José Hermógenes de Andrade Filho, mais conhecido como professor Hermógenes, foi um escritor, professor brasileiro, divulgador do hatha ioga.
José Hermógenes de Andrade Filho nasceu em 9 de março de 1921, em Natal, no bairro do Tirol, Rio Grande do Norte, em uma família pobre.
Por volta dos 10 anos, teve uma experiência que ele considerou como o primeiro contato com os princípios do yoga, e que futuramente regeria toda a sua vida.
Ao se banhar na beira do mar, foi puxado pela correnteza e quase afogou-se, não sabia nadar. De repente, viu um rapaz nadando em sua direção. O salvador lhe disse: "Não tente me ajudar nem me segurar. Simplesmente amoleça". Ele obedeceu. Entregou-se à circunstância e se deixou salvar. Naquele instante, Hermógenes aprendeu a lição da entrega: "fui aprendendo de mansinho a viver de forma suave e a aceitar de forma positiva as dificuldades que a vida me impõe, para poder transformá-las em aprendizado".
Aos 20 anos, como não havia escolas superiores em Natal e não tinha recursos para estudar em outra cidade, Hermógenes decidiu fazer um curso na Escola Militar do Rio de Janeiro, onde tinha hospedagem, estudo e alimentação. Casou-se Ione Maria. Em 1945, já com duas filhas, Ana Lúcia e Ana Cristina, estava se preparando para ir à Itália, lutar na Segunda Guerra. Ele diz que sua mãe rezou tanto que a guerra acabou.
Era um buscador incessante da verdades mais profundas do Ser e algumas explicações em sua religião não o satisfaziam. Não conseguia abrandar a sua sede de compreender. Na década de 1950, já capitão do Exército quase resignou-se a se contentar apenas com o aspecto litúrgico da religiosidade, procurando aceitar, sem no entanto compreender.
Então ele conheceu a Bhagavad Gītā e começou a perceber a Verdade: seu pedido estava sendo concedido. Na época, 1955, publicou seu primeiro livro, "A Pergunta que Ensina", um método didático para ensinar História do Brasil.
Ainda era capitão do Exército quando, no fim dos anos 50, foi surpreendido por uma tuberculose, uma doença maldita naquela época... Seu médico lhe disse que seu pulmão estava todo comprometido! Teria de tomar medicamentos e iniciar o tratamento com injeções de ar no tórax, entre a massa pulmonar e a pleura: o pneumotórax.
A Bhagavad Gītā o deu tranqüilidade em relação às provações. Já estava praticando o Yoga espiritual e não sabia. Depois de uns dois anos, perguntou para seu médico quando poderia parar o pneumotórax. Ele não só lhe disse que estava longe da cura, mas que teria de fazer uma cirurgia!
Foi aí que ganhou um livro de Hatha Yoga (Yoga and Sports, de Elizabeth Haich e Selvarajan Yesudian), que ensinava uma série de posturas para melhorar a saúde física e espiritual. Com um autor indiano (Selvajaran Yesudian) e escrito em francês, o livro foi um manual "sem mestre", pois era extremamente claro. Assim, ele começou a praticar Hatha Yoga, como experiência, em silêncio e escondido, no chão frio do banheiro, pois assim ninguém o desaprovaria.
Pensou: “Ou fico bom ou morro logo. A transformação em poucos meses foi tão espetacular que surgiu um novo ser daquela ruína. Senti o compromisso de dedicar o resto da minha vida a mostrar o mapa da mina aos outros".
Aos poucos, Hermógenes começou a experimentar os efeitos benéficos da prática diária e, em alguns meses, sentiu-se renascido: "Descobri que o corpo não pode ser visto como outra coisa senão como um meio para se chegar a uma sabedoria maior".
Começou, então a dar aulas na garagem de uma aluna, devido ao crescente interesse em sua cura e reabilitação. Mergulhou nos livros de filosofia para, em 1960, publicar um livro revolucionário para a época, o primeiro compêndio em português de Hatha Yoga: "Autoperfeição com Hatha Yoga", o primeiro manual do tipo publicado em língua portuguesa. Foi nessa época que conheceu Caio Miranda.
