Diálogo sobre a transmissão do novo paradigma
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Diálogo sobre a transmissão do novo paradigma


Dali

Out: Oi.

Deca: Oi, arrumou sua máquina?

Deca: Ainda não; os meninos estão configurando; estou na máquina de um deles.

Out: Queria lhe mostrar uma conversa que tive.

Deca: Meu chefe levou a hd para ver se consegue recuperar.

Out: Quer ler?

Deca: Beleza! Mostra ai. Sim, está no blog?

Out: http://historiasparacuidardoser.blogspot.com.br/2013/02/dialogo-sobre-o-viver.html

Deca: Legal! Vou ler! Depos te chamo.

Out: Legal; vai lá!

(...)

Deca: Oi! Já li!

Out: Ok.

Deca: O que está fazendo?

Out: estava meditando num texto aqui.

Deca: Muito ocupado?

Out: Não!

Deca: Eu estava pensando sobre o tema de ontem...

Out: Diga.

Deca: Foi um texto muito bom! Achei que deve ser bem abordado, por causa das pessoas novas. Essa moça da conversa participa do Paltalk?

Out: Creio que não; pelo que parece, só acompanha os textos nas comunas ou no Histórias para Cuidar do Ser; não sei ao certo.

Deca: Percebo a dificuldade das pessoas, quando se deparam com falas do tipo “observador e a coisa observada”.

Out: Sim, isso é fato! Parece ser onde a mente cartesiana acaba travando.

Deca: Era a parte mais difícil que eu também achava.

Out: Sim. Aparentemente, a coisa soa por demais intelectual. Como poderíamos abordar isso de maneira mais “atrativa”, digamos assim?

Deca: Esse trocadilho, “observador e coisa observada”, a princípio, parece coisa do além...

Out: Sim!

Deca: Como poderíamos abordar isso sem deixar que caia nessa conotação de intelectualismo?

Out: Você sabe muito muito que essa busca da “palavra correta” é uma das minhas grandes preocupações... Penso ser parte de minha vocação, como tornar isso acessível ao coração?

Deca: É para se meditar, e ver a forma correta para a mensagem cair direto ao coração.

Out: Quem sabe, poderíamos fazer uma reunião sobre isso. Por exemplo: “Rompendo a barreira criada pelo intelecto diante do observador e coisa observada”... Nessa reunião, falaríamos sobre isso. No entanto, acho que será sempre difícil para aquele que ainda não teve o "despertar do observador que observa o fluxo mental/emocional".

Deca: Sim!

Out: Enquanto a pessoa não se "percebe" como um observador observando em si mesma o fluxo da mente e das emoções, isso me parece que, de fato, soará como uma complexa verborréia intelectual.

Deca: Mesmo porque, o observador e a coisa observada é o pensamento... A pessoa viaja achando que é separado.

Out: Penso que precisa ocorrer esse insight, esse despertar, onde a pessoa se perceba, percebendo.

Deca: Como falei na reunião de ontem, quanto a observação, quando me flagrei batendo os dentes... Parei imediatamente. E é assim que ocorre quando percebo qualquer emoção querendo entrar.

Out: Por isso que no texto, usei a expressão "engatinhar", se lembra?

Deca: Sim! Tenho procurado usar mais a expressão observação", pois acho que está mais próxima do coração.

Out: Percebo que aqui, é preciso de fato, engatinhar com quem está tendo esse primeiro contato... É como ajudar a criança a ficar de pé. No entanto, sem a percepção do observador, mesmo essa mensagem, ficará só no nível das ideias. Você acompanhou? Como podemos facultar isso?

Deca: Ué? Você não viu minhas respostas?

Out: Vi.

Deca: É uma coisa a ser estudada.

Out: Não vejo como fugir dessa expressão "observador e coisa observada".

Deca: Sim, mas só quem já teve um despertar em relação a isso vai compreender, do contrário, acaba ficando algo muito confuso.

Out: Sim, é isso mesmo que tenho percebido.

Deca: Aparentemente é um paradoxo.

