Lidando com as "saídinhas do ser"
autoconhecimento

Lidando com as "saídinhas do ser"


Transcender a dualidade é visão soberana;
dominar abstrações é prática régia.
As abstrações existem; você perderá sua consciência muitas e muitas vezes. Medita, senta-se para a meditação, um pensamento surge e, imediatamente, você se esquece de si mesmo, segue o pensamento, é envolvido por ele. O Tantra diz que há apenas uma coisa a ser dominada — a abstração. 

Como? Só de uma maneira: quando um pensamento vier, conserve-se testemunha. Encare-o, permita que ele passe pelo seu ser, mas não se prenda de forma alguma a ele, a favor ou contra. Pode ser um mau pensamento, um pensamento voltado para matar alguém — não repele-o, não diga: este é um mau pensamento. No momento em que você diz alguma coisa sobre um pensamento, você se liga a ele e cai na abstração. Aquele pensamento pode levar-lhe a muitas coisas, de um pensamento a outro. Um bom pensamento vem, um pensamento compassivo; não diga: "Oh! Que lindo! Sou um grande santo. Tão belos pensamentos estão surgindo que eu gostaria de dar a salvação ao mundo inteiro. Gostaria de libertar toda a gente." Não diga isso. Bom ou mau, conserve-se com uma testemunha.

Mesmo assim, a princípio, muitas vezes você se distrairá. Então, o que fazer? Se você está absorto, seja absorto. Não se preocupe demais com isso, quando não, essa preocupação se tornará obsessiva. Seja distraído! Por alguns minutos você permanecerá absorto e, então, subitamente, recordará: "estou distraído" e estará de volta. Não se sinta deprimido. Não diga "não está certo que me distraía", pois estará novamente criando o dualismo: mau e bom. Distraído? Pois está bem, aceite isso e volta. Mesmo com a distração, não crie um conflito

Isso é o que Krishnamurti vem dizendo sempre. Usa, para tanto, um conceito paradoxal. Diz que, se você está desatento, deve ser atentamente desatento. Isso é certo! De repente você descobre que esteve desatento, dá atenção a isso e retorna ao ponto de partida. Krishnamurti não tem sido compreendido pelo fato de seguir o Caminho Régio. Se ele fosse um iogue, seria compreendido muito facilmente. Por isso diz, constantemente, que não há método: no Caminho Régio não há método. Insiste em dizer que não há técnica. Insiste em dizer que escritura alguma lhe ajudará: no Caminho Régio não há escritura. 

Absorto? No momento em que recordar, no momento em que prestar atenção e descobrir que esteve distraído, retorne! Isso é tudo! Não crie conflito algum. Não diga que foi mau, não se sinta deprimido, frustrado, por haver novamente se distraído. Nada há de errado na distração — goze também isso. 

Se você puder gozar a abstração, ela lhe acontecerá cada vez menos. E um dia virá em que não haverá abstração — mas não será uma vitória. Você não recalcou os fios da distração da sua mente para a profundeza do inconsciente. Não. Você permitiu que eles viessem. Também eles são bons. 

Esta é a maneira de ser do Tantra, que diz que tudo é bom e sagrado. Mesmo que haja abstração, distração, de certa forma ela é necessária. Você pode não ter consciência do porque dessa necessidade, entretanto ela existe. Se você puder se sentir bem com tudo o que acontece, só então está seguindo o Caminho Régio. Se começa a combater o que quer que seja, é porque saiu do Caminho Régio e se tornou um soldado comum, um guerreiro. 
Compreender a dualidade é visão soberana;
dominar abstrações é prática régia;
a trilha da não-prática é o caminho de todos os Budas.
 
O S H O — Tantra: a Suprema Compreensão





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