Conspira e Inspira - Magnus Opus - A grande Obra
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Conspira e Inspira - Magnus Opus - A grande Obra

















Magnum opus, em latim, significa grande obra. Refere-se à melhor, mais popular ou renomada obra de um artista.

" Numa alusão à obra divina da criação e ao projeto de redenção nela contido, o processo alquímico foi designado por "Grande Obra". Nesse processo, uma matéria inicial, misteriosa e caótica, chamada matéria prima, em que os opostos se encontram ainda inconciliáveis num conflito violento, deve ser transformada progressivamente num estado de libertação de harmonia perfeita, a "Pedra Filosofal" redentora ou o lapis philosophorum: «Primeiro, combinamos, em seguida decompomos, dissolvemos o decomposto, depuramos o dividido, juntamos o purificado e solidificamo-lo. Deste modo, o homem e a mulher transformam-se num só."



Casa VII em escorpião, a sombra é densa...


"A Alquimia representa a projeção de um drama ao mesmo tempo cósmico e espiritual em termos de laboratório. A opus magnum tinha duas finalidades: o resgate da alma humana e a salvação do cosmos...". Esse trabalho é difícil e repleto de obstáculos; a opus alquímica é perigosa. Logo no começo, encontramos o "dragão", o espírito ctônico, o "diabo" ou, como os alquimistas o chamavam, o "negrume", a nigredo, e esse encontro produz sofrimento... Na linguagem dos alquimistas, a matéria sofre até a nigredo desaparecer, quando a aurora será anunciada pela cauda do pavão (cauda pavonis) e um novo dia nascer, a leukosis ou albedo. Mas nesse estado de "brancura", não se vive, na verdadeira acepção da palavra; é uma espécie de estado ideal, abstrato. Para insuflar-lhe vida, deve ter "sangue", deve possuir aquilo a que os alquimistas denominavam de rubedo, a "vermelhidão" da vida. Só a experiência total da vida pode transformar esse estado ideal de albedo num modo de existência plenamente humano. Só o sangue pode reanimar o glorioso estado de consciência em que o derradeiro vestígio de negrume é dissolvido, em que o diabo deixa de ter existência autônoma e se junta à profunda unidade da psique. Então, a opus magnumestá concluída: a alma humana está completamente integrada.”


Carl Gustav Jung: Entrevistas e Encontros, Editora Cultrix





A integração entre as Polaridades



A necessidade de integração não é algo novo. Existiu e existe ao longo dos tempos uma tendência e uma busca de integração entre as polaridades. Por exemplo, os antigos sábios e filósofos chineses taoístas já falavam sobre oTao
como realidade última, cujas manifestações são geradas pela inter-relação dinâmica de duas forças: Yin e Yang.


" A característica principal do Tao é a natureza cíclica de seu movimento e sua mudança incessante. O retorno é o movimento do Tao, afirma Lao Tsé, e afastar-se significa retornar. Essa idéia é a de que todos os desenvolvimentos ocorridos na natureza, quer no mundo físico, quer nas situações humanas, apresentam padrões cíclicos de ida e vinda, de expansão e contração".

Frijot Capra - O Tao da Física

Na concepção chinesa, todas as manifestações do Tao são geradas pela inter-relação entre dois opostos complementares Yin e Yang e do equilíbrio dinâmico entre elas surge todo o movimento e mutação.

Yin representa o princípio passivo, feminino, noturno, escuro e frio. Yang, o princípio ativo, masculino, diurno, luminoso e quente. Mas não há hierarquia entre os dois, pois tudo que existe contém os dois princípios, e , segundo a tradição taoísta, toda vez que cada uma das forças atinge seu extremo, manifesta dentro de si a semente de seu oposto, o que dá a característica cíclica do Universo e de tudo que compõe.

A consciência masculina, Yang, tem sido comparada ao Sol e a feminina, Yin, à Lua. O Sol, claro, brilhante, iluminado, fonte de luz, calor e vida, associa-se ao masculino com seu aspecto discriminador, organizador, analítico, que busca conhecimento intelectual e racional. É o contato com o real, o material, o concreto. É o que nos desperta do sono, e dos sonhos para o mundo da consciência. É o que caracteriza o dia, o tempo, o previsível, o rotineiro, pois até usamos a expressão "dia a dia" como aquilo que é o esperado em cada dia.

