O Dr. Robert Paul Lanza, nascido em Boston, Massachusetts (1959), é um médico, psicologo, cientista americano, considerado pelo New York Times, um dos três mais importantes cientistas vivos.
Ele tem centenas de publicações e invenções, e mais de 30 livros científicos: entre eles, "Princípios de Engenharia de Tecidos", que é reconhecido como a referência definitiva no campo.
Médico pesquisador, é especializado em medicina regenerativa à nível celular (histologia regenerativa) e, por força de suas pesquisas, um estudioso de áreas de ponta, como a física moderna (quântico-relativista).
Entre outras funções, ele é chefe de pesquisas do Advanced Cell Technology e professor do Institute for Regenerative Medicine, departamento do Wake Forest University Scholl of Medicine, todas situadas nos EUA.
Robert Lanza ficou famoso por suas pesquisas com células-tronco e clonagem de seres vivos, em especial como meio de preservação em favor de espécies ameaçadas de extinção. Em 2001, ele foi o primeiro a clonar uma espécie em extinção (a Gaur), e em 2003, ele clonou um boi selvagem ameaçado de extinção (a Banteng) a partir das células da pele congeladas de um animal que tinha morrido no jardim zoológico de San Diego quase um quarto século atrás.
Lanza, pelo menos antes de lançar a sua teoria apelidada de Biocentrismo (2007), participou de diversas pesquisas da abordagem tradicional da ciência, incluindo pesquisas em Psicologia, da linha behaviorista (juntamente com Skinner), com diversos artigos publicados na Science, uma das principais revistas da ciência tradicional.
Além da Psicologia, Lanza realizou pesquisas na área da Biologia, de células-tronco, com o intuito de curar certos tipos de cegueira.
No entanto, em 2007, o cientista propôs a ideia de Biocentrismo na revista literária The American Scholar e, em 2009, publica oficialmente o livro “Biocentrismo: como a vida e a consciência são a chave para compreendermos a verdadeira natureza do universo” .
Não bastasse seu currículo repleto de contribuições científicas de ponta, com o lançamento do livro, Lanza faz um levantamento do que a ciência atual entende sobre a vida, voltado para a instrução e atualização do público geral com um nível médio de conhecimento científico.
Como o próprio título sugere, para Lanza é a vida e, mais ainda, a consciência - que se expressa por meio da vida - que tem a primazia evolutiva e, com esta, estimula o desenvolvimento das manifestações físicas do Universo.
É a consciência e a vida, sua expressão que, para tanto, se utilizam da matéria tanto para animá-la quanto para se desenvolverem mutuamente (mente, vida e matéria) do que o oposto, ou seja, a matéria dando origem à vida e a consciência como mero fruto do acaso.
Tal inversão lançaria nova e revolucionária luz sobre a ordem que vemos na natureza e seria o que determina a escala o aspecto geral do universo conhecido e o processo evolutivo que vemos, da matéria à consciência.
Indo mais além, estabelece, como consequência, a existência da própria consciência como ente com uma realidade própria, inclusive sobrevivente à morte física.
Apesar de ainda polêmica, a ideia não é de modo algum nova. Agora, dentro do rígido mundo acadêmico e laboratorial, é o Dr. Robert Lanza quem afirma que o atual nível de avanço da ciência permite dirimir praticamente qualquer dúvida sobre esta questão.
Para ele, o quadro atual da ciência possibilita afirmar que a vida continua para além da morte física e, mais que isso, essa vida consciente se aperfeiçoa com o tempo, voltando a viver em outros corpos (reencarnação), e atuando entre uma vida e outra em dimensões para além da nossa.
Os estudos de Lanza - transdisciplinares ao estilo de Edgar Morin, James Lovelock, Ilya Prigogine, Dean Radin e Fritjof Capra -, unem ou estabelece pontes de comunicação que vai da Física Avançada para a Psicologia e Biologia de ponta e o levaram a formular sua teoria ou princípio do Biocentrismo.
