Quem é você longe da multidão?
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Quem é você longe da multidão?


O primeiro ponto a perceber é que, querendo ou não, você está sozinho. A solitude é sua verdadeira natureza. Você pode tentar esquecê-la, tentar não ficar sozinho fazendo amigos, tendo amantes, misturando-se à multidão... Mas tudo o que você fizer fica apenas na superfície. No fundo de você, sua solitude é inatingível, intocável.

Um curioso fato acontece com todo ser humano: quando ele nasce, a própria situação de seu nascimento começa numa família. E não existe outra maneira, porque o recém-nascido humano é o recém-nascido mais frágil em toda a existência. Outros animais nascem completos. O cachorro vai continuar sendo um cachorro durante toda a vida; ele não vai evoluir, não vai se desenvolver. Sim, ele ficará mais velho, mas não ficará mais inteligente, mais consciente, não se tornará iluminado. Nesse sentido, todos os animais permanecem exatamente no ponto em que nasceram; nada de especial muda neles. A morte e o nascimento deles são horizontais — numa só linha.

Somente o ser humano tem a possibilidade de seguir na vertical, para cima, e não apenas na horizontal. Mas a maioria das pessoas se comporta como os outros animais: a vida é apenas um envelhecer, e não um amadurecer. Amadurecer e envelhecer são experiências totalmente diferentes.

O ser humano nasce numa família, entre seres humanos. Desde o primeiro momento, ele não está sozinho; portanto, ele adquire um certo padrão psicológico de sempre permanecer com pessoas. Em solitude, ele começa a ficar com medo... medos desconhecidos. Ele não está exatamente consciente do que está com medo, mas, quando ele se afasta da multidão, algo dentro dele fica pouco à vontade. Quando está com os outros, ele se sente aconchegado, à vontade, confortável.

Por essa razão, ele nunca vem a conhecer a beleza da solitude; o medo o impede. Por ter nascido num grupo, ele continua fazendo parte de um grupo. E, à medida que envelhece, começa a formar novos grupos, novas associações, novos amigos. As coletividades já existentes não o satisfazem — a nação, a religião, o partido político — e ele cria suas próprias novas associações, Rotary Club, Lions Club... Mas todas essas estratégias estão a serviço de um só objetivo: nunca ficar sozinho.

Toda a experiência de vida é a de conviver com outras pessoas. A solitude parece uma morte. De certa maneira, ela é uma morte, a morte da personalidade que você criou na multidão. Esse é um presente das outras pessoas para você. No momento em que você se afasta da multidão, também se afasta da sua personalidade.

Na multidão, você sabe exatamente quem você é; sabe seu nome, sua posição social, sua profissão, sabe tudo o que é necessário para seu passaporte, para sua carteira de identidade. Mas, no momento em que você se afasta da multidão, qual é a sua identidade? Quem é você? De repente, você fica consciente de que você não é seu nome — seu nome foi dado a você. Você não é sua raça — que relação tem a raça com a sua consciência? Seu coração não é hindu ou muçulmano, seu ser não está confinado à fronteira política de uma nação, sua consciência não é parte de alguma organização ou igreja. Quem é você?

De repente, sua personalidade começa a se dispersar. Este é o medo: a morte da personalidade. Agora você precisará começar a descobrir, precisará, pela primeira vez, perguntar quem você é. Você precisará começar a meditar sobre a questão, quem sou eu? — e existe o temor de que você possa não ser absolutamente nada! Talvez você não seja nada, mas uma combinação de todas as opiniões da multidão; nada, exceto sua personalidade.

Ninguém quer ser nada, ninguém quer ser ninguém e, na verdade, todo mundo é um ninguém.

[...] Assim, o primeiro problema do buscador é entender exatamente a natureza da solitude. Ela significa ser ninguém, significa abandonar sua personalidade, que é um presente a você da multidão. Quando você se afasta, quando sai da multidão, não pode levar esse presente com você em sua solitude. Em sua solitude, precisará descobrir de novo, descobrir outra vez, e ninguém pode garantir que você encontrará alguém ali dentro ou não. 

Aqueles que atingiram a solitude não encontraram ninguém lá. Realmente quero dizer ninguém — sem nome, sem forma, mas uma pura presença, uma pura vida, inominável, amorfa. Essa é exatamente a verdadeira ressurreição e ela certamente precisa de coragem. Somente pessoas muito corajosas foram capazes de aceitar com alegria o seu ser ninguém, o seu ser nada. O ser nada delas é o puro ser delas; é uma morte e uma ressurreição, as duas coisas. 

O S H O





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