A verdade libertadora
autoconhecimento

A verdade libertadora


Investigar e aprender é função da mente. "aprender" não é mero cultivo da memória ou acumulação de conhecimentos, porém, a capacidade de pensar clara e sãmente, sem ilusões, partindo de fatos e não de crenças e ideais.

Em nosso esforço para promover o total desenvolvimento do ente humano, devemos tomar em consideração tanto a mente inconsciente como o consciente. Tratar apenas de educar a mente consciente, sem compreender o inconsciente, é introduzir a autocontradição na vida humana, com todas as suas frustrações e desditas.

A mente consciente é presente imediato, limitado, ao passo que a inconsciente está sob o peso dos séculos e não pode ser detida ou posta à margem por uma simples necessidade imediata.

O inconsciente tem a qualidade do tempo profundo e a mente consciente, com sua recente cultura, não pode entender-se com o inconsciente, conforme suas passageiras premências. Quando não há resistência entre o manifesto e o oculto, então o oculto, dotado que é da paciência do tempo, não violará o presente imediato.

A mente superficial que "experimenta" o exterior sem compreender o interior, o oculto, só Poe produzir conflito maior e mais amplo.

A experiência não liberta ou enriquece a mente, como geralmente pensamos.

Enquanto a experiência fortalecer o experimentador, haverá conflito. Tendo experiências, a mente condicionada apenas fortalece o seu condicionamento e, desse modo, perpetua a contradição e a desdita. Só a mente que é capaz da compreensão de todo o seu próprio mecanismo, pode experimentar ser um fator libertador.

Uma vez percebidos e compreendidos os poderes e capacidades das numerosas camadas da mente oculta, poderão as particularidades ser examinadas judiciosa e inteligentemente. O importante é a compreensão da parte oculta, e não o mero preparo da mente superficial para a aquisição de conhecimentos, por necessários que sejam. Essa compreensão do oculto liberta a mente total do conflito, e só então há inteligência.

Cumpre-nos despertar a capacidade plena da mente superficial que vive em diária atividade, e ao mesmo tempo compreender a mente oculta. Na compreensão do oculto há um viver total, na qual a autocontradição, com suas fases alternadas de sofrimento e felicidade, deixa de existir. É essencial estar-se familiarizado com a mente oculta e cônscio de seus movimentos; mas é igualmente importante não ficarmos ocupados com ela e atribuir-lhe indevida significação. É só quando a mente compreende o superficial e o oculto, que ela pode ultrapassar suas próprias limitações e descobrir aquela suprema e atemporal felicidade.

K R I S H N A M U R T I
(palestra realizada na Suécia, em Estocolmo, em maio de 1956 e na Bélgica, em Bruxelas, em Junho de 1956)




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