É mais fácil imitar do que ser autêntico porque a imitação está apenas na superfície. A autenticidade necessita do seu centro, necessita de você em sua totalidade. E isso é demais para você. Você se envolve apenas na superfície; no íntimo, permanece desligado. A imitação é muito fácil: toda a cultura, toda a sociedade baseia-se nela.
Todos estão lhe dizendo como se comportar, e tudo o que eles lhe ensinam não é nada mais do que imitação. As pessoas chamadas de religiosas, os padres, os teólogos — também estão lhe ensinando: seja como Jesus, seja como Buda, seja como Krishna! Ninguém nunca lhe diz: Seja somente você mesmo! Ninguém! Parece que todos estão contra você. Ninguém lhe permite ser você mesmo, ninguém lhe dá nenhuma liberdade. Você pode estar neste mundo, mas deve imitar alguém.
Isso tudo é muito ridículo porque as mesmas coisas foram ditas a Buda. Diziam a Buda: Seja como Ram, seja como Krishna! Mas Buda não os seguiu e foi assim que tornou-se Buda. Ele se iluminou porque nunca foi uma vítima da imitação. Você não pode imitar. Se imitar, permanecerá falso.
(…) Todo o mundo tornou-se irreal, tornou-se ator. Ninguém é verdadeiro. É muito difícil encontrar um homem real. Se você puder encontrá-lo, não o deixe. Fique perto dele, sua realidade tornar-se-á infecciosa. Sua proximidade já será uma transformação suficiente para você. Você não precisará fazer coisa alguma. Isso é o que chamamos de satsang: estar perto de um homem verdadeiro, de um homem real, de um homem autêntico. Nada mais é necessário! Apenas estar perto dele, observá-lo, sentir o seu jeito de ser — isso é o suficiente.
Mas a sociedade fez de você um ator, um imitador. Você não é real, é falso. Nunca lhe foi permitido ser você mesmo, e isto é a única coisa que você pode ser. Você não pode ser mais nada. Pode tentar, imitar! Mas a imitação permanecerá apenas na superfície. No íntimo, você permanecerá você mesmo — e é assim que deve ser. A falsidade que você coloca sobre si mesmo não pode se tornar o seu ser. Como poderia? Ela pode, quando muito, ser uma veste, uma postura, um gesto superficial.
O mundo todo o ajuda a ser um imitador. Assim, quando você chega a um mosteiro, perto de um Mestre, tenta usar outra vez os velhos métodos utilizados no mundo. Começa a imitar lá também. Mas lá, isto não será de nenhuma ajuda; lá isto será a barreira. No mundo, está bem imitar porque o mundo está cheio de imitadores. Se você for real, terá problemas; se for falso, será aceito. Este assim chamado mundo quer apenas que você seja uma sombra, não um homem real porque um homem real é perigoso.
Apenas as sombras podem ser subjugadas, podem ser obedientes, podem seguir; tudo o que lhes é dito para fazer, elas fazem. Um homem real não diz sempre sim; algumas vezes ele diz não. E quando ele diz não, ele quer dizer não! Você não pode subjugá-lo, não pode suprimi-lo.
Desde o nascimento, nós treinamos as crianças para serem falsas. Isso é o que nós chamamos caráter. Se elas se tornam falsas, irreais, nós as apreciamos, as premiamos com medalhas, dizemos que são reais. A falsidade é chamada de real, ideal. E se uma criança se rebela, tenta ser ela mesma, torna-se uma criança-problema. Precisa ser psicoanalisada ou enviada para alguma instituição onde possam concertá-la — algo está errado com ela. Mas não há nada de errado, ela está simplesmente se afirmando. Está dizendo: “Deixem-me ser eu mesma.”
(…) A esposa não permite que o marido seja ele mesmo. O marido não permite que a esposa seja ela mesma. Ninguém permite a ninguém ser ele mesmo, porque isto é considerado perigoso.
Reprima! E a sociedade é reprimida. Se a sociedade é triste, é natural que assim o seja: não poderia ser de outro modo. Pessoas falsas não podem ser felizes. Podem ser, quando muito, tristes, deprimidas. Freud disse que não existe remédio para a humanidade, que não há esperança de felicidade. Ele está certo. Do jeito que a humanidade está indo, se continuar assim, somente um estado de tristeza, de depressão, de desespero será possível. Apenas um suportar a si mesmo de algum modo, como uma carga — sem dança, sem energia borbulhando, sem vitalidade, sem cantos, sem flores, sem nada — somente um arrastar-se por aí.