Nesta, é a consciência (ou algo bem parecido com a noção de um espírito consciente) que é o elemento mais fundamental no universo, ou seja, é a consciência o elemento que rege e estabelece a composição do universo, e não o inverso como o modelo mecanicista convencional costuma estabelecer.... Costuma estabelecer e reduzir, metafisicamente e a priori, de conformidade com o modelo mecanicista, interpretando a consciência como se esta fosse um mero epifenômeno secundário e sem muita importância da matéria (visão materialista-reducionista).
As afirmações de Lanza podem parecer polêmicas, ousadas ou até mesmo temerárias, mas estão longe de serem frutos de uma mente excêntrica que deseje polemizar para obter notoriedade. Ao contrário, são baseadas em evidências, portanto, fatos, bem estabelecidos e pesquisados que agora ele tenta explicar numa teoria coerente, denominada biocêntrica.
Robert Lanza, portanto, estabelece uma trama relacional abrangente unindo os fios da Biologia, da Física e da Psicologia. O quadro teórico resultante resgata as noções da Metapsíquica de Charles Richet, Gustave Geley e Frederic Myers.
Afirma ele que o Biocentrismo dá sentido à ideia bastante ventilada nos últimos trinta anos, no complexo meio da Física teórica, de múltiplos universos, evocando a noção de que é possível a existência da consciência em “outros mundos”.
Neste quadro, a consciência desempenha um papel que a ciência dita exata começa a levar em consideração. Sendo assim, segundo Lanza, a morte seria uma mera ilusão criada pela mente restringida pelos sentidos, adaptados a um mundo material limitado e difícil de se lidar a três dimensões, mas que demonstra possuir uma capacidade criativa e intuitiva que ultrapassa estes limites pois, a vida, para Robert Lanza, transcende a linearidade banal aceita pelo modelo cartesiano-newtoniano da ciência clássica e ao qual estamos acostumados.
Segundo ele, a noção aceita de morte é uma interpretação errônea, ou melhor, uma crença culturalmente compartilhada, baseada numa metafísica materialista que ainda desconsidera os achados da Psicologia e da Física de ponta.
A vida e a consciência, por sua vez, criariam a realidade biológica e esta transformaria o mundo, sem a noção linear, reducionista, simplificadora e limitante que adotamos nos últimos trezentos anos. A morte apenas existe como conceito cultural, ensinado pelas gerações a partir de uma visão limitadora da realidade, e, portanto, não pode “existir em qualquer sentido real”.
Uma vida que cumpre seu ciclo é a manifestação temporal da consciência que continua a existir em outras realidade dimensionais, e mesmo podendo voltar a esta dimensão para um novo ciclo de desenvolvimento pessoal, ajudando, igualmente, no desenvolvimento coletivo.
A vida física individual seria um mera emergência temporal, um fragmento na realidade restritiva a que estamos acostumados, mas que a supera e que, por sua vez, daria simplesmente um novo recomeçar quando morremos, para novas possibilidades.
O contrário de morrer não é, portanto, viver, mas nascer. A vida simplesmente é e se manifesta temporalmente, na matéria, dentro dos limites do nascer e do morrer e, portanto, transcende - como sentimos intuitivamente - o tempo cronológico.
Não se trata de um tempo, passado, presente e futuro – aqui, sem a nossa consciência, espaço e tempo não tem valor algum, desta forma, quando morremos, a nossa mente não poderia deixar de existir, pois ela faria parte do universo, assim, ao menos uma parte fundamental da mente individual pode ser imortal, como, aliás, é dito por quase todas as tradições religiosas e filosóficos do mundo inteiro.
A recepção negativa da comunidade científica com as suas ideias de Lanza não foi consensual. O médico Nobel, já falecido (2012), Edward Donnall Thomas, fez uma declaração positiva para a Revista Forbes, em 2007.
Outros cientistas, como o físico Lawrence Krauss, alegaram que a ideia, filosoficamente falando, pode ser “interessante”, mas “não é testável cientificamente”. Alguns, de forma mais negativa, como Dr. Vinod Wadhawan, acusaram Lanza de pseudocientista e de aproveitador, por fazer uma parceria com o médico Deepak Chopra, com o simples intuito de alavancar suas vendas.
