E o mistério do que é incontestável - é apenas um mistério.
Tony: E também a busca que se reflete no mundo em que vivemos, porque tudo o que fazemos é uma busca para isso. Toda religião, todo o esforço aparentemente pessoal, é simplesmente uma busca para esse desconhecimento.
É uma forma de resolução de atenção, de sentimento de separação?
Tony : É uma busca para não se sentir separado de algo. O buscador não pode ver ISTO, porque ISTO é atemporal - ISTO é o Ser Eterno, que está fora do tempo, fora do espaço, fora de ser viável para alguém. Então o que tentamos atingir não pode ser alcançado porque ele já é tudo que existe.
É meio difícil de perceber e aceitar ISTO - algo que eu tenho dificuldade em aceitar é que a busca espiritual não é nem melhor, nem maior, nem mais refinada do que a busca por dinheiro, poder, sexo ou qualquer outra coisa.
Tony: Absolutamente. Todo desejo no final das contas, é finalmente um desejo de busca para voltar para casa. E o que é estranho sobre esse paradoxo, esse mistério, é que tudo que está sendo feito - todos os buscadores, todo esse esforço pessoal, toda a construção de igrejas e impérios, é pura vitalidade. É um paradoxo incrivelmente estranho.
Em alguns textos antigos védicos, ou algo assim, não há nada disso sobre o que É, ou sobre o porquê disso tudo. Quer dizer, eu sei que o "Bhagavad Gita", diz apenas que é uma experiência ...
Tony: Não, não há razão e não há nenhuma experiência e não há nenhuma escolha. A base do argumento tradicional é que a unidade escolheu tornar-se dois, e se a unidade fez uma escolha para se tornar dois, poderia até fazer uma escolha para se tornar uno novamente.
É um conto de fadas baseado na ilusão de tempo causa e efeito. Nada jamais pode ser escolhido. O sonho de toda escolha e motivação é que há algo no momento em que pode avançar com a intenção de um lugar chamado duplicidade para um lugar chamado unidade.
Nunca houve nada, apenas há o SER, e ISTO é o eterno nada e o tudo ao mesmo tempo.
Não vai para lugar nenhum e nunca foi em qualquer lugar.
Não há qualquer lugar.
Não há tempo ou espaço, exceto na aparência.
Não há nada, mas apenas ISTO, e ISTO não é nada acontecendo.
E vejo agora que esta questão surge a partir do ponto de vista de separação e por isso acaba sendo inerente a duplicidade, de forma inquestionável. Trata-se apenas de uma questão sem resposta, mas isso acontece porque é a partir do ponto de vista da separação. O que é melhor é que nos vislumbres da totalidade não há dúvida alguma. Há apenas uma ausência de necessidade de não ter que saber nada, porque simplesmente É ISTO acontecendo. Então essa pergunta surge como um "laço".
Tony: Sim, um laço que tem toda razão, que engendra a separação e o "por quê" e sente a necessidade de procurar por algo. E como você diz, quando não há ninguém, não há nenhum laço e não há dúvidas. Não há nenhuma pergunta e não há nehuma necessidade de respostas. Não há conhecedor e muito menos nenhum conhecido ... e assim não há ninguém para perguntar "porquê".