Krishnamurti - Por que minha mente vagueia?
autoconhecimento

Krishnamurti - Por que minha mente vagueia?


Minha mente vagueia. Por que? Quero pensar num quadro, numa frase, numa idéia, numa imagem, e, quando estou pensando, vejo que minha mente fugiu para a estrada de ferro ou para alguma coisa que aconteceu ontem. O primeiro pensamento foi-se, e outro lhe tomou o lugar. Por isso, examino cada pensamento que surge. Isso é inteligente, não acham? Façam esforços para fixar o pensamento nalguma coisa. Por que fixá-lo? Se vocês se interessam pelo pensamento que surge, ele lhes revela o seu significado. O divagar da mente não é distração — não lhe deem nenhum nome. Sigam a divagação, a distração, averiguem porque foi que a mente divagou; sigam-na, penetrai-a a fundo. Compreendida completamente uma determinada distração, ela se extingue. Se surge outra, sisam-na também. A mente é constituída de inúmeras exigências e desejos; e quando vocês os compreendem, ela é capaz de um percebimento em que não há conclusão de nada. Concentração é exclusão, resistência a alguma coisa. Tal concentração é a mesma coisa que colocar antolhos — é evidentemente inútil, não conduz à realidade. Quando uma criança tem interesse num brinquedo, não há distração...
Toda concentração é exclusiva. Nessa exclusão concentrada, nada pode penetrar o desejo de vocês serem alguma coisa. Assim, a concentração, por tantos praticada, é a negação da verdadeira meditação. Meditação é o começo do autoconhecimento, e sem autoconhecimento não podemos meditar. Sem autoconhecimento de nada vale a meditação de vocês, não passa de uma fuga romântica. A concentração, pois, que é um processo de exclusão, não pode abrir a porta àquele estado mental na qual não há resistência. Se resistem ao seu filho, não podem compreende-lo. Vocês devem estar abertos para todas as suas excentricidades, todos os seus caprichos. Análogamente, para compreender a vocês mesmos, devem estar atentos a cada movimento da mente, a cada pensamento que surge. Todo pensamento que aparece implica algum interesse  —  não o condenem chamando-o de distração: sigam-no de maneira completa. Vocês desejam se concentrar no que está sendo dito, e a mente de vocês foge para o que um amigo disse ontem à noite. A esse conflito vocês chamam de distração. Por isso dizem: “Ajude-me a aprender a concentração, a fixar a minha mente numa só coisa”. Mas, se compreenderem o que causa a distração, não haverá necessidade de tentarem se concentrar: tudo o que fizerem será concentração. O problema, portanto, não é a divagação, mas porque a mente divaga. Quando a mente vagueia para longe do que se está dizendo, isso significa que vocês não estão interessados no que está sendo dito. Se vocês tem interesse, não estão distraídos. Vocês pensam que devem se interessar num retrato, numa idéia, numa conferência, mas o interesse de vocês não está nisso; por essa razão a mente vagueia em todos os sentidos. Porque vocês não reconhecem que não tem interesse, deixando a mente divagar? Quando não estão interessados, é um desperdício de energia fixar a mente, pois isso só cria um conflito entre o que pensam que deverião ser e o que existe realmente. Isso é o mesmo que um automóvel rodando com os freios ligados. É fútil essa concentração. É uma exclusão, um empurrar para o lado. Porque não reconhecer logo a distração? Ela éum fato. Quando a mente fica tranquila, depois de resolvidos todos os problemas, ela se assemelha a um lago de águas serenas, no qual vocês podem se ver claramente. Não está ela tranquila quando presa na rede dos problemas, porque então recorrem à repressão. Quando a mente segue e compreende todos os pensamentos, não há distração, ela está serena. Só em liberdade pode a mente estar silenciosa, não na camada superficial, mas inteiramente. Quando está livre de todos os valores, da perseguição de suas próprias projeções, não há mais distração; e só então surge a realidade.
Krishnamurti – 20 de novembro de 1949 – O que estamos buscando? - ICK     




- Sobre A Recusa De Compreender O Que é
Pergunta: Qual a diferença entre a rendição à vontade de Deus e o que você diz a respeito da aceitação do que é? Krishnamurti: Há, por certo, enorme diferença, não? Render-se à vontade de Deus, supõe prévio conhecimento da vontade de Deus....

- Sobre O Controle Do Pensamento
P: Para ter paz de espírito não preciso aprender a controlar meus pensamentos? K: Minha mente vagueia. Por quê? Quero pensar num quadro, numa frase, numa ideia, numa imagem, e, quando estou pensando, vejo que minha mente fugiu para a estrada de ferro...

- O Contato Consciente Com O Ser Que Somos é Meditação
Estar constantemente vigilante e apercebido, ser meditativo, é o princípio da meditação, pois, sem a verdadeira base do discernimento, a simples concentração e outras formas da chamada meditação tornam-se perigosas e não tem nenhuma significação...

- O Correto Caminho Da Meditação
Interrogante: Em que, em sua opinião, consiste a verdadeira meditação? Krishnamurti: vejamos, qual o objetivo da meditação? E o que queremos dizer com meditação? Não sei se vocês alguma vez já meditaram mas vamos descobrir juntos em que consiste...

- Energia
O fazer qualquer coisa, por mais insignificante que seja, requer energia, não é verdade? O levantar-se e sair deste pavilhão, o pensar, o comer, o conduzir um carro - toda espécie de ação exige energia. E com a maioria de nós acontece que,...



autoconhecimento








.