A raridade de um Encontro Nutritivo - II
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A raridade de um Encontro Nutritivo - II


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Olá desperto confrade, poeta "quase morto" desta vida maravilhosa! Eu espero que, ao ouvir estas palavras, você esteja vivendo excelência no agora, mesmo que essa excelência esteje se mostrando por momentos dolorosos, de desestruturação, estruturantes. 

Hoje, meu coração está me pedindo para falar sobre "A raridade de um encontro nutritivo", de relações, realmente nutritivas, de gente nutritiva. O que eu chamo de gente nutritiva, são esses raros que conseguem ousar sair da trivialidade e da superficialidade desses scripts "pollyanicos" de viver; onde todo mundo é feliz, onde todo mundo é realizado, onde todo mundo tem um relacionamente modelo, onde todo mundo tem a família doriana, onde todo mundo é "Hollywood o Sucesso!" Gente nutritiva, para mim, são aquelas que são dotadas, talvez, da maior qualidade "quântica" do ser humano: a capacidade de honestidade emocional; a capacidade de ser honeto diante dos sentimentos de tédio, de insatisfação, de mesmice, os quais são profundamente importantes e profundamente mal compreendidos por essa sociedade adormecida, sonâmbula, vitimada por uma rede de condicionamentos coletivos. Para mim, gente nutritiva, são todos esses que se atrevem a se abrir para o seu tédio, para sua insatisfação, e buscar em si mesmo, respostas que fundamente a descoberta de "algo mais" nutritivo, qualitativo e dotado de um real sentido de viver, de um real sentido de depositar nossa energia vital; isso para mim é gente nutritiva.

Então, me ocorreu de um áudio que gravei em 17/10/2011, cujo tema é "A raridade de um encontro nutritivo". Nesse áudio, me referi aos encontros com amigos, encontro com família e me ocorreu que é muito interessante trazer isso para cá, para o nosso grupo, para o nosso grupo on-line, porque, é muito natural — vocês já devem ter percebido isso — tanto em vocês, como no acompanhar de quem está chegando; isso é muito natural! Faz parte do desenvolvimento psíquico do ser humano; não há nada de errado nisso; é muito natural! As pessoas chegam aqui, pela necessidade de se sentir aceito e fazer parte, todos nós chegamos nos lugares e começamos a apresentar o nosso "currículo"... Lá fora, o currículo material, romântico, religioso, profissional... E aqui, a gente vem com o nosso curriculo de conhecimento espiritualista; com as nossas posturas de "um homem equilibrado", de um "ser equilibrado", de uma "mulher equilibrada", de um ser equilibrado. Então, eu percebo que é assim: é natural a pessoa chegar aqui e começar a vomitar todo conhecimento, muito "bonitinho", muito "bacaninha" , que soa agradável aos ouvidos de todos nós... Impacta, mas, não contacta "AQUILO" pelo qual nós criamos este grupo; nós não criamos este grupo, aqui, para ficar ouvindo "falazinhas impactantes"... Não, não tem nada a ver! Já existem muitas salas por aí, existem muitas instituições por aí que já apontam para isso!  Nós criamos essa sala, para apontar para "ISSO" que realmente contacta "mente e coração"; que possa propiciar um estado livre de sofrimento e de conflito. E nós percebemos que, nessa caminhada, que esse "contactar"não vem através do colecionar de conteúdo livresco; não vem por aí! Vem para aqueles que tem a coragem de sentar com o tédio, com a insatisfação, com os medos, com as angústias, com as ansiedades, com os conflitos, se deparar com aquilo, dar as boas vindas, colocar no colo, ninar e e aprender sobre isso.

Então, é natural! É natural! E são todos bem-vindos, aceitem-se acolhidos aqui no nosso colo e coração. Mas, eu tenho que vir aqui, e dar uns "Karates Crísticos" em sua cabeça — bem aí no cabeção — tenho que dar umas "cotoveladas búdicas" aí — no meio do seu peito — porque está tudo muito "encruado" aí!... Esse "contato" — importantíssimo —, está encruado embaixo desse monte de achismo literário, desse monte de conhecimento institucionalizado, colhido por tantos lugares que você passou, antes de chegar até aqui. Tudo isso é muito bonito! Traz uma fala, maravilhosa! Linda, demais; puxa! Que bacana!... Mas é o seguinte: você vai ter que desligar esta máquina, vai ter que sair e vai deitar sua cabeça no travesseiro... E aí, não tem ninguém para falar com você! Não tem ninguém para você ficar filosofando; passando aí o seu conteúdo incerto das certezas emprestadas; a não ser, as próprias imagens e monólogos, que as vezes, impede de você ter uma noite de sono tranquilo.

