Por que os pais são tão cruéis com seus filhos?
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Por que os pais são tão cruéis com seus filhos?


Os pais são cruéis com seus filhos porque têm um certo investimento neles. Os pais têm certas ambições que gostariam de satisfazer através de seus filhos — por isso são tão cruéis. Eles querem usar os filhos. No momento em que você quer usar alguém, fatalmente você será cruel. A própria ideia de usar alguém como meio, está permeada de crueldade, de violência.

Jamais trate outra pessoa como um meio! — porque cada pessoa é um fim em si mesma.

Os pais são cruéis porque estão cheios de ideias: querem que os filhos sejam isso e aquilo. Eles gostariam que os filhos fossem ricos, famosos, respeitados; gostariam que seus filhos satisfizessem os seus egos insatisfeitos. Os filhos se tornam sua viagem.

O pai queria ser rico mas não teve sucesso; e agora a morte está se aproximando; mais cedo ou mais tarde será eliminado da vida. Ele sente-se frustrado: ainda não alcançou o seu objetivo. Ele ainda estava tentando, buscando... e agora vem a morte — e isso parece tão injusto! Ele gostaria que o filho prosseguisse com o trabalho, porque o filho o representa. Ele é seu sangue, é sua projeção, é uma parte dele — é sua imortalidade. Quem conhece a alma? Ninguém a conhece com certeza. As pessoa acreditam, mas a crença nasce do medo, no fundo a dúvida permanece.

Cada crença carrega a dúvida dentro de si. Sem a dúvida não pode existir qualquer crença. Para reprimir a dúvida, nós criamos a crença — mas a dúvida permanece correndo o coração como uma lagarta corrói a maçã; ela o vai correndo por dentro, ela o vai apodrecendo por dentro. Quem conhece Deus e quem conhece a alma? Eles podem não existir.

A única imortalidade conhecida pelo homem é através dos filhos — isso é um fato. O pai sabe: "Eu estarei vivendo em meu filho. Eu estarei morto, em breve estarei sob a terra, mas meu filho estará aqui. E meus desejos permaneceram insatisfeitos". Ele impõe esses desejos, implanta esses desejos no inconsciente do filho: "Você tem que satisfazê-los. Se você os satisfizer, eu ficarei feliz. Se você os satisfizer, você estará pagando suas dívidas para com o seu pai. Se você não os satisfizer, você estará me traindo".

É por aí que a crueldade entra. Agora, o pai começa a moldar a criança de acordo com o seu desejo. Ele esquece que a criança tem sua própria alma, que a criança tem sua própria individualidade, que a criança tem seu próprio desenvolvimento interior que deve desabrochar. O pai impõe suas ideias. Ele começa a destruir a criança.

E ele pensa que a ama: ele ama somente a própria ambição. Ele ama o filho porque este vai se tornar um instrumento; o filho vai ser um meio. Isso é crueldade.

Você me pergunta: "Por que os pais são tão cruéis com seus filhos?"

Eles não podem mudar isso, porque têm ideias, ambições e desejos insatisfeitos. Eles querem satisfazê-los, querem continuar a viver através dos filhos. Naturalmente eles podam, eles cortam, eles moldam, eles dão um padrão para a criança. E as crianças são destruídas.

Essa destruição fatalmente acontece — a menos que um novo ser humano, que ame por amar, surja sobre a terra; a menos que uma nova paternidade, em que você ama a criança pela simples alegria de amar, em que você ama a criança como uma dádiva de Deus, seja concebida. Você ama a criança porque Deus foi tão... uma tamanha benção para você. Você ama a criança porque a criança é vida, um convidado que veio do desconhecido e que se aninhou em seu lar, em seu ser, que o escolheu como seu ninho. Você está grato e você ama a criança.

Se você realmente ama a criança, não dará as suas ideias para a criança. O amor jamais dá qualquer ideia, jamais dá qualquer ideologia. O amor dá liberdade. Você não o amoldará. Se o filho quiser se tornar um músico, você não tentará dissuadi-lo. E você sabe perfeitamente bem que ser músico não é o tipo de emprego mais indicado, que ele será pobre, que ele jamais se tornará muito rico, que ele jamais se tornará um Henry Ford. Ou a criança quer se tornar um poeta e você sabe que ele será apenas um mendigo. Você sabe disso! Mas você aceita isso porque respeita a criança!

O amor é sempre respeitoso. O amor é reverente. Você respeita! Porque se esse é o desejo de Deus a ser cumprido através de uma criança, então permita que assim seja. Você não interfere, você não se intromete no caminho. Você não diz: "Isso não está certo. Eu conheço melhor a vida, eu vivi a vida — você é apenas um ignorante, não conhece a vida e suas experiências. Eu sei o que significa ter dinheiro. A poesia não vai lhe dar dinheiro. É melhor que se torne um político, ou pelo menos se torne um engenheiro ou médico". E a criança quer se tornar um cortador de lenha, ou a criança quer se tornar um sapateiro, ou a criança simplesmente quer se tornar um vagabundo, e quer desfrutar a vida... descansar sob as árvores, nas praias do mar, vagar pelo mundo...

