Liberdade sem Socialismo é privilégio; Socialismo sem Liberdade é Tirania.
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Liberdade sem Socialismo é privilégio; Socialismo sem Liberdade é Tirania.


O anarquismo constituiu-se na mais incompreendida das filosofias políticas, talvez porque ameace tanto a ordem estabelecida quanto aqueles que pretendem tornar-se nossos novos senhores. Os anarquistas são constantemente convocados a negar a imagem que deles é apresentada pela Esquerda e pela Direita. Dominados por essas imagens mentirosas ou sofrendo de seus próprios preconceitos, poucos se dão ao trabalho de investigar a realidade. Com estas preocupações em vista, nós produzimos este anuário do que realmente acreditamos.
Os anarquistas tem como objetivo a ampliação da liberdade para todos. Nós acreditamos que as pessoas devem ser livres a ponto de poderem determinar o seu próprio destino e suas atividades, dentro dos limites exigidos pelo respeito aos iguais direitos dos outros. A liberdade deve ser real, no sentido de existente, e efetiva, no sentido de prática, destituída de quaisquer proibições legais ou constrangimentos materiais, desnecessários.
Os anarquistas combatem a autoridade e a hierarquia. Todas as pessoas devem ser consideradas iguais. Ninguém tem o direito de exigir ou esperar obediência de outros, exceto quando necessário à proteção de iguais direitos.
Os anarquistas lutam contra o patriarcado. Marca coercitiva das relações sociais fundadas na hierarquia de gênero (ou de sexo) o patricardo oprime e cala a mulher, em ações das quais ainda hoje não estamos plenamente conscientes. As estruturas patriarcais devem ser destruídas, onde quer que sejam identificadas.
Os anarquistas não se opõem à organização. A anarquia traz consigo a idéia de organização, entendida como cooperação ente iguais, livre das relações opressivas de poder. Frequentemente, a falta de organização permite a opressão, sem que se a perceba, e oferece simplesmente a vantagem do mais forte sobre o mais fraco. Nós devemos nos organizar, de modo a prevenir isto. Nós nos opomos, todavia, aos tipos de organização fundados na autoridade e na hierarquia, e àquelas que promovem desnecessária arregimentação e subordinação de indivíduos ou estrangulamento da criatividade individual. Nós nos opomos, implacavelmente, à centralização do poder.








