Amor por si mesmo X egomania...
autoconhecimento

Amor por si mesmo X egomania...



"Osho qual a diferença entre o amor por si mesmo e a egomania?

A distinção é sutil, mas muito clara - não é difícil. Se você tem egomania, ela vai lhe criar cada vez mais infelicidade. A infelicidade vai indicar que você doente. A egomania é uma doença, um câncer da alma. A egomania vai torná-lo cada vez mais tenso, vai torná-lo cada vez mais nervoso, não vai de modo algum lhe permitir relaxar. Vai levá-lo à insanidade.

O amor por si mesmo é exatamente o oposto da egomania. No amor por si mesmo não há self, apenas amor. Na egomania não há amor, só há self. No amor por si mesmo você vai começar a ficar cada vez mais relaxado. Uma pessoa que ama a si mesma é totalmente relaxada. Amar outra pessoa pode criar uma pequena tensão, porque o outro não precisa estar sempre em sintonia com você. O outro pode ter suas próprias ideias. O outro é um mundo diferente; há toda possibilidade de colisão e atrito. Há toda possibilidade de tempestades e trovões porque o outro é um mundo diferente. Há sempre uma luta sutil acontecendo. Mas quando você ama a si mesmo não há mais ninguém. Não há conflito - é puro silêncio, é um encanto enorme. Você está só, ninguém o perturba. O outro não é absolutamente necessário. E, para mim, uma pessoa que se tornou capaz desse amor profundo por si mesma torna-se capaz de amar os outros. Se você não consegue se amar, como pode amar os outros? Isso deve primeiro acontecer em um local íntimo, deve primeiro acontecer dentro de você para depois se disseminar para os outros.

As pessoas tentam amar os outros, não tendo nenhuma consciência de que nem mesmo amaram a si mesmas. Como é possível amarem os outros? O que você não tem não pode compartilhar. Você só pode dar aos outros aquilo que já tem com você.
Então, o primeiro e mais básico passo rumo ao amor é o amor por si mesmo; mas nele não existe self. Deixe-me explicar isso.

O "eu" só existe em contraste com o "tu". O "eu" e o "tu" existem juntos. O "eu" pode existir em duas dimensões. Uma dimensão é o "eu-isso": você e sua casa; você e seu carro; você e seu dinheiro; "eu-isso". Quando existe esse "eu" do "eu-isso", seu "eu" é quase uma coisa. Ele não tem consciência, não está ali. Você é como as coisas, uma coisa entre coisas; parte da sua casa, parte da sua mobília, parte do seu dinheiro.(...)
Um tipo de "eu" existe como "eu-isso"; outro tipo de "eu" existe como "eu-tu". Quando você ama uma pessoa, outro tipo de "eu" surge em você: o "eu-tu". Se você ama uma pessoa, você se torna uma pessoa.
Mas e quanto ao amor por si mesmo? Nele não há "isso" e não há "tu". O "eu" desaparece porque o "eu" só existe em dois contextos: o "isso" e o "tu". O "eu" é a figura; o "isso" e o "tu" funcionam como o campo.
Quando o campo desaparece, o "eu" desaparece. Quando você é deixado só, você existem mas não tem nenhum "eu", nem sente nenhum ""eu". Você é simplesmente um profundo sou.
Em geral, dizemos "eu sou". Nesse estado, quando você está profundamente amando a si mesmo, o "eu" desaparece. Só o "sou" , a existência pura, o Ser puro permanece. Vai transformar você em uma celebração, um regozijo. Não há nenhum problema em distinguir os dois.

Se você está ficando cada dia mais infeliz, então está na viagem do egomaníaco. Se está se tornando cada vez mais tranquilo, silencioso, feliz, integrado, então está em outra viagem -a viagem do amor por si mesmo. Se estiver na viagem do ego vai se tornar destrutivo para os outros - porque o ego tenta destruir o "tu". Se você está se movendo rumo ao amor por si mesmo, o ego vai desaparecer. E, quando o ego desaparece, você permite que o outro seja ele mesmo; você vai lhe dar total liberdade. Se você não tem nenhum ego, não pode criar prisão para os outros a quem ama; não pode criar uma gaiola. Você permite que o outro seja ele mesmo; você lhe dá total liberdade - liberdade para você e liberdade para o objeto do seu amor. Ego é cativeiro - cativeiro para você e para sua vítima.

Mas o ego pode lhe pregar grandes armadilhas. Ele é muito astuto e suas maneiras são sutis: ele pode fingir ser amor por si mesmo.(...) O ego é muito astuto, muito auto justificador e muito racionalista. Se não estiver muito alerta, ele pode começar a se esconder por trás do amor por si mesmo. A própria palavra "self" vai se tornar uma proteção para ele. Ele pode dizer: " Eu sou o seu self"(...) Tenha muita cautela.

Se você realmente quer crescer no amor, será necessária muita cautela. Cada passo tem de ser dado em um profundo estado de alerta para que o ego não encontre nenhuma brecha atrás da qual possa se esconder.

Seu eu real não sou eu nem é você; não é você nem o outro. Seu eu real é totalmente transcendental. O que você chama de "eu" não é seu verdadeiro Eu. É o "eu " imposto na realidade. Quando você chama alguém de "você", não está se dirigindo ao eu real do outro. Mais uma vez você lhe colocou um rótulo. Quando todos os rótulos são eliminados o eu real permanece - e o eu real é tanto o seu quanto o dos outros. O eu real é único.

É por isso que dizemos que participamos dos seres uns dos outros, somos membros uns dos outros. Nossa realidade real é Deus. Podemos ser como os icebergs que flutuam nos oceanos - eles parecem estar separados - mas quando nos fundimos, nada mais sobra. A definição vai desaparecer, a limitação vai desaparecer, e o iceberg não estará ali. Ele vai se tornar parte do oceano.
O ego é um iceberg. Derreta-o. Derreta-o no amor por si mesmo - assim ele desaparece e você se torna parte do oceano."
Osho em Destino, Liberdade e Alma





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