Neste post vamos abordar os fatores psicológicos que interferem na nossa percepção das pessoas e das situações.
Traços de personalidade. Há características ou traços de personalidade que se repetem nos mais variados indivíduos. As pessoas mais observadoras conseguem percebê-lo, contudo a psique humana é muito rica e não há como padronizar os tipos de personalidade.
Então, a personalidade (como a pessoa é) influencia a maneira de perceber. Vou dar um exemplo simples e bem típico: o humor negro. Alguns o acham o máximo e riem à beça, no entanto outros se chocam e não acham a menor graça.
Outros fatores interferentes na percepção são os chamados mecanismos de defesa (mecanismos internos de controle, usados automaticamente, para enfrentar angústia, impulsos agressivos, ressentimentos, frustrações, ec.). Todos nós os utilizamos, uns mais outros menos.
O mecanismo mais primitivo, isto é, mais imaturo é a:
Negação. Ou seja, o indivíduo se recusa a perceber determinado fato ou situação, desejo, pensamento nocivo ou intolerável para o seu corpo ou psiquismo.. Já é bem conhecida a negação como fase inicial nas pessoas que se descobrem portadoras de câncer.
O ditado popular “o amor é cego” também é um exemplo deste mecanismo.
Projeção. O indivíduo atribui a outro traços de caráter, atitudes, motivos ou desejos próprios que renega ou censura. Ex. Uma pessoa bastante agressiva, em uma discussão, dirá ao outro que ele está gritando (embora não esteja) ou sendo agressivo;
A projeção é a melhor explicação encontrada para a hipocrisia que permeia a nossa sociedade como um todo.
Transferência. Aqui a imagem de uma pessoa é identificada inconscientemente com a de outra. O indivíduo “transfere” as características de alguém conhecido anteriormente para outro que está conhecendo agora. Isto é muito subjetivo e essa imagem não é necessariamente o corpo físico, pode ser a expressão facial, um sorriso, o jeito de falar ou gesticular. Assim se explicam nossas simpatias e antipatias aparentemente sem causa.
Como vêem na figura acima, a nossa percepção do outro é muita rápida e nesses poucos segundos já podemos, consciente ou inconscientemente tirar conclusões sobre a pessoa. No caso da transferência, é dentro desse tempo que ela já é utilizada.
Crenças. As crenças se estabelecem bem cedo na nossa vida. Na infância os pais ou pessoas que cuidam de uma criança transmitem-lhe conceitos, opiniões e julgamentos sobre os mais diversos tópicos. Logo a seguir vem tios, avós, professores, etc. Como a criança não tem parâmetros para discernir o que lhe convém, vai paulatinamente aceitando o que os adultos lhe dizem ou demostram (atitudes).
Essa é a origem de nossas crenças que organizam e estruturam o mundo em que vivemos.
O problema é que boa parte do que acreditamos está fundado em premissas falsas ou preconceituosas ou resultantes de nossa ignorância.
O ser humano é mestre em tirar conclusões precipitadas, julgar pelas aparências, não ir ao fundo das questões, falar por ouvir dizer, etc. e principalmente em não questionar.
Então, as crenças, por constituírem a maior parte do que somos, influenciam diretamente como percebemos o que nos rodeia. Por exemplo: existe a crença (diminuindo felizmente) de que o homem deve ser forte, não chorar, etc. Quando ele não age assim é percebido como fraco e, por aqueles mais preconceituosos, é percebido como “bichona”.
Já no universo feminino, existe a crença de que a mulher deve ser mãe para se realizar plenamente. As que deixam de ser mães por vontade própria são vistas como “estranhas” ou anormais.
Portanto quando você estiver tirando conclusões muito rapidamente ou julgando uma situação ou pessoa lembre que as suas percepções não são isentas de contaminação por seus conteúdos psíquicos interiores.