O porque de uma nova linguagem
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O porque de uma nova linguagem


Necessitamos inventar, com urgência, um código de comunicação transdisciplinar. Tenho constatado que uma das maiores dificuldades para a transmissão da abordagem holística diz respeito à insuficiência dos nossos habituais discursos. Não é possível falar do novo com a linguagem velha; não se coloca vinho novo em odre velho, afirma a sabedoria crística. Como transmitir uma mensagem inclusiva que contenha, ou possa dar abrigo, à visão científica, à do folósofo, à do poeta e à do místico? Este é um dos maiores e mais tocantes desafios a nossa frente: romper com a clausura dos fragmentados discursos das disciplinas. 

Na direção dessa nova linguagem, é fundamental, sobretudo à escuta de todas as dimensões humanas e, então, delas nos fazermos porta-vozes. Dar à nossa imensidão, eis o necessário atrevimento. Ao racional discurso acadêmico adicionarmos a codificação poética-metafórica e o prundo silêncio que fala do indizível. A voz do dia, da clara razão; a voz da noite, do abismo da alma; a voz do crespúsculo, o sonho do alvorecer e prece do anoitecer. A voz da palavra gerada e emoldurada na voz do silêncio. Tarefa apenas possível quando transcendemos as amarras de nossos adestramentos ferozes da disciplinariedade. 

Talvez o poeta tenha sido, na nossa cultura ocidental, o menos massacrado e reduzido, o menos parcializado. Aventureiro audacioso dos múltiplos discursos, o bom poeta é um sobrevivente da integridade, constituindo, assim, a sensível antena da nossa espécie, como afirma Dilthey. "Contradigo a mim mesmo porque sou vasto", bradava Ezra Pound. Só os estreitos não se contradizem. É imprescendível resgatar o poeta da nossa alma, na tarefa de desvelar um código que dê testemunho da razão e do coração, do objetivo e do subjetivo, do tangível e do intangível, enfim, da vastidão humana.

De tal forma estamos condicionados nos discursos disciplinares, exclusivistas e desidratados da pluridimensionalidade humana, que tal tarefa parece ser impossivel. Podemos constatar, entretanto, que essa nova linguagem é desenvolvida gradualmente, na medida em que o sujeito avança no aprendizado transdisciplinar, como uma transpiração natural da realização holística. A título de exemplos, considero belas amostragens dessa alquimia do verbo, na forma de livros: O universo é um dragão verde, do físico Brian Swimme e Onde Vivem as Lendas, do biólogo Lyall Watson.

Da mesma forma que construímos as nossas frases, igualmente o fazemos com nossas vidas, afirmam os neuro e psicolinguistas. Ao dizer a palavra, expressamos também a existência. Se edificamos com um viver mais amplo e integrado, também assim expressaremos a nossa palavra.

estamos sendo combatentes do árduo front de um tempo acelerado de passagem e de transmutação consciencial. Gosto de pensar que as novas gerações, menos contaminadas pela modelagem paradigmática clássica ultrapassada, refletindo, espero, uma nova educação centrada na inteireza, terão facilitado o caminho para um existir mais pleno e de comunhão entre a parte e o todo. pensamento e sentimento, intuição e sensação, harmoniosamente conjugados, constituirão o tecido de uma mesma fala, para que o discurso possa ser, também, canção

Roberto Crema — do livro: Rumo à Nova Transdisciplinaridade - Ed. Summus Editorial






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