autoconhecimento
Deus Amor - Meher Baba
"Deus é amor. E o amor deve amar.
E para se amar deve haver um amado.
Mas como Deus é Existência infinita e eterna, não há ninguém para Ele amar além Dele mesmo.
E para poder amar a Si mesmo ele deve imaginar-se como o amado a quem Ele como o amante imagina amar.
A relação amado e amante implica separação. E a separação cria anseio e o anseio resulta em procura.
E quanto mais ampla e intensa é a procura maior será a separação e mais terrível será o anseio.
Quando o anseio é o mais intenso a separação está completa e a finalidade da separação, que tinha a finalidade de permitir que o amor pudesse experimentar a si mesmo como o amante e o amado, é cumprida; e a União é o que resulta. E quando a União é atingida, o Amante vem a saber que o tempo todo ele próprio era o Amado a quem ele amou e com quem desejou a União e que todas as situações impossíveis que Ele superou eram obstáculos que Ele mesmo colocou no caminho para Si mesmo.
Atingir a União é tão incrivelmente difícil porque é impossível tornar-se o que você já é!
A união não é nada além do conhecimento de si mesmo como o Sujeito Único.
Deus existe. Se você está convencido da existência de Deus, então cabe a
você procurá-Lo, vê-Lo e perceber-Lo.
Não procure por Deus fora de você.
Deus só pode ser encontrado dentro de você, pois sua única morada é o coração. Mas você tem enchido Sua morada com milhões de estranhos e Ele
não pode entrar, pois ele é tímido com estranhos.
A menos que você esvazie sua morada desses milhões de estranhos com os quais você preencheu-a, você nunca irá encontrar Deus. Esses estranhos são seus velhos anseios — seus milhões de desejos. Eles são estranhos a Deus porque os desejos são uma expressão de incompletude e são fundamentalmente estranhos Àquele que é todo-suficiente e que não deseja
nada.
A honestidade em suas relações com os outros irá limpar os estranhos para fora de seu coração. Então você vai encontrá-Lo, vê-Lo e perceber-Lo.
Os poetas-mestres Sufi frequentemente comparam o amor com o vinho. O vinho é a figura mais apropriada para o amor porque ambos intoxicam.
Mas enquanto o vinho causa o auto-esquecimento, o amor leva à auto-realização (A realização do Ser).
O comportamento do bêbado e do amante são semelhantes; ambos ignoram os padrões de conduta do mundo e são indiferentes à opinião do mundo.
Mas há mundos de diferença entre o curso e o objetivo dos dois: um leva à escuridão subterrânea e à negação; o outro dá asas à alma para seu
vôo para a liberdade.
A embriaguez do bêbado começa com um copo de vinho que exalta seu espírito e afrouxa suas afeições e dá-lhe uma nova visão da vida que promete um esquecimento de suas preocupações diárias. Ele passa de um copo para dois copos, para uma garrafa; do companheirismo para o isolamento, do esquecimento ao oblívio — esquecimento, que, na realidade, é o estado Original de Deus, mas que, com o bêbado, é um estupor vazio — e ele dorme em uma cama ou uma sarjeta. E ele desperta em um amanhecer de futilidade, um objeto de repulsa e ridículo para o mundo.
A embriaguez do amante começa com uma gota do amor de Deus que lhe faz esquecer o mundo. Quanto mais bebe mais perto ele se aproxima de seu Amado e mais indigno do amor do Amado ele se sente. E ele anseia sacrificar sua própria vida aos pés de seu Amado. Ele também não se importa se dorme em uma cama ou em uma sarjeta e torna-se um objeto de ridículo para o mundo; mas ele repousa em êxtase e Deus, o Amado, cuida do seu corpo fazendo com que nem os elementos e nem doença alguma possam tocá-lo. Um dentre os muitos amantes desse tipo vê Deus face a face. Então, seu anseio torna-se infinito. Ele é como um peixe jogado na praia, pulando e se contorcendo para recuperar o oceano. Ele vê Deus em toda parte e em tudo, mas não pode encontrar o portão da União. O Vinho que ele bebe transforma-se em fogo no qual ele queima continuamente numa bem-aventurada agonia. E o fogo torna-se eventualmente o Oceano da Consciência Infinita, no qual ele se dissolve."
Meher Baba em The everythig and the nothig
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