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FILME - A ÁRVORE DA VIDA
Gênero: Drama
Direção: Terrence Malick
Elenco: Brad Pitt, Jessica Chastain, Sean Penn
Tempo: 139 min.
Sinopse:
Os O'Brien (Brad Pitt e Jessica Chastain) tiveram três filhos, criados com grande rigidez pelo pai.
O mais velho deles, Jack (Sean Penn), sempre teve atritos com o pai, em parte por reconhecer em si mesmo um pouco dele.
Além disto, já adulto, Jack enfrenta um forte sentimento de culpa devido à morte de seu irmão.
A Árvore da Vida aproxima o foco na relação entre pai e filho de uma família comum, e expande a ótica desta rica relação, ao longo dos séculos, desde o Big Bang até o fim dos tempos, em uma fabulosa viagem pela história da vida e seus mistérios, que culmina na busca pelo amor altruísta e perdão.
Assistir “A Árvore da Vida” é mais como ir a um museu de arte, para ter a chance de ver um Rembrandt: prende-se a respiração e gastam-se pensamentos e emoções na busca de uma experiência estética intencional.
O filme de Malick não é apenas uma obra de arte, mas uma obra de arte espiritual. O tema do filme é a “árvore da vida”, uma imagem bíblica que representa a Vida Eterna no Éden. Malick associa essa imagem a outro tema bíblico tradicional: a dos “dois caminhos” .
Há dois caminhos possíveis para responder à árvore, segundo se anuncia logo nas primeiras cenas do filme: um é o caminho da Natureza, que rejeita desapegar-se de si e alimentar-se da árvore, que insiste em sua rigidez e por isso se quebra, e o caminho da Graça, que aceita a dor com esperança e que vê na Árvore tanto a fonte última da Natureza como a única capaz de leva-la à Vida Eterna.
O símbolo da árvore aparece do início ao fim do filme, e em todos os seus momentos cruciais. Às vezes como uma pequena planta, às vezes como uma árvore frondosa.
O filme é aparentemente irregular, descontínuo, ignorando a demanda intuitiva que todos nós temos pela linearidade temporal e por conexões lógicas de causalidade. Para superar o incômodo da ausência de linearidade o expectador precisa saltar da atitude naturalista para uma atitude poética, e explorar as analogias e conexões estéticas entre as partes aparentemente “soltas” do filme, exatamente como na poesia escrita.
A diferença é que a poesia agora é feita de imagens e narrativas. E na verdade a vida é muito mais poética do que “naturalista”, a mesma intuição necessária para ver o sentido das nossas vidas concretas é a atitude necessária para ver esse sentido no filme de Malick; quando ela está ausente em um, estará ausente no outro e vice versa. Nesse sentido o filme se torna uma pedagogia do significado da vida; a imaginação poética que vê o sentido espiritual da vida no universo do filme, ganha a capacidade de imaginá-lo em sua própria existência.
A mesma história é contada em vários níveis (poéticos/narrativos/temporais), embora com recursos distintos, de forma que é preciso interpretar um nível temporal a partir do outro, discernindo como a mesma noção é apresentada de um jeito em nível, e de outro em outro nível.
1) O Tempo Interno, que acontece dentro de Jack O’Brian (Sean Penn). É o tempo da autorreflexão de Jack, um homem adulto e “bem sucedido” do ponto de vista secular, trabalhando em Nova Iorque. Toda a história do filme acontece dentro da autorreflexão de Jack, iniciada com a notícia da morte do irmão. No encontro com a família O’Brian (mais para o fim do filme) ele se pergunta como é que a mãe, a senhora O’Brian (Jessica Chastain) suportou a perda do irmão. Essa pergunta reflete o que deixa Jack intrigado: o mistério da graça na vida de sua mãe. Ele encontrará a resposta no final do filme.
