A cada dia que passa, ficamos mais surpresos com o que descobrimos em nossas pesquisas espaciais. Já havíamos publicado a respeito da descoberta de água gelada no fundo de crateras lunares localizadas nos pólos da Lua. Mas desta vez, já não se trata disto, nem tampouco da presença de diminutas moléculas do líquido dentro de minerais daquele satélite. Desta vez a água está na superfície lunar, em forma de partículas é certo, mas com uma procedência completamente diferente do que se havia encontrado até agora. Trata-se de “água magmática”, isto é, procedente das profundidades da Lua. E até agora os cientistas não têm a mínima ideia da fonte desta água.
A descoberta, que foi feita através dos dados do Instrumento M3 da cápsula Chandravaan 1, da Índia, após o estudo das imagens da cratera Bullialdus que fica no equador da Lua, foi tornada pública pela NASA, a qual assegura se tratar da primeira detecção desta forma de água a partir de um artefato orbital, e reconhece que as fontes desta água são desconhecidas, mas que ela deve ser proveniente das profundidades do satélite. Os estudos anteriores já haviam mostrado a existência de água magmática em amostras lunares recolhidas por astronautas do programa Apolo.
A parte central da cratera Bullialdus está composta por um tipo de rocha que se formou nas profundidades da crosta e do manto lunar.
“Esta rocha, que normalmente reside muito abaixo da superfície, foi arrancada das profundidades pelo impacto que formou a cratera Bullialdus”, explica Rachel Klima, geóloga planetária do Laboratório de Física Aplicada da Universidade John Hopkins, em Laural, estado de Maryland – EUA.
“Na composição de seu entorno, encontramos que a porção central desta cratera contém um volume significativo de hidroxila, uma molécula que consiste de um átomo de oxigênio e um de hidrogênio, o qual é prova de que as rochas nesta cratera contêm água que se originou muito abaixo da superfície lunar“, disse Klima.
A detecção de água desde uma observação orbital constitui num marco de primeira magnitude para o conhecimento do nosso satélite. E provavelmente um novo apoio ante a possibilidade de, num futuro próximo, contar com uma base lunar permanente em nosso satélite natural.