De uns tempos para cá nota-se uma crescente polarização na sociedade humana. As pessoas estão ficando cada vez mais radicais, assumindo suas ferrenhas posições a favor ou contra determinados assuntos. Também as atitudes estão ficando extremadas.
Parece que o meio termo, o caminho do meio preconizado pelo Buda, desapareceu do comportamento e atitudes humanas.
Lembro que à época da “guerra fria” existia esse comportamento, contudo voltado somente a um tema: a rivalidade entre norteamericanos e soviéticos, a polaridade imperialismo versus comunismo.
Atualmente qualquer tema se presta para as pessoas digladiarem e assumirem posições extremistas. A velha dualidade - bem contra o mal assume várias formas, com seus apologistas sempre se esquecendo que um e outro são relativos. O que é mau para X pode ser considerado bom para Y e vive versa.
Vivemos atualmente num mundo onde, devido à globalização, encontra-se exclusão versus inclusão, concentração da riqueza versus a expansão da pobreza, exacerbação do consumo versus falta do básico para viver. É tudo oito ou oitenta.
A mudança de ciclo que estamos atravessando tem trazido muitas incertezas, dúvidas e questionamentos a todos. Até há pouco (21/12/2012) havia na cabeça de muitos o temor de que o mundo fosse acabar. Medo aumenta a ansiedade e ambos estão associados à elevação de adrenalina no corpo e isso diminui ou afeta a razão, assim, crimes por motivos absolutamente banais começam a acontecer como o assassinato do cliente no restaurante por uma diferença de apenas sete reais na conta.
Aqui no nosso país encontro opiniões exacerbadas e radicais por parte de “esquerdistas fanáticos e direitistas viscerais: dois perfeitos idiotas”, como disse Frei Betto.
Uma frase de um desses radicais mentecaptos (Reinaldo Azevedo) ficou famosa quando da morte de Oscar Niemayer: "Metade gênio e metade idiota”. Essa frase, para mim, exemplificou brilhantemente a irracionalidade dos extremistas.
A direita conservadora ataca e só enxerga o lado negativo da gestão petista, enquanto que a esquerda defende ditaduras como Cuba. Nenhum dos lados (com raras e honrosas exceções) enxerga os méritos, que existem, na primeira bem como os deméritos, que também existem, na segunda.
Outro tema que anda “quente” é o fanatismo ligado a crenças: religiosos versus ateus, xiitas versus sunitas ou crentes de algumas religiões hostilizando os crentes de outras, como pode se ver neste exemplo: “A quantidade de denúncias de intolerância religiosa recebidas pelo Disque 100 da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República cresceu mais de sete vezes em 2012, quando comparada com a estatística de 2011.” (http://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2013/01/21/denuncias-de-intolerancia-religiosa-crescem-mais-de-600-em-2012.htm?cmpid=cgp-cotidiano-news )
Na Europa e Oriente Médio, muçulmanos versus cristãos dão a tônica nas manchetes. Pra todo lado nota-se os extremos assumindo a dianteira e, muitas vezes, a intolerância se fazendo presente.
Mais do que nunca é momento de se usar a razão e o bom senso, mas cada vez mais as pessoas estão usando a emoção, na sua manifestação mais negativa: o extremismo ou radicalismo.
Recentemente, devido a uma entrevista de Marília Gabriela divulgada na rede, pude constatar a virulência da argumentação de um cidadão de má fé e que atinge a milhares de pessoas porque se apresenta na televisão. É tudo de que não precisamos nos dias atuais: alguém estimulando o circo a pegar fogo. Isso contagia porque as cabeças ocas que o ouvem, já que não possuem discernimento, saem repetindo as sandices do seu “guru”.
Nas minhas leituras, pela internet, observo como as pessoas interpretam mal o que leem ou mesmo distorcem o que o outro quis dizer (inclusive vejo isto aqui nos comentários). Isso feito, passam a xingar o outro de forma grosseira, jogando o: “ou você está comigo ou contra mim”. Tudo se torna ofensa pessoal, não há distanciamento, não há reflexão, parte-se logo para o ataque.
Observo como, no geral, as pessoas não conseguem debater um tema de forma racional. Vejo principalmente dois tipos debatendo: o mais culto, onde se observa uma boa bagagem de leitura, e o iletrado. O primeiro começa despejando seu conhecimento em cima do outro, fazendo muitas citações dos autores que já leu. O segundo, por não poder contra-argumentar por falta de conhecimento parte logo para as ofensas pessoais. Aí o primeiro, ao invés de manter a postura já que tem mais cultura, deixa-se cair ao nível do outro e também apela para as ofensas.
Ó céus, onde anda a razão? O mais engraçado é que os letrados assumem ser altamente racionais. E o são, nas suas argumentações, mas nos xingamentos.... aí eles perdem toda a sua racionalidade.
Pessoal, façam um exame de consciência e observem se não estão se incluindo nessa turma que citei. Lembrem, quanto mais consciência uma pessoa tem, mais distanciamento ela consegue ter em qualquer discussão ou debate.
A excessiva polarização só leva a um desfecho: conflito!
O mundo atual já está tão repleto de problemas, ainda querem criar mais um ....?
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