(2) O tempo histórico é repassado na memória de Jack, mas é contado de uma forma mais completa, de um ponto de vista narrativamente privilegiado, como um diálogo entre a mãe e Deus. Esse tempo é também iniciado com a perda do filho pela mãe, e pelas perguntas que a mãe faz a Deus (ou seja, a resposta à pergunta de Jack depende da relação entre a mãe e Deus). Essas perguntas introduzem a apresentação do terceiro e do quarto nível temporal, de que falaremos mais adiante.
A perda do filho leva a mãe a uma crise profunda, que a faz perguntar a Deus “por que”. A sogra, numa conversa particular, sugere a ela que não devemos nos prender a nada temporal, e que ela deveria esquecer o filho para evitar a dor. A mãe é submetida à mais terrível tentação quando a sogra diz que o Senhor “envia moscas às feridas que deveria curar” (e a sogra desaparece na cena final do filme). Enquanto ela e Jack fazem essas perguntas, somos levados ao terceiro nível temporal. Mas o fato é que a mãe supera essa tentação; mais ao final do filme ela é representada entre muitas árvores, caminhando e confessando a sua fé em Deus.
3) O tempo cósmico é o tempo do universo natural, de sua origem até o seu fim. Após a pergunta da mãe sobre o porquê da perda de seu filho, Malick nos leva para uma viagem até a origem de todas as coisas, quando Deus criou o universo, desde o Big Bang, passando pela origem das galáxias, do sistema solar, da terra, dos continentes, a evolução biológica, incluindo tanto o sofrimento como a graça como estando presentes desde o princípio. Tudo sendo contextualizado pelas orações da mãe, inspiradas no livro de Jó.
Depois que a narrativa da história da família é encerrada, com a perda da casa, o luto profundo dos irmãos, e a cena da casa se afastando a partir do interior do carro, o tempo cósmico é retomado, contando a história do fim do mundo. O fim do mundo é representado com categorias científicas, como o crescimento do Sol para se tornar uma estrela gigante-vermelha (previsto para alguns bilhões de anos no futuro), o que levará à destruição total da vida na terra, seguido pelo colapso do sol, que se tornará uma estrela anã-branca. Essa parte do filme representa a mortalidade e efetivamente a morte de tudo o que é Natural. Com isso Malick quer dizer que a Natureza, por si só, não tem um futuro.
4) O quarto nível é o tempo Escatológico, ou seja, o tempo da ação redentiva de Deus, que se consumará no futuro. É o tempo da Fé. Depois do luto da família e do luto do universo, Malick viaja para a realidade além do tempo cósmico atual, e faz Jack imaginar sua própria passagem pela morte (uma pequena porta), enquanto segue uma mulher (um símbolo da Graça?) por um caminho deserto (que possivelmente representa a incerteza e a necessidade de esperança).
(5) Acima de todos os níveis narrativos está o eterno. Ele é representado pela chama. A chama de onde o mundo veio é apresentada no início do filme e no final, e também aparece durante o filme duas vezes, em momentos de mudança de nível narrativo. O eterno aparece dentro do temporal principalmente representado pelo Sol, que surge atrás da mãe ou dominando sutilmente a cena em momentos importantes. No Quarto nível temporal (o “escatológico”) há uma espécie de encontro do eterno com o temporal, de modo que o papel do Sol fica bem claro. Ele representa Deus como a fonte da Graça, que existe antes da Natureza, na Natureza, e depois da Natureza. Por isso no final do filme a chama não apaga progressivamente; o filme termina subitamente com a chama ainda acesa, para indicar sua eternidade.
Certamente Terrence Malick emerge da obra como poeta e filósofo; ele emerge também como teólogo natural. “A Árvore da Vida” é uma peça de teologia natural, que aponta o sentido divino do mundo para o homem moderno, mas o faz transformando a experiência visual-temporal em algo quase sacramental. Deus é incessantemente revelado diante do expectador, de forma consistentemente indireta e sutil; mas você reconhecerá a sua presença, se já tiver escolhido o caminho da Graça.
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