As pessoas falsas só podem ser assim mesmo. Quando essas pessoas ficam muito cansadas, muito enjoadas dessa assim chamada sociedade, vão a um Mestre em busca da verdade. Lá também tentam suas velhas técnicas, mas lá elas saem perdendo. Está certo ser falso com pessoas falsas porque com elas é difícil ser verdadeiro. Mas quando você está em busca da verdade, quando vem a um Mestre, quando a necessidade de conhecer o que é a realidade surge em você, a imitação não é permitida. Se você imitar, estará carregando seu velho padrão, seu velho modo de vida, e esse modo de vida tornar-se-á a barreira.
Em religião, nenhuma imitação é permitida. Mas olhe para as pessoas religiosas; você verá igrejas, templos, mesquitas e lá encontrará os maiores imitadores. Isto significa que já não existe mais religião — as igrejas, os templos e as mesquitas são agora catacumbas. Com Jesus, você tinha de ser real, mas com o papa, no Vaticano, você tem de ser um imitador. Agora, o cristianismo do Vaticano faz parte da sociedade.
Jesus nunca foi parte da sociedade. permaneceu sempre um estranho. Todas as pessoas realmente religiosas têm permanecido estranhas, desligadas.
Quando morrem, então igrejas são fundadas sobre seus corpos mortos. Essas igrejas são parte da sociedade, são manejadas pela sociedade, controladas por ela.
A sociedade tem tramas muito engenhosas. Se você consegue escapar do mercado, logo é fisgado pela igreja porque ela é apenas uma extensão do mercado. O mercado alimenta a igreja, a controla. Na realidade, ele é o proprietário da igreja. Um padre não representa o Divino, representa o mercado.
O padre representa a economia política da sociedade. Marx está certo quando diz que a religião é apenas uma peça do jogo nas mãos dos capitalistas, dos feudalistas ou daqueles que exploram e são poderosos. A religião tem servido apenas como um instrumento de exploração. Marx está certo em relação à religião do Vaticano, à do Puri Shankaracharya ou à de Meca e Medina. Mas está errado sobre Maomé, sobre o original Shankaracharya, sobre Jesus. Está errado porque eles existiram não como parte da sociedade; existiram na solidão, como estranhos; existiram contra a sociedade e a imitação. Existiram como mensageiros do Divino. Este é o significado de avatar, o significado de filho de Deus, o significado de profeta, de paigamber — eles existiram como mensageiros do além.
(…) Quanto mais maduro se é, menos se imita; Se você ainda imita, ainda é um adolescente, ainda não atingiu a maturidade, ainda não se tornou um adulto. O que é ser adulto? É compreender que você tem de ser você mesmo e não um imitador, isto é que é maturidade.
Se você olhar para si mesmo, não encontrará esta maturidade. Você tem estado imitando os outros. Alguém tem um carro novo — de repente, você começa a imitar, precisa de um carro novo também. Os vizinhos sempre o deixam nervoso. Estão sempre comprando isso e aquilo e você tem de imitá-los. E quando isso ocorre, você está exatamente como os macacos.
Não imite! Seja maduro! Imitar não o levará a lugar algum. Por quê? O que é imitar e o que é ser autêntico, verdadeiro?
Imitar significa estabelecer um ideal a partir dos outros; significa ter um ideal que não é seu, um ideal que não vem de dentro de você, que não é um florescimento natural vindo do seu interior. Algum outro estabelceu o ideal e você vai atrás. Se não o alcança, sente-se miserável por não ter conseguido atingi-lo. Se o alcança, sente miserável também porque esse nunca foi o seu ideal. Você nunca o quis, isso nunca ocorreu no seu interior.
Eis porque existe tanta miséria no mundo: as pessoas ficam se imitando. Se falham, sentem-se miseráveis porque não atingiram. Se são bem sucedidas, também se sentem na miséria. Observe: nada fracassa tanto quanto o sucesso, se for uma imitação. É possível alcançar um objetivo após longa e extenuante jornada, após muito esforço e perda de tempo e energia. Mas então você descobre: “Eu nunca quis ser isso. Alguma pessoa deve ter querido e eu peguei emprestado o seu ideal”. Não pegue ideais emprestados, isso é infantil.
OSHO