Deixe de proteger sua suposta sanidade
autoconhecimento

Deixe de proteger sua suposta sanidade


Jesus disse:

O cisco que está no olho de teu irmão, tu vês,
mas a trave que está no teu olho, não vês.
Quando lançares fora a trave do teu olho,
então, verás claramente
para tirar o cisco do olho de teu irmão.

O conhecimento-de-si é a coisa mais difícil — não porque seja difícil, mas porque você fica com medo de saber sobre si mesmo. Existe um grande medo. Todo mundo está tentando escapar, escapar de si mesmo. Esse medo tem de ser compreendido. E, se esse medo existe, seja o que for que você faça, não vai ajudar muito. Você pensa que quer se conhecer, mas se esse medo inconsciente estiver aí, você continuamente evitará, você continuamente tentará esconder, se enganar. Por um lado, você tentará se conhecer; por outro lado, criará todos os tipos de obstáculos, de modo que não possa se conhecer.

Conscientemente, você pode pensar “gostaria de me conhecer”; mas, no inconsciente — que é maior, mais forte, mais poderoso do que o consciente —, você evitará o conhecimento-de-si. Assim, o medo tem de ser compreendido. Por que você tem medo?

Primeira coisa: se você realmente penetrar-se, a imagem que você criou no mundo se revelará falsa. Todo o seu passado passará a não significar nada, porque ele foi como um sonho. Você investiu tanto nele… você viviu por ele… e agora saber que ele foi um fenômeno falso… você se sente ferido — então, toda a sua vida foi um desperdício.

Se o que quer que você tenha vivido foi uma pseudovida, não autêntica — se você nunca amou, mas apenas fingiu amar, como você pode encarar a si mesmo?… Porque, então, você virá a saber que a coisa toda é um fingimento: não somente você fingiu que ama, você também fingiu que é feliz quando ama. Você não enganou a mais ninguém além de si mesmo. E, agora, olhar para trás, olhar para dentro… o medo o pega.

Você tem pensado que você é algo único; todo mundo pensa.  Essa é a coisa mais comum neste mundo, a pessoa se pensar extraordinária, algo especial, “a escolhida”. Mas se você olhar para si, você virá a saber que não há nada, não há nada sobre o que ser egoísta. Então, aonde vai parar o ego? Ele desabará, ruirá no pó.

O medo existe; assim, você não olha para si mesmo. Ao não olhar, você pode continuar criando sonhos sobre si mesmo, si mesma, imagens sobre si mesmo, si mesma. E é muito fácil e barato criar uma imagem, mas é muito difícil e penoso ser realmente alguma coisa. A pessoa sempre escolhe o mais barato — e você escolheu o mais barato. Agora, olhar para si mesmo é muito difícil.

(…) Criar uma imagem de que você é único, é barato, mas ser único é árduo, muito penoso. Muitas e muitas vidas de luta, empenho, muitas vidas de esforço culminam em algo, quando você se torna único. Mas acreditar que você é único é simplesmente barato, você pode fazer isso agora mesmo, não tem necessidade de se mexer. E você tem acreditado em coisas baratas — eis porque o medo existe.

Você não pode olhar para  si mesmo. Tudo o que você tem pensado ser, você não encontrará aí — e você sabe muito bem disso. Quem saberia disso tão bem quanto você sabe?

(…) Você é alguém a seus olhos. Todos os demais podem saber que você não é ninguém, mas você não. Até mesmo um louco pensa que todo mundo é louco. Todo mundo lhe diz “Você é um louco!”, mas ele não ouvirá, porque isso é muito doloroso. Ele criará todos os tipos de argumentos, de racionalizações para dizer “eu não sou louco”.

(…) É sempre o outro que está errado, que é louco. Eis como você protege sua suposta sanidade — isso é uma proteção. E uma pessoa que não pode olhar para si mesma, basicamente não pode olhar, porque ela não apenas tem medo de olhar para si mesma: basicamente, ela tem medo de olhar. Porque, quando você olha para o outro, o outro pode ser tornar o espelho; quando você olha dentro do outro, o outro pode indicar algo sobre você. Você é refletido nos olhos do outro; assim, você não pode olhar para o outro. Você cria uma ficção sobre si mesmo e, então, cria uma ficção sobre os outros; então, você vive num mundo de sonhos — é assim que todo mundo está vivendo.

E, então, você se pergunta como ser bem-aventurado. Seu pesadelo é natural: o que quer que você tenha feito, somente um pesadelo pode brotar dali. E você pergunta como ficar à vontade… Ninguém pode ficar à vontade com ficção, somente com o fato. Por mais duro que possa ser aceitar, somente o fato pode deixá-lo não-tenso, somente o fato pode conduzi-lo em direção à verdade. Se você nega o factual, então, não há nenhuma verdade para você e, então, você ficar girando e girando em torno e nunca atinge o centro.

Osho – A semente de Mostarda





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