Out: Seria como levar a mensagem do alcoolismo para quem ainda não teve seu fundo de poço; para quem ainda não se percebeu sua própria dificuldade diante do álcool; ele não compreenderá a mensagem de um alcoólatra em recuperação. Por isso que enfatizo essa importância dos 40 anos no deserto do real... Isso quando estamos falando de pessoas por anos condicionada a ser a mente... Penso que, com adolescentes primários, essa compreensão pode ser mais fácil. Suas mentes ainda não estão saturadas. Já os “adulterados adultos adulterantes”, a coisa fica quase que impossível. Isso devido as grossas camadas protetoras da lógica racional de uma mente profundamente cartesiana. Tenho meditado muito sobre isso; penso que a confraria possa funcionar como um "despertador", e só! Tão somente um despertador! Como você vê isso? O trabalho seria facultar a passagem da ego-consciência para a consciência do ego, para, num segundo momento, quem sabe, por si mesmo, estes chegarem à consciência da Consciência que são. Facultar esse rito de passagem da ego-existência para consciência da existência do ego.... Por favor, não me deixe no vácuo — a não ser que esteja muito ocupada ai. Penso ser este diálogo muito importante e penso em compartilhá-lo para os demais confrades.

Deca: Oi, estava ocupada aqui... A Matrix em ação, como sempre, bem na hora que a coisa está fluindo...

Out: Ok! Sabemos que é assim mesmo!

Deca: Não se esqueça que estou no trabalho... Escrava!

Out: Você sabe mais do que ninguém o quanto me sinto meio que responsável por esses questionamentos que possam viabilizar a transmissão da mensagem, de modo que possa não ficar presa na limitação das palavras.

Deca: Sim! Também me preocupo demais com isso.

Out: Sabemos que, a maioria não dispõe de tempo para essas reflexões, justamente por estarem por demais comprometidos com o sistema condicionante escravizante; eles estão no movimento da maré.

Deca: Sim! E não possuem essa consciência que você falou de que estão identificado com o ego, dificultando mais ainda essa coisa do observador e coisa observada.

Out: Em vista dessa dificuldade de percepção, que “isca” poderíamos usar para atraí-los, para que alcancem a margem desta mensagem?

Deca: Acredito que, a partir do momento que tiverem essa consciência do ego, a coisa fica digerível.

Out: Então, se olharmos assim, torna-se "necessário" longos anos de sofrimento?

Deca: Não basta despertar.... Como foi que você se tornou consciente disso? Para mim, como bem sabe, foi num click, algo não esperado!... A compreensão de “observador e coisa observada”, não foi resultado de análise, de reflexão, tipo algo pensado, mas sim, algo vivenciado diretamente, algo sentido.

Out: Mas esse clique, em nós, veio num momento de pico de profundo conflito existencial. Seria só por ai?

Deca: Não sei! Pensando, não posso lhe responder; seria do nível do conhecido.

Out: Seria realmente necessário esse desenvolvimento e endurecimento do ego, até o ponto de fundo de poço, para que possa ocorrer esse atravessar do portal que leva da ego-consciência à consciência do ego? Porque, sem que isso ocorra, seria possível a presença de um salto quântico que levaria diretamente à compreensão visceral da Consciência Amorosa que somos?

Deca: Não vejo pessoas que estejam satisfeitas com suas vidas, demonstrarem real interesse e disposição de energia para colocar esse processo em movimento; a não ser que tenham isso desde sempre e que assim o busquem.

Out: Veja bem que estamos apontando para o engatinhar do auto-conhecimento... O qual tem seus primeiros passos no engatinhar do ego-conhecimento. Que dirá esse estágio avançado, esse nível superior — por ora digamos assim — que vai da consciência do ego à Consciência do Ser que somos? Percebe?

Deca: Sim! Mas é necessário, a princípio, a instalação, o despertar da consciência do ego.

Out: Sim!

Deca: Sem essa o madurar dessa consciência, a pessoa vai ficar presa no coro dos contentes.

Out: Sair da faze umbigóide da ego-consciência, dos limites enclausurantes dessa ego-consciência programada, ajustada, para a liberdade do Ser que somos... É uma viagem e tanto!

Deca: Sim! E fundamental! Se não tiver um click pode ser uma longa jornada, ou um naufrágio, como já vimos acontecer com muitos, ao logo destes anos.

Out: Veja, mesmo as companhias de viagem precisam de anúncios com falas e imagens especificas, para poder atrair interesse de consumo. Seria viagem de nossa parte, se preocupar com uma mensagem que lhes apresente “sumo” ao invés de consumi-las?... Penso que a comunicação milenar que praticamos hoje, surgiu de alguém despertando para a necessidade de criar um código de símbolos que apontem para um simbolizado...