A Lua, clara, mas às vezes escura, encoberta, que reflete a luz numa atitude mais receptiva e passiva, fria e noturna, associa-se ao feminino com seu aspecto intuitivo, sentimental, receptivo e instintivo. A Lua nos traz o sono, os sonhos, o contato com o inconsciente, com a alma e com as emoções. À noite nada é bem definido, tudo é mais nebuloso e escuro, e, por não se enxergar bem os contornos, usa-se mais a imaginação. A Lua tem fases bem distintas entre si, associando-se aos ritmos biológicos dos seres humanos e principalmente a mulher.

Mas cada astro tem grande importância e um necessita do outro para completar seu trabalho. Sem o Sol não existiria o calor necessário para a vida, mas sem a Lua as sementes não germinariam, pois o Sol aquece, mas resseca a terra, e a Lua umedece, simbolizando inclusive a deusa da Fertilidade.

A maioria dos homens projeta a metade que lhes falta, o elemento feminino, em uma mulher. E a maioria das mulheres projeta a metade que lhes falta, o elemento masculino, em um homem, como se o outro fosse formar sua totalidade masculino/feminino. Mas essa totalidade deve ser encontrada primeiro lugar dentro de cada um, no seu próprio desenvolvimento individual, para que seja possível um verdadeiro encontro com o outro tal como ele é, sem projeções de conteúdos internos.

Exatamente dentro desses conceitos, Carl Jung entende que a psique contendo componentes masculinos e femininos que formam uma totalidade. São opostos complementares que se equilibram e se completam como o yin e yang na antiga filosofa chinesa. Estamos falando da anima no homem e do animus mulher. Assim, “ os fatos psicológicos mostram que todo ser humano é andrógino. Dentro de todo o homem existe o reflexo de uma mulher e dentro de cada mulher há o reflexo de um homem” Carl Jung.


A anima desperta a capacidade de amar e de estabelecer relacionamentos pessoais no homem e representa sua alma, dando-lhe a certeza de que existe algo que merece ser conquistado e pelo qual se deve lutar.

animus dá à mulher poder de discriminação e de compreensão, ligando-a ao mundo impessoal do intelecto e do espírito, servindo como um guia que aponta um caminho ou conduz a ele.


Anima e animus “ habitam uma esfera de penumbra, e dificilmente percebemos que ambos são complexos autônomos que constituem uma função psicológica do homem e da mulher.” Carl Jung. É só através da conscientização que eles podem tornar-se pontes que nos levam ao inconsciente e, à medida que cada um vai conhecendo seus próprios conteúdos internos, estes podem ser integrados a consciência.


Existem, portanto, dois casamentos que podem ser feitos: um é o interno, com sua própria alma indo ao encontro com seu mundo interior, a integração da anima do homem e animus da mulher. O outro é o casamento externo, de um homem e uma mulher, que significa aceitar o outro como ele é, com suas peculiaridades, características e imperfeições. Estes dois casamentos são reflexos das duas naturezas que constituem os seres humanos e se misturam dentro do ser: a humana, que faz com que um homem e uma mulher, mas isso não garante a total felicidade, caso não haja antes o casamento divino, que faz com que cada um busque integrar sua contraparte.


Este casamento, a união sagrada entre os opostos, foi chamado por Jung de coniunctio termo usado na alquimia para simbolizar a união de substâncias desiguais, que geraria um novo elemento com um potencial maior que a soma dos atributos das duas polaridades. Estes pares opostos apresentam um caráter que transcende a consciência, ultrapassando a personalidade do “eu”. Formando a totalidade humana.

Quantos seres passam uma vida buscando fora de si mesmo sua “outra metade”, acreditando que são seres incompletos, sem perceberem que tudo que necessitam para serem completos está exatamente dentro de si mesmo.


Leitura Obrigatória:


Individuação - Por Carl Jung

Os Arquétipos - Por Carl Jung

Os opostos psíquicos e a Individuação

A psicologia analítica e o Yoga

Samadhi e a união dos opostos

Krishna como arquétipo do Si-mesmo

Arquétipos e Personagens

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