Todos os Seres...
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"Todos os seres, por natureza, são Budas"

Este primeiro verso do Cântico do Zazen sempre me encantou.
Confesso que a primeira vez que ouvi não compreendi muito bem, mas algo acendeu lá dentro, uma chama luminosa no "meu" coração.
Hoje queria refletir com você sobre este pequenino, mas extremamente belo verso do Zazen, cuja autoria é atribuída a Hakuim Zenji.

Quando olhamos uma pedra, uma árvore, um pássaro, um homem e um Buda nos perguntamos o que os fazem tão diferentes uns dos outros não é?
Pois bem, na verdade não existe qualquer diferença entre eles, apesar dos nossos sentidos teimarem em afirmar que são todos completamente diferentes.

A Consciência é sempre Total, absoluta, plena mas está experimentando infinitas dimensões de si mesma em cada uma das aparências manifestas.

Os Upanishads nos dizem : Aquilo é o Todo, Isto é o Todo, o Todo dá nascimento ao Todo, O Todo se dissolve no Todo, só o Todo existe.
Este precioso ensinamento nos aponta uma grade verdade oculta para além dos nossos pequenos sentidos. Em todas as dimensões da existência seja ela o microcosmo, seja o macrocosmo iremos encontrar o Todo absoluto se manifestando, sempre!

Quando vemos uma pedra, vemos que ali existe uma consciência que está quase que totalmente adormecida, inconsciente; já em uma planta essa consciência adquire novas nuances, novos aspectos mais sensíveis, mais interação acontece seja com a terra, com o sol, a água; uma planta sente quem cuida dela, percebe o afeto, ou a ausência deste, embora não possa se expressar ainda, já começa ali um esboço de sensibilidade e percepção;
Um animal já é mais um salto de consciência. Existem sentidos apurados, percepção mais apurada, mobilidade, agilidade, existem linguagens próprias de cada espécie, afetividade, cuidados com os filhotes. Nos animais podemos perceber a consciência se abrindo mais e mais.

No homem esta mesma e única consciência ganha o maior prêmio de todos que é a Mente.
Ganha a capacidade de reconhecer que existe! Podemos não ter certeza de mais nada, mas temos a certeza, a plena convicção de que existimos não é? Só o homem é capaz de reconhece profundamente que ele existe, nenhum outro animal, planta possui esse dom.
Aí se encontra a intercessão em que vive o homem. Ele guarda em si todas as outras dimensões da natureza, seu corpo, em seu cérebro ainda trazem em si todo o processo evolutivo acontecendo aqui e agora; e além disso o homem ganha a auto-consciência, ganha o EU SOU!

Esta consciência do EU SOU é o início de uma nova jornada para o homem.
Essa consciência humana é tão fabulosa e tão bela, porque nela está a semente da consciência do Buda, do Cristo, isto é: a consciência da TOTALIDADE.

A mesma Totalidade que é onipresente se dá a conhecer a Si mesma na consciência do Buda, do Cristo, que nada mais é que a consciência humana aberta, desidentificada com as infinitas dimensões que já passou, que já experimentou nesse longo e fabuloso processo evolutivo.

A mente é tão fascinante que ela tem a capacidade de se identificar com o que quer que seja. Isso cria a ilusão das formas, a ilusão da separação. Isso é a causa primária de todo sofrimento, medos, desconfianças e solidão. Mas essa mesma mente trás em si a semente da Totalidade, a semente do Absoluto.
Quando a mente se volta não para aquilo que os sentidos mostram, as divisões, mas para aquela dimensão além deles, aquela dimensão mais profunda que nos aponta o coração, entramos então na dimensão da Unicidade, entramos na luminosidade da Consciência Búdica, Crística, e o Todo Absoluto se auto-revela a Si mesmo, e num segundo é possível perceber a grandeza acontecendo aqui e agora em tudo e em todos...a Consciência então percebe a si mesma...

A pedra, a árvore, o pássaro, o homem, todos trazem em si o Buda, o desperto, pois já são e sempre serão a mesma e única consciência, porém ainda não plenamente realizados.

Este processo de abertura é a beleza da existência, florindo, acontecendo de Si para Si mesma em infinitas miríades de eventos sincrônicos, pois todos e cada um deles, são notas preciosas da sinfonia divina que ao mesmo tempo cria, toca, dança, canta e assiste ao espetáculo... um outro nome que podemos dar a isso é Deus...
Também gosto de chamar de Amor...

"Todos os seres, por natureza, são Budas"...
Namaste.
Lilian




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