“Estudei muito para escrever. Não queria que o livro virasse objeto de riso dos profissionais, dos médicos... Ninguém falava em Yoga no Brasil. Eu estava sozinho nessa aventura fantástica”.
O livro causou rebuliço e Hermógenes começou a receber cartas de pessoas que insistiam para ele ampliar as suas aulas. Isso implicaria em sair da garagem de sua aluna e ter que cobrar pelas aulas.
Então, um dia, um amigo lhe fez uma surpresa: o levou para conhecer um espaço no centro do Rio de Janeiro e comprometeu-se a pagar a mensalidade se o professor não conseguisse alunos (o que nunca foi preciso). Surgiu aí a Academia Hermógenes de Yoga, fundada em 1962, que permanece até hoje no mesmo endereço, sem ter filiais ou propaganda.
Nessa época, Hermógenes conheceu Maria Bicalho, que viria a ser sua segunda esposa, e entrou em contato com os ensinamentos de Paramahansa Yogananda, autor do livro "Autobiography of a Yogi" (Autobiografia de Um Iogue).
Incansável buscador, Professor Hermógenes se tornou kriyaban, recebendo iniciação na técnica de Kriya Yoga de Paramahansa Yogananda.
Continuando sua busca e estudos, aprofundando seu conhecimento sobre o Sanātana Dharma (a Lei Eterna), e conheceu a Teosofia de Helena Petrovna Blavatsky. Sempre admirou a qualidade das traduções das escrituras indianas e da interpretação dada por autores teosóficos e acabou vice-presidente da Sociedade Teosófica no Brasil, em 1.975: “Entendo a Teosofia pelo seu conceito original, essencial e verdadeiro. Vejo que ela é a mesma coisa que Sanātana Dharma (ou Prājña). É a Lei Eterna, a sabedoria que liberta. A Teosofia arrumou minha cabeça e me ensinou a viver, simultaneamente, o Hinduísmo, o Budismo e o Cristianismo. Isso me facilitou a entender que as religiões são ramos diferentes de uma só árvore, que se alimenta de uma mesma seiva”.
Em 1979 casa-se com Maria Bicalho, companheira inseparável, que passou a acompanhá-lo onde quer que fosse. Devota de Sathya Sai Baba, com ela viajou inúmeras vezes à Índia, onde teve a oportunidade de conhecer o mestre indiano.
Foi um dos primeiros a trazer a mensagem de Sathya Sai Baba para o Brasil. Traduziu obras importantes de Satya Sai Baba para o português: "O Fluir da Canção do Senhor (Gita Vahini) e "Sadhana, o caminho interior"e fundar o primeiro centro dedicado ao mestre no Brasil.
A inauguração do primeiro centro aconteceu no dia 27 de junho em 1987 e foi denominado Centro Bhagavan Sri Sathya Sai Baba do Rio de Janeiro. Mas apesar de seu nome oficial, acabou ficando informalmente conhecido como Centro Sathya Sai de Vila Isabel, devido ao bairro de sua localização.
Em 1993, numa de suas viagens para a Índia, Maria foi atropelada por um caminhão e, após o acidente, ficou com sequelas neurológicas sérias.
Maria teve mal de Alzheimer e morreu em fevereiro de 2002, 8 anos e 8 dias após o acidente. Hermógenes dedicou os livros "Iniciação ao Yoga" e "Superação à Mulher", com essa frase que sempre usa em momentos difíceis: "entrego, confio, aceito e agradeço". E completa: "Maria a mim não pertencia, logo não a perdi. Temos mania de achar que possuímos as coisas e as pessoas. Uma tremenda ilusão. Quando percebemos isso, a vida fica mais leve".
Professor Hermógenes era doutorado em Yogaterapia pelo World Development Parliament da Índia e é Doutor Honoris Causa pela Open University for Complementary Medicine.
Recebeu a Medalha de Integração Nacional de Ciências da Saúde e o Diploma d'Onore no IX Congresso Internacional de Parapsicologia, Psicotrónica e Psiquiatria (Milão, 1977).