Os anarquistas sustentam a necessidade da democracia direta. Onde as divergências entre as pessoas não podem ser resolvidas de forma cooperativa, a vontade da maioria deve ser respeitada. As decisões consensuais sempre serão ideais, mas onde o consenso não puder ser obtido, procedimentos democráticos devem ser adotados. A consideração das pessoas como iguais exige isto. As democracias representativas e parlamentares contituem fraudes que separam o governo do povo, negam-nos o controle sobre nossas próprias vidas e encorajam a apatia dos cidadãos. A democracia real coloca o poder nas mãos do povo, ao fazer com que todas as decisões sejam tomadas por votação nos locais de trabalho e nos conselhos comunitários.
Os anarquistas tem como objetivo a destruição do Estado. O Estado, um poder que se sustenta pela separação do povo e acima deste, será sempre opressor. Ele tem os seus próprios interesses: sua forma natural é a burocracia, e os militares, a polícia e a força de repressão constituem suas armas. O "controle" do Estado é uma ilusão que corrompe muitos revolucionários. Nós não seremos livres enquanto o Estado existir.
Os anarquistas tem como objetivo o fim da propriedade privada. Nossas necessidades nos acorrentam, tnato quanto os nossos inimigos. "Liberdade" sem os meios de exerce-la é uma enorme fraude. Nós não seremos livres para fazer o que podemos porque outros nos negam os recursos. O monopólio capitalista dos meios de produção, o seu controle da riqueza da sociedade nos escraviza tanto quanto um revólver apontado para nossas cabeças. A separação entre o político e o econômico é um mito burguês. A verdadeira igualdade social exige o igual acesso aos meios de produção. Por esta razão, os anarquistas são socialistas (embora nem todos os socialistas sejam anarquistas).
Os anarquistas sustentam a necessidade de uma Revolução total.
Não há um sequer dos inimigos contemporâneos - Capitalismo, Patriarcado e o Estado - que possamos deixar intacto, se tivermos como objetivo construir um mundolivre de opressão. Como o câncer, essas estruturas reaparecerão e destruirão a liberdade, se não forem enfrentadas onde e quando se apresentarem, e destruídas completa e simultaneamente. Considerando que nosso objetivo consite na total destruição da ordem existente, não podemos ter a pretensão de realizá-lo com práticas reformistas dentro dessa ordem.
Os anarquistas recusam a distinção entre meios e fins. Libertação, revolução constituem nossas atividades, não nossas finalidades. Por essa razão, nunca alcançaremos a liberdade através de métodos autoritários nem destruiremos o Estado apoderando-nos de seu controle.
Os anarquistas não seguem líderes. Nimguém pode liderar-nos tomando a responsabilidade sobre nossas próprias vidas. Somente a nós cabe a nossa libertação. A única "liderança" que reconhecemos é a do exemplo.
Os anarquistas desejam um futuro melhor. Concebemos um futuro livre de opressão, com as pessoas vivendo em comunidade, no controle de sua próprias vidas. Imaginamos uma sociedade autogovernada através dos locais de trabalho e dos conselhos comunitários, tomando decisões de forma democrática, cooperando e organizando. Defendemos uma socieade onde as decisões "econômicas" sobre a produção e distribuição, que nos afetam a todos, serão tomadas democraticamente, ao invés de deixadas nas mãos de uns poucos privilegiados. Livres dos destruidores imperativos do capitalismo, seremos capazes de viver em harmonia com o meio ambiente usar a tecnologia em nosso favor, e não em favor dos patrões; e escapar da ameaça de nova guerra, derivada das necessidades do Capital e do Estado de ampliar sua influência. Nós construiremos nosso próprio futuro.
Os anarquistas estão convencidos de que seu modelo social funciona. Nós acumulamos força com os exemplos dos revolucionários anarquistas, sempre à frente dos movimentos progressistas, através da história. Aprendemos com a Guerra Civil na Espanha, onde camponeses e trabalhadores apoderaram-se de grandes áreas de terra e organizaram-se de acordo com os princípios anarquistas. Aprendemos com outras organizações anarquistas e com a nossa própria experiência, à medida que procuramos realizar a teoria anarquista na prática de nossas vidas.


Anarquia para o novo Milênio!




Os recentes acontecimentos históricos servem para sublinhar a importância do pensamento anarquista no mundo contemporâneo. O colapso da Rússia e as transformações ocorridas no leste europeu desacreditaram definitavamente o socialismo autoritário. Os males do capitalismo, no entanto, permanecem subsistindo. A agressiva execução das políticas de mercado "livre" em nível mundial (a globalização da economia), através do Fundo Monetário Internacional, do Banco Mundial e da Organização Mundial do Comércio, tem gerado não apenas um aumento da disparidade entre o rico hemisfério Norte e os povos depauperdos do hemisfério Sul, mas também um profundo abismo entre ricos e pobres em cada um desses hemisférios. O que se exige claramente, portanto, é uma revolução que não pretenda apenas substituir um grupo de patrões por outro. A acelaração da crise ambiental enfrentada pelo planeta é outro indicador da imprestabilidade das atuais estruturas sociais para atender as reais necessidades do povo. Uma socieade em que as decisões políticas/econômicas são tomadas por políticos/patrões indiferentes às consequências de suas decisões jamais viverá em harmonia com o meio ambiente. Somente atribuindo o poder de tomar decisões àqueles que vivem e trabalham em uma área alcançaremos uma comunidade auto-sustentável, de livres e iguais.




A escolha, portanto, está entre os de sempre - a guerra, a pobreza, a injustiça, a destruição ambiental - ou a Anarquia. Nossa escolha é clara.




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