Deca: Sim!

Out: Estamos exercitando isso agora, você não acha?

Deca: Sim! Sinto ser de máxima urgência; uma linguagem talvez mais simples, que vá direto ao coração.

Out: Ok! Percebemos a limitação que o intelecto sente diante de frases como "observador e coisa observada", isso é um fato, não se trata de achismo. Ao longo de quase uma década de estudos e conversas tivemos imensos exemplos disso, inclusive com familiares queridos; pessoas que até apresentam uma certa seriedade, apesar da enorme carga condicionante que sustentam.

Deca: É, mas vejo que quando chegam nisso, parece que se assustam...

Out: Muito bem! Percebemos a dificuldade que a grande maioria acaba enfrentando em seus primeiros contatos com a abordagem de Krishnamurti...

Deca: Exatamente porque a pessoa interpreta com o intelecto e, sendo assim, não há compreensão.

Out: Talvez, pelo fato da maior parte da mensagem de Krishnamurti ser expressa através de um português arcaico — penso que isso é outro fator que atrapalha bastante.

Deca: A princípio, como sabemos, soa como uma linguagem complicada. Isso porque ninguém nunca ouviu alguém falar sobre esse tipo de abordagem. Quem mais, na historia humana, falou desse modo?

Out: Sim, é muito original e profundamente extraordinário. Por isso que vi nos filmes e nas letras de música, uma ferramenta de suporte de apontamento para isso...

Deca: Sim; temos que achar uma interpretação mais simples.

Out: Sinto que, incialmente, para aqueles que tenham o intelecto muito endurecido, a arte é fundamental aqui; talvez, pela ação da arte, por sua poética, por sua noética, possa ocorrer uma trinca nas grossas paredes da razão e da lógica. E, através dessa trinca, possa passar um faixo que seja dessa luz da Consciência, e que pela sua ação, ocorra a instalação do observador. Mas só a arte não basta!

Deca: Sim! É uma ferramenta!

Out: Precisamos aqui, desenvolver a nossa arte da fala e, quem sabe, nessa arte da fala, trabalhar ainda mais a ferramenta que aponte para a necessidade de mente aberta para o exercício da escuta atenta. Acho que foi isso que K sempre fez como preliminar de suas falas; sempre apontando e questionando a maneira como as pessoas iriam lhe ouvir.

Deca: Sim, porque, como pode ser visto, sua fala foi mudando, de acordo com o momento... de acordo com o passar dos anos.

Out: Mesmo assim, penso que é preciso que ocorra o surgimento de palavras e símbolos que sejam uma expressão nossa, original, autentica, genuína, fato que já vem ocorrendo, como por exemplo, frases do tipo: "Adultos, Adulterados e Adulterantes", “Observar, absorver e absolver-se”...

Deca: “Saídas do Ser”, “É nós no agora”, “Excelência no Agora que somos”...

Out: Frases que são de fácil compreensão diante da enorme simbologia que apresentam.

Deca: Sim, frases simples e atuais que, para um bom observador, dizem tudo.

Out: Isso! Mas, deixemos isso reverberar... Percebemos isso como fato: a necessidade de superar a frase "observador e coisa observada"... Há que se manifestar um modo de dizer isso, mas de maneira mais palatável.

Deca: Sim, sem a interferência do pensamento, as frases irão surgindo! Através dessa observação, sabemos que as coisas vêm, sabemos que funciona!

Out: Sinto que é por ai! Bem, agora vou ter que encerrar nossa meditação... Magro chegou aqui!... hahahah será o sistema?

Deca: Será o próprio enviado da Matrix? Por falar em Matrix, daqui a pouco vou embora; acho que terei carona.

Out: Acho que não! Afinal, ambos participamos do “Resgate do soldado Magro”... Há muito trabalho pra instalar os novos softers nele, então, vou aproveitar aqui! kkk

Deca: Trabalho árduo esse! Beijos!

Out: Outro! Lhe pego as 19hs. Fui!

Deca: Ok! Beijo!

Out: Então? Essa conversa? Vai pro blog ou não vai?

Deca: Vai!





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