Escolhido o Cidadão da Paz do Rio de Janeiro, em 1988, e a Medalha Tiradente em 8 de maio de 2000. A premiação foi conferida pela Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, pelo bem-estar e benefícios à saúde que as obras de José Hermógenes de Andrade Filho, imbuídas de seu espírito amoroso e sua visão espiritual sincretista, trouxeram para os brasileiros.
Hermógenes foi um dos precursores da yoga no Brasil e escreveu mais de 30 livros, traduzidos em diversas línguas, dentre os quais se destacam Autoperfeição com Hatha Yoga e Yoga para Nervosos. Também publicou diversos artigos, disponíveis gratuitamente para estudo.
É fundador da Academia Hermógenes de Yoga.
A academia Hermógenes, “É um templo onde as pessoas aprendem a se transformar pelo Yoga Tradicional” – Hermógenes.
Yoga é um estilo de vida que cultiva o corpo, cultiva a mente e trabalha com as energias. Prepara-se o corpo físico para que, em perfeita e harmoniosa saúde, possa o ego sentir-se bem e assim obedecer às leis que conduzirão à felicidade. A mais de 50 anos, este é o objetivo do professor Hermógenes, disseminar os ensinamentos do Yoga.
Em 2012, foi lançado um livro sobre sua biografia, "Hermógenes: Vida, Yoga, Fé e Amor", escrito por um aluno e discípulo. Está em fase de produção um documentário sobre sua história, obra e vida.
Instituto Hermógenes:
O Instituto Hermógenes tem em sua missão propagar os ensinamentos e a obra deste grande mestre, oferecendo aulas baseadas no conjunto de técnicas do Hatha Yoga que leva o praticante a um equilíbrio físico, mental, emocional e espiritual.
O ensino do Yoga deve respeitar a natureza interna de cada pessoa, despertando o auto conhecimento de forma lenta e progressiva onde resultará em uma nova forma de enxergar a vida.
Atualmente com sede no Rio de Janeiro, o Instituto conta com salas, acessórios e professores especializados com o método Hermógenes para a prática.
Como um dos precursores da Terapia Holística do Brasil, todo o trabalho do Instituto é desenvolvido a partir de seus trabalhos.
José Hermógenes de Andrade Filho é considerado o pioneiro em medicina holística no Brasil, com mais de 42 anos de prática e ensino de Yoga.
Filósofo, poeta, escritor e terapeuta, o professor Hermógenes costumava dizer que se sentia mais jovem, aos 85 anos, do que aos 35. Doutor em Yogaterapia, título concedido pelo World Development Parliament, da Índia, é o criador do treinamento anti-stress.
Por Elizabeth Wessler
"Prof. Hermógenes, um semeador da luz, através de seus livros, de suas palestras, de suas aulas, de seu jeito de ser, partiu nesta tarde de sexta-feira… libertou-se…
Ele divulgou o yoga com convicção serena. Adquiriu conhecimento de causa. Curou-se de uma tuberculose cruel com a prática diária. E seguiu além… Mudou seu estilo de vida. Tornou-se um ser melhor e mais feliz.
Por sentimentos profundos de amor ao próximo resolveu partilhar seu conhecimento e experiência. Decidiu espalhar a boa nova. Com isso, promoveu transformações internas e externas em muita gente.
“Sou apenas um praticante persistente”, uma vez me confessou. Apregoa com convicção que o yoga é um caminho para Deus.
Ele cumpriu sua missão de maneira notável e ousada. Popularizou um conhecimento quase desconhecido do Ocidente, vindo de terras longínquas, a sabedoria da Índia. Utilizou seus dons divinos para servir ao próximo. Pensava, falava e agia com coerência e consciência.
Sinto que ele estava preparado para a partida e sutilmente também nos prepara com suas palavras: “Entrego, Confio, Aceito e Agradeço”. Tenho a certeza que sempre que alguém pensar nele, sua energia estará presente.
A Luz não se apaga, mas ilumina de outra forma, dentro de nós. Obrigado por tudo prof. Hermógenes…"
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