Então, aqui tem que chegar um momento em que se é bastante honesto consigo mesmo, e fazer uma pergunta assim: no que esse modo operante aí, desse conhecimento, de tentar compartilhar esse conhecimento "espiritualista", todo esse "monte de coisa" que eu venho colhendo, essas minhas incertas certezasa emprestadas, no que isso me brindou com "verdadeira felicidade" e a "verdadeira liberdade do espírito humano"?... Eu conheço mesmo isso?... Isso aí, que eu estou falando, se mostrou "realmente" funcional, para descobrir um modo de vida em que eu tenho "tesão de viver", em que eu tenho "tesão de sair da cama" todos os dias?... Em que eu tenho "tesão de ir cedo para a cama", toda noite, porque um novo dia vai se apresentar e eu tenho realmente alguma coisa para vivenciar, com qualidade e procipiciar, com qualidade, para o irmãozinho que ainda sofre?... Isso é uma pergunta que a gente tem que fazer para a gente mesmo! Porque, senão, o que é que vai acontecer?... Essas nossas reuniões, elas vão deixar, também, de ser um encontro realmente nutritivo! Vai ser mais uma salinha mística, esotérica, um pouquinho diferente, que toca umas musiquinhas, que fala de uns filmizinhos... Não é? Então, não é por aí! Não é por aí!

O encontro nutritivo só existe quando há realidade emocional sendo exposta! A realidade daquilo que você vive e "sente", agora!... Não o que está passando "na sua" mente! Mas a qualidade do seu sentir; do seu ar, do ar que lhe habita! Como é que está isso, falar sobre isso! Isso é muito importante! Trazer isso: a realidade do ser que você é, aqui e agora! A percepção que você tem "dele" aqui e agora... Isso é melhor do que as melhores coleções metafísicas apresentadas, de forma bem concatenada, numa fala bonita; mas isso aí, não é de interesse desta sala! Isso precisa ficar muito bem claro! Então, por mais lindo que seja o seu palavreado, a sua oratória, se essa oratória não é uma experiência direta vivida, livre de qualquer influência... Isso aí não cola aqui para nós! Isso aí não cola! Isso aí não cola mesmo!... É mil vezes preferível alguém vir aqui e apresentar sua confusão mental, porque mesmo nessa "doença", nesse estado de confusão, há originalidade, há auteticidade! É algo que apresenta o real fluxodo pensamento condicionado; você pode ver ali, atestado, essa realidade que nós estamos falando.

Então, aqui ficar com joguinhos metafísicos, essas coisas, isso aí é pura perda de tempo! Então, se você quer perder tempo, é um direito! É seu esse direito! Mas, não é direito seu, trazer isso aqui e tomar o nosso tempo! Entendeu?... Todos nós que estamos sentados aqui, estamos deixando de, no momento, de dar atenção para as pessoas significativas que estão "ao nosso redor", para dar atenção à uma tela de plasma e uma caixinha de som, ou à um alto-falante, grudado nos ouvidos; isso não faz sentido! Isso não tem nada de nutritivo! Isso não tem nada!

Então, se a gente está vindo aqui e vai se debruçar durante duas horas aqui, que essas duas horas sejam dotadas de "real compartilhar DAQUILO que você realmente é" e não daquilo que você vem aprendendo, durante anos e anos, décadas e décadas, a apresentar para os outros: apresentar uma imagem!... As imagens aqui não nos interessam! Então, se você ainda é "viciado" em apresentar uma imagem, você está na sala errada!  Se você tem a necessidade de apresentar que você tem um conhecimento fabuloso, está na sala errada! Está perdendo seu tempo e fazendo a gente perder o nosso tempo!

Aqui é um lugar para a gente falar, realmente, no que estamos conseguindo através de perceberque o "processo" que nos causou sempre sofrimento, foi o pensamento condicionado! Nesta sala, nós batemos nisso! Não estamos interessados em qualquer outro tipo de assunto que não abordem essas questões! Ok? Que não aborde a questão de como o pensamento condicionado nos rouba a energia vital e nos impede a vida de real intimidade e nutrição, de partilha emocional. É isso o que nós queremos! Nós não queremos, não temos o mínimo de interesse de discutir sobre outras "coizinhas", trazer outras "coizinhas" para cá! Isso aqui é uma proposta nova, que se você ainda não se debruçou no blog e não entendeu... Sai da sala; vai pra lá; fique lá um mês — porque você vai precisar no mínimo um mês —, se você for sério, se você for uma pessoa séria, vai precisar no mínimo de uns três meses olhando o que está lá! Isso, por baixo! Para entender o que nós estamos falando e depois voltar aqui!

Então, não tenha pressa de sair aí, distribuindo essa sua "compulsão por falar"... Papagaio também fala!... tem um papagaio aqui do lado que canta o hino do Corinthians, o hino do Brasil, mas eu tenho certeza que ele não sabe do que está falando!... E esse aí tem sido o comportamento de muitos de nós!... Vamos entrando nessas salas aí, vomitando um acervo de conhecimento livresco, institucionalizado, que não toca a alma de quem é realmente sério, de quem realmente foi beijado pelo tédio, pela insatisfação, pela depressão, pela angústia, pela falta de sentido existencial... E que foi sério!... E que se debruçou nas leituras, subiu nos ombros de homens e mulheres que deram certo e que percebeu com isso, que o buraco é muito mais embaixo, do que esses discursinhos bonitos!