Apesar das críticas, a teoria de Robert Lanza, provocou e ainda provocará uma revolução científica, já pode-se afirmar que, no mínimo, trouxe uma discussão nos meios científicos sobre um assunto tão polêmico e tabu, que é a morte.
Lanza recebeu inúmeros prêmios e outros reconhecimentos, incluindo em 2014 da revista Time, como uma das 100 Pessoas Mais Influentes do Mundo.
Biocentrismo e Vida Após a “Morte”
O Biocentrismo, definido por Lanza, defende que o universo provém da consciência e, sem ela, ele não poderia existir. Para sustentar esta ideia, o Biocentrismo se apoia no experimento da dupla fenda, onde o elétron é determinado como partícula, pelo fato de medi-lo, uma vez que o elétron se comporta como ondas de possibilidades, até o momento em que se procura saber a sua localização exata.
Tal experimento deu origem ao enunciado, da mecânica quântica, chamado de Princípio da Incerteza, onde as nossas observações provocariam algum efeito, no mundo atômico. Além da dupla fenda, Lanza afirma que o Biocentrismo é semelhante à ideia de múltiplos universos, evocando a noção de que é possível a existência da consciência em “outros mundos”, uma vez que haveria um número infindável de universos, que existem simultaneamente ao nosso.
Segundo o cientista, a morte seria um ilusão criada pela nossa mente, pois, a vida, para Robert, transcende a linearidade a qual estamos acostumados em observá-la. Segundo ele, a morte é uma crença, assim o tempo e o espaço não existiriam de fato, objetivamente, mas seriam apenas ferramentas da nossa mente, para a compreensão do universo.
O Princípio Antrópico Cosmológico também é base para o Biocentrismo de Lanza, ou seja, a nossa existência não surge ao acaso, pelo contrário, é proposital. A vida e a biologia, por sua vez, criariam a realidade, sem a noção linear e limitante que costumamos assumir.
Ainda, de acordo com o médico, a morte apenas existe como conceito, ensinado pelas gerações, e, portanto, não pode “existir em qualquer sentido real”, em contraposição, a vida seria apenas um fragmento de tempo – este, por sua vez, daria simplesmente um “reboot” quando morremos, fisicamente, a novas possibilidades. A vida, portanto, não se trata de um tempo, passado, presente e futuro – aqui, sem a nossa consciência, espaço e tempo não tem valor algum, desta forma, quando morremos, a nossa mente não poderia deixar de existir, pois ela faria parte do universo, assim uma parte da mente poderia ser imortal.
Os Sete Princípios
A teoria do Biocentrismo se baseia em 7 princípios:
1. O espaço e o tempo não são realidades absolutas, portanto, a realidade “externa” seria um processo de percepção e de criação da consciência.
2. As nossas percepções externas e internas estão ligadas, de forma profunda, não podendo se divorciar uma da outra.
3. O comportamento das partículas subatômicas está ligado com a presença de um observador consciente. Sem esta presença, as partículas existem, no melhor dos casos, em um estado indeterminado de probabilidade de onda.
4. Sem consciência a matéria permanece em um estado indeterminado de probabilidade. A consciência precede o universo.
5. A vida cria o universo, e não o contrário, como estabelecido pela ciência tradicional.
6. O tempo não tem real existência fora da percepção humana.
7. O espaço, assim como o tempo, não é um objeto. O espaço é uma forma de compreensão e não existe por conta própria.
Revolução Científica
É verdade que a física quântica revolucionou o nosso modo de compreender o universo e de pensar cientificamente. O Biocentrismo é uma teoria que vem acompanhada de outras concepções, desenvolvidas por outros cientistas, como Stuart Hameroff, Roger Penrose e Amit Goswami, que, apesar de serem rejeitadas por boa parte do mainstream científico, representam algo que poderia ser impensável ou inadmissível por algumas pessoas: cientistas de renome que acreditam na vida após a morte.
Como diria Einstein, a distinção entre passado, presente e futuro é apenas uma teimosa e persistente ilusão.
*Postagem elaborada a partir de enxertos do magnífico texto de Carlos Antonio Fragoso Guimarães
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