FILME - DANÇA COM LOBOS
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FILME - DANÇA COM LOBOS



Filme: Dança Com Lobos
Gênero: Aventura/ faroeste
Direção: Kevin Costner.
Elenco: Kevin Costner, Mary McDonnell, Graham Greene, Rodney Grant.
Duração: 180 min

Sinopse: Durante a guerra civil norte-americana, John Dunbar (Kevin Costner) é um soldado gravemente ferido que, ao tentar o suicídio, acaba motivando os outros soldados a iniciarem um combate. Considerado herói, ele ganha a oportunidade de servir no posto de sua escolha, o que se revela uma oportunidade única para que realize seu sonho de conhecer a fronteira “antes que ela desapareça”. O problema é que a região é dominada pelos índios Sioux e será questão de tempo para que eles percebam sua presença em seu território.


Lá, sozinho ele é confrontado com seus valores, com seus medos e com suas idéias sobre os índios.
O lugar é esquecido por Deus e os homens, e Dunbar descobre que não há ninguém lá, apenas ele. Ele e os índios Sioux que habitam a região, com quem inicia uma relação marcada pela desconfiança, a curiosidade, descobertas e admiração.
A convivência com os indígenas faz com que Dunbar, pouco a pouco, vá adquirindo seus costumes, ao mesmo tempo em que ganha respeito dos nativos. Acaba se envolvendo com uma mulher branca (Mary McDonnell), criada pelos Siouxs, tornando-se um verdadeiro membro da tribo. 
O enredo retrata essa difícil e violenta interação entre dois povos que vivem diferentes processos históricos.


O filme foi indicado ao Oscar em 12 categorias, faturando as estatuetas de Melhor Filme, Melhor Diretor (Kevin Costner), Melhor Fotografia, Melhor Montagem, Melhor Música Original, Melhor Som e Melhor Roteiro Adaptado.
Com excelentes atuações do próprio Kevin Costner, Mary Mcdonnel, Graham Greene e Michael Spears; uma trilha sonora maravilhosa que foi feita para o filme pelo grande Ennio Morricone; Dança com Lobos é sem dúvida um filme que deve ser visto e sentido a cada minuto. 
A cena da fogueira com a raposa, a caçada aos búfalos e a despedida final são de arrepiar. As paisagens nos levam a querer participar a cada instante. Este enredo toca nossas emoções. Fala sobre preconceitos, culturas diferentes, o valor da amizade, o respeito em aprender coisas novas, o amor à natureza e sem dúvida como podemos nos tornar seres humanos melhores.



“De todos os caminhos desta vida, existe um que realmente importa. É o caminho para o verdadeiro ser humano”. As belas palavras de Pássaro Esperneante (Graham Greene) resumem perfeitamente a jornada de John Dunbar, o homem que partiu para conhecer a fronteira e acabou encontrando a si mesmo.

Conduzido com extrema sensibilidade por Kevin Costner, “Dança com Lobos” é um filme espiritualista, que nos transporta numa bela viagem pelo interior do coração humano. 
Auxiliado pela montagem de Neil Travis, Costner emprega um ritmo lento, contemplativo, que casa perfeitamente com o espírito de Dunbar e permite ao espectador desfrutar aquelas imagens belíssimas em sua plenitude – e é marcante a imagem recorrente daquele homem solitário, perdido em meio a tanta exuberância e beleza da natureza.


A excepcional direção de fotografia de Dean Semler ajuda a captar com precisão estas lindas imagens, como o sol nascendo e se pondo ao final das longas planícies das pradarias, que se perdem no horizonte distante.

Escrito por Michael Blake, baseado em seu próprio livro, “Dança com Lobos” aborda a civilização às avessas, ou seja, o homem branco aprendendo a cultura indígena, além de ilustrar as mudanças no interior de Dunbar através da deliciosa e muito bem escrita narração em off. Blake demonstra profundo respeito e sensibilidade para com a cultura Sioux, fazendo questão de desmistificar a imagem de homens selvagens ao mostrar um povo digno e honesto.


Blake também mostra características marcantes dos índios, como o respeito à hierarquia, representado na obediência à palavra sempre decisiva de “Dez Ursos”. E nem mesmo os unidimensionais soldados estragam o roteiro, já que Blake faz questão de ressaltar a opinião divergente do líder deles em relação à Dunbar.

Mas o roteiro de Blake acerta principalmente na condução do arco dramático de Dunbar, indicando sua lenta transformação através de pequenas atitudes, como quando ele morde um coração de búfalo após a caçada, quando troca o uniforme de soldado por adereços indígenas, a emblemática cena da dança em volta da fogueira (em que Costner, aliás, se sai muito bem), quando os instintos mais primitivos começam aflorar em Dunbar, e, obviamente, a “dança com o lobo”, que explica seu novo nome e finaliza o processo de transformação. 
Nas palavras de “Dez Ursos”, agora Dunbar já não existia mais, ele era um índio Sioux chamado “Dança com Lobos”. Após sua transformação, até mesmo “Duas Meias” (seu lobo)  passa a comer em sua mão, como se o lobo soubesse que aquele era um homem já completamente integrado à natureza – algo que o lobo pressentia antes mesmo da transformação, e por isso, rodeava o forte.
E se tem total domínio da narrativa e noção exata do que quer na direção, Costner também se sai bem como ator, iniciando sua atuação de maneira contida, o que é coerente com o sentimento de Dunbar, estarrecido diante de tanta beleza e paz.



“Dança com Lobos” tem ainda dois momentos empolgantes, que destoam do ritmo contemplativo da narrativa. Certamente uma das melhores sequências do longa, a caçada de búfalos joga o espectador pra dentro da cena através da alternância de planos gerais e closes, do som que capta com precisão a corrida dos búfalos e cavalos e da empolgante trilha sonora, numa cena extremamente bem conduzida por Costner. 
A outra grande cena é a guerra entre os Sioux e os Pawnees, que termina no impressionante plano em que os Sioux massacram um dos índios rivais. 
Estas duas cenas balanceiam muito bem a narrativa com seus momentos tocantes, como quando “Vento no Cabelo” diz que seu melhor amigo morreu porque Dunbar estava vindo, declarando de maneira sincera a sua amizade, ou quando os soldados matam Cisco e atiram em “Duas Meias”, simbolizando o corte da ligação de Dunbar com aquele mundo que tanto amava. 
A partir daquele momento, ele sabia que não poderia ficar ali e colocar em risco toda a aldeia, o que motiva sua decisão de deixar a tribo. 
Esta decisão nos leva então ao final triste e realista de “Dança com Lobos”, com o lobo uivando, “Vento no Cabelo” gritando e o casal deixando a tribo, num momento de partir o coração. 
O texto cruel que encerra o longa decreta o fim da cultura eqüina das pradarias e a trilha arrebatadora encerra a nossa maravilhosa viagem.



“Dança com Lobos” é um filme lindo, que nos apresenta com muita sensibilidade a busca do homem por sua verdadeira identidade. Dunbar viu mais sentido na vida entre os índios do que em tudo que vivera até então, mas, infelizmente, os caminhos do progresso impediram que ele vivesse esta descoberta em sua plenitude. Repetindo as palavras de Pássaro Esperneante, “o caminho para o verdadeiro ser humano é o que realmente importa nesta vida”. Pena que tão poucos encontram este caminho.









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