Então, essa aqui não é uma sala em que a gente vem aqui para ser "bacaninha com o outro"; não! Não é nada disso! Nós ficamos doentes porque, em determinados momentos, passaram a mão demais na nossa cabeça! Então, aqui é um local para quem quer realmente quer se debruçar e "VER"... Ver se é realmente o pensamento, a natureza exata do conflito humano. Mas, isso aí não vai ser "olhando lá fora, o outro, a sociedade!"; É aqui dentro do freguês!... É ver no freguês, aqui. Trazer-se perguntas como: "Eu sei o que é felicidade, mesmo?"... "Eu sei o que é paz de espírito?"... "Eu me deparo muito bem com o ócio?"... "Como que é isso para mim? Eu me deparo muito bem com a vida? Eu não me importo com o que os outros estão pensando, realmente, do meu modo de pensar e estar na vida de relação?"... Então, isso são perguntas que são fundamentais para se estar aqui e, entender, o que é isso que a gente está propondo. Porque se não tiver isso, nós estamos aí com duas semanas de grupo, não é? Se não entender isso, daqui há pouco, vai ser só uma salinha e você vai estar cansado de ouvir as mesmas coisas, e vai embora!... E nós vamos perder a oportunidade de perceber o que está sendo apontado aqui. Ok?

Vocês percebam, que a gente tem batido muito na questão da importância de do escutar... Eu fico deste lado aqui e fico percebendo, o quanto que vocês são compulsivos, o quanto que vocês não sabem escutar de forma holística, se desfocando, quase sempre, em conversas paralelas no particular; não conseguem escutar o que o outro que está partilhando, e tem que ficar atacando toda hora o dedinho no teclado, atrapalhando a escuta do outro. Vejo isso até no comportamento dos "arrobas da sala"... Sem uma escuta holística, o novo não se apresenta! Ok?... O novo não se apresenta! Nesta sala aqui, você vai ter que aprender a também "escutar com a ponta dos seus dedos"!... Deixando a ponto dos seus dedos quietinhos enquanto o "outro" está ali, dando de presente, para você, de forma gratuíta, sem lhe cobrar nada, a realidade do ser que ele é! E, em vez de você prestar atenção na realidade do ser, esse presente que ele está lhe colocando na sua mão, você está muito mais preocupado em querer jogar o que está dentro da sua cabeça para o outro.

Então, aqui, é preciso a capacidade de uma escuta atenta; e o respeito, tanto para não atrapalhar aquele que está falando, como aqueles que estão prestando atenção naquilo que o "outro" está falando... Porque é fatal: quando você coloca as suas letrinhas, suas frazezinhas bonitinhas, seus achismos, os seus apontamentos de como é que o outro "tem que" resolver o problema dele, você tira a atenção de todos! Porque nós ainda somos facilmente influenciáveis!... Uma mosca tira da gente a atenção! Então, essa coisa de ficar, enquanto o outro está se expressando os seus reais sentimentos e percepções de mundo, ficar ali, botando os seus pensamentos, isso significa que você não está ouvindo lá, você está ouvindo a sua própria mente, e querendo colocar, fazendo uma comparação sobre o que está sendo falado e o que você tem aí nos seus achismos. Ontem, na nossa reunião, nós colocamos muito bem, o quanto que a comparação, para com a ação de auto-observação.

Então, percebam-se, senhores! Percebam esse "vício"de querer colocar o seu achismo, por querer tecer receitinhas, psicoanalisar, não é? Desfocar, ficar olhando o outro, ao invés de olhar isso, dentro de si; tudo o que está sendo falado aqui é só para você ver dentro de si; isso é só um "espelhamento". Nós não estamos aqui para tecer respostas para o conflito do outro, nós não estamos aqui para solucionar o conflito do outro; trata-se da nossa vida... NOSSA VIDA!... Nós precisamos achar respostas para a nossa existência sem vida! É isso que nós temos que vir fazer nesta sala e não ficar aqui, tentando arrumar, ou dar a "resposta certa" para a dificuldade do outro... cada um vai ter que ser o seu próprio mestre e também o discípulo. Nós estamos colocando material aí, então debruce nisso e olhe isso!

Vejam: a gente vem apontando para a importância do silêncio e, a importância do silêncio, é aqui e agora, durante esta reunião!... Sabe? Se permitir sentar aí, quieto, prestando atenção na fala e prestando muito mais atenção ainda, no que está ocorrendo no seu interior, quando essa fala ocorre. Sabe?... E não atrapalhar a livre expressão do sentimento do outro, quando o outro está com a palavra, quando o outro está com o microfone... Porque é terrível quando você está expressando seus sentimentos e nossos olhos batem e param ali, e perdemos nossa linha de livre expressão! Não é? Isso é um "vício" que nós trazemos desde a nossa infância!... Nós não podíamos nos abrir, falar abertamente, que logo vinham as pessoas siginificativas, com suas crenças e seus achismos disfuncionais, tratando de interromper o nosso processo... E assim, nós não aprendemos a escutar! E assim nós não aprendemos a dissertar sobre aquilo que estamos vendo dentro de nós mesmos e na nossa vida de relação. Não é?
             




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