, comecemos com o que sabemos. O que é o nosso amor? Em meio à dor e ao prazer, sabemos que ele é excludente, pessoal minha mulher, meus filhos, meu país, meu Deus. Conhecemo-lo como uma chama em meio à fumaça, conhecemo-lo por meio da perda quando o outro se vai. Logo, conhecemos o amor como sensação, não é verdade? Quando dizemos que amamos, conhecemos o ciúme, conhecemos o medo, conhecemos a ansiedade. Quando vocês dizem que amam alguém, tudo isso está envolvido: a inveja, o desejo de possuir, de ter, de dominar, o medo de perder e assim por diante. Tudo isso chamamos de amor, e não conhecemos o amor sem medo, sem invejam, sem posse; simplesmente verbalizamos o estado do amor sem medo; dizendo ser ele impessoal, puro, divino ou Deus sabe mais o que, porém, o fato é que somos ciumentos, somos dominadores, somos possessivos. Só conheceremos esse estado do amor quando o ciúme, a inveja, a possessividade, o domínio, chegarem ao fim; e enquanto possuirmos, jamais amaremos.

A inveja, a posse, o ódio, o desejo de dominar a pessoa ou coisa qualificada de meu, o desejo de possuir e de ser possuído — tudo isso é um processo de pensamento, não? O amor é um processo do pensamento?  O amor é uma coisa da mente? Na realidade, para a maioria de nós, ele é. Não digam que não — é um absurdo fazê-lo. Não neguem o fato de que o seu amor é uma coisa da mente. Ele por certo é; do contrário, vocês não possuiriam, vocês não dominariam, vocês não diriam “é meu”. Como vocês dizem, o amor de vocês é uma coisa da mente; assim, o amor, para vocês, é um processo de pensamento. Vocês podem pensar na pessoa a quem amam, mas pensar na pessoa a quem ama é amor? Quando vocês pensam na pessoa a quem amam? Vocês pensam nela quando ela se foi, quando ela está longe, quando ela os deixou. Mas quando ela não os perturba mais, quando vocês podem dizer “ela é minha”, vocês não têm de pensar nela. Vocês não têm de pensar nos seus móveis; eles são partes de vocês — o que constitui um processo de identificação destinado a evitar que vocês sejam perturbados, a evitar problemas, ansiedade, tristeza. Assim, vocês só sentem falta da pessoa a quem dizem amar quando estão perturbados, quando estão sofrendo; e enquanto possuem a pessoa, vocês não têm de pensar nela, porque na posse não há distúrbio. Mas quando a posse é perturbada, vocês começam a pensar e dizem “eu amo essa pessoa”. Logo, seu amor é uma mera reação da mente, não é? O que significa que o seu amor não passa de uma sensação, e a sensação sem dúvida não é amor. Vocês pensam na pessoa quando vocês estão juntos? Quando vocês possuem, retêm, dominam, controlam, quando podem dizer “ela é minha” ou “ele é meu”, não há problema. E a sociedade, tudo quanto vocês construírem ao redor de si mesmos, os ajuda a possuir para evitar que vocês sejam perturbados, para vocês não pensarem nisso. O pensamento vem quando vocês estão perturbados — e vocês estão fadados a ser perturbados enquanto seu pensamento for aquilo que chamam de amor.

O amor com certeza não é uma coisa da mente. É porque as coisas da mente ocuparam o nosso coração que não temos amor. As coisas da mente são o ciúme, a inveja, a ambição, o desejo de ser alguém, alcançar o sucesso. Essas coisas da mente tomam conta do coração de vocês, e vocês dizem então que amam; mas como podem amar se têm no coração todos esses elementos geradores de confusão? Quando há fumaça, como pode haver uma chama pura? O amor não é uma coisa da mente e é a única solução dos nossos problemas. O amor não é da mente, e o homem que acumulou dinheiro ou conhecimento nunca pode conhecer o amor, pois vive com as coisas da mente; suas atividades são da mente e tudo aquilo que toca ele transforma num problema, numa confusão, numa tortura.

Logo, o que chamamos de nosso amor é uma coisa da mente. Olhem para si mesmos e verão que o que estou dizendo é obviamente verdadeiro; do contrário, nossa vida, nosso casamento, nossos relacionamentos seriam totalmente diferentes; teríamos uma nova sociedade. Ligamo-nos aos outros não por meio de uma fusão, mas de um contrato chamado de amor, casamento. O amor não funde nem ajusta — não é pessoa nem impessoal: é um estado de ser. O homem que deseja fundir-se com algo maior, unir-se a outra pessoa, está evitando a angústia, a confusão; mas a mente ainda se encontra em separação, que significa desintegração. O amor não conhece a fusão nem a difusão; ele não é pessoal nem impessoal; é um estado de ser que a mente não pode encontrar — ela pode descrevê-lo, designá-lo por um termo, nomeá-lo, mas a palavra, a descrição, não é o amor.

Só quando a mente se aquietar conheceremos o amor, e esse estado de quietude não é algo a ser cultivado. Cultivar ainda é ação da mente; a disciplina ainda é produto da mente, e uma mente disciplinada, controlada, subjugada, uma mente que resiste, explica, não pode conhecer o amor. Vocês podem ler, podem escutar o que está sendo dito sobre o amor, mas isso não é o amor. Só quando vocês dão fim às coisas da mente, só quando seu coração está livre das coisas da mente, há amor. E vocês vão então saber o que é amar sem separação, sem distância, sem tempo, sem medo — e isso não está reservado a uns poucos. O amor não conhece hierarquias; há somente amor. Só há os muitos e o um, a exclusão, quando não se ama. Quando se ama, não existe o “você” nem o “eu”. Nesse estado, há apenas uma chama sem fumaça.

Jiddu Krishnamurti — Bombaim, 12/03/1950





- Uma Mente Que é Produto Do Temor, Jamais Encontrará O Amor
[...] Vocês só podem ter inteligência apenas quando há liberdade, e não, temor. E uma mente disciplinada nunca pode descobrir o que é a Verdade — isto é, uma mente que é produto do temor, jamais encontrará o amor.  [...] Não digam: "o...

- Por Que A Mente Fez Do Sexo Um Problema?
(...)O sexo se torna um problema extraordinariamente difícil e complexo enquanto vocês não entendem a mente que pensa sobre o problema. O ato em si não pode ser um problema, mas o pensamento acerca do ato cria o problema. Vocês salvaguardam o ato;...

- Vazio Existencial
O nosso problema está no fato de a nossa vida ser vazia e de não conhecermos o amor; conhecemos sensações, conhecemos a publicidade, conhecemos exigências sexuais, mas não há amor. E como se faz para transformar esse vazio, como encontrar essa...

- Semeador De Estrelas - Tornando-se Seres De Luz
São tantas as mudanças acontecendo em todos vocês nesta época que estão fazendo a transição de ser um ser tridimensional para um ser multidimensional, as quais estão acontecendo em tantos de vocês que se chamam de trabalhadores da Luz ou sementes...

- A Conexão Com A Luz!
Sandra M. Luz Amados, EU SOU Metatron. É com imensa alegria que mais uma vez aqui estou para trazer Luz e Amor! A cada encontro, sinto o quanto vocês têm despertado! Sinto-me como um Pai que vê seus filhos dando seus passos sozinhos, sob o olhar...



autoconhecimento








.