Se você ama, você não interfere; você diz: "Ok, vá com minhas bênçãos. Procure, busque a sua verdade. Seja tudo aquilo que deseja ser. Eu não vou ficar no seu caminho. E não vou incomodá-lo com minhas experiências — porque minhas experiências são minhas experiências. Você não é eu. Você pode ter vindo através de mim, mas você não é eu — você não é minha cópia. Você não deve ser uma cópia de mim. Você não deve me imitar. Eu vivi a minha vida — você viva a sua. Não vou sobrecarregá-lo com minhas experiências não vividas. Eu não vou sobrecarregá-lo com meus desejos não satisfeitos. Eu farei com que permaneça leve. E eu o auxiliarei — seja tudo aquilo que quiser ser, com todas as minhas bênçãos e com toda a minha ajuda".

Os filhos vêm através de vocês, mas eles pertencem a Deus, pertencem à totalidade. Não os possua. Não comece a pensar que eles lhes pertencem. Como podem lhe pertencer?

Uma vez que essa visão aflore em você, — então não haverá mais crueldade.

Você pergunta: "Por que os pais são tão cruéis com os filhos? Faz algum sentido responsabilizá-los?"

Não, eu não estou dizendo que faz qualquer sentido colocar a responsabilidade sobre os pais — porque eles sofreram por causa dos pais deles, e assim por diante... É necessário entender. Encontrar bodes expiatórios não é de qualquer ajuda. Você pode simplesmente dizer: "Eu estou destruído porque meus pais me destruíram — o que eu posso fazer?" Eu sei, os pais são destrutivos, mas se você se torna alerta e consciente, você pode sair do padrão que eles criaram e teceram à sua volta.

Você sempre é capaz de sair de qualquer armadinha que tenha sido armada à sua volta. A sua liberdade pode ter sido enjaulada, mas a liberdade é tal, é tão intrínseca, que não pode ser completamente destruída. Ela sempre permanece, e você pode encontrá-la novamente. Talvez seja difícil, árduo, duro, uma tarefa penosa, mas não é impossível.

Não faz sentido simplesmente jogar a responsabilidade sobre outros, porque isso o torna irresponsável. É justamente isso o que os psicanalistas freudianos têm feito às pessoas — esse é o seu mal. Você vai a um psicanalista e ele o faz sentir-se perfeitamente bem quando diz: "O que você pode fazer? Seus pais eram tais — sua mãe era isso, seu pai era aquilo, toda a sua criação foi errada. É por isso que você está sofrendo de todos esses problemas." Você se sente bem — agora não é mais responsável.

Durante dois mil anos o cristianismo tem feito você sentir-se responsável, sentir-se culpado, sentir-se um pecador. Agora a psicanálise vai para o outro extremo: simplesmente diz que você não é o pecador, que não precisa se sentir culpado — você está perfeitamente ok. Esqueça tudo a respeito de culpa e esqueça tudo a respeito de pecado. Os outros são responsáveis!

O cristianismo causou muitos danos ao criar a ideia de culpa — agora a psicoanálise está causando danos no outro extremo ao criar a ideia de irresponsabilidade.

Você deve se lembrar: os pais fizeram certas coisas porque foram ensinados a fazer certas coisas — os pais deles os haviam ensinado. Eles também foram educados por pais; eles não vieram diretamente do céu. Assim, qual é o sentido de jogar a responsabilidade para trás? Isso não ajuda; não ajudará a solucionar qualquer problema. Simplesmente o ajudará a se aliviar da culpa. Isso é bom, o lado bom; o lado benéfico da psicanálise é que ela o alivia da culpa. E o lado prejudicial é que ela o deixa ali, não o fazendo sentir-se responsável.

Sentir-se culpado é uma coisa; sentir-se responsável é outra coisa. Eu lhe ensino responsabilidade. O que quero dizer com responsabilidade? Você não é responsável por seus pais, você não é responsável para com Deus algum e você não é responsável para com qualquer sacerdote — você tem responsabilidade para com seu ser interior. Responsabilidade é liberdade! Responsabilidade é a ideia de que "Eu tenho que tomar as rédeas de minha vida em minhas próprias mãos. Já chega! Meus pais têm me prejudicado — tudo que eram capazes de fazer, fizeram: o bem e o mal, fizeram ambos. Agora me tornei uma pessoa madura. Eu deveria tomar tudo em minhas próprias mãos e começar a viver conforme as coisas forem surgindo dentro de mim. Eu deveria devotar toda a minha energia para minha vida agora". E imediatamente você se sentirá tomado por uma grande força.

OSHO





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