Não saber, é Samadhi - Osho
autoconhecimento

Não saber, é Samadhi - Osho



"Osho, existe algum momento em que a pessoa sabe o por que das coisas acontecerem de um jeito e não de outro?

Não, esse momento nunca chega. Esse momento não pode chegar; o conhecimento é impossível. A vida é um mistério - quanto mais você sabe sobre ela, mais misteriosa ela se torna. Você não pode reduzi-la a uma fórmula, não pode reduzi-la a teorias. Ela nunca se torna uma doutrina. Quanto mais fundo você vai, mais se sente ignorante. Mas essa ignorância é abençoada. Esse não saber é incrívelmente belo, é uma benção, porque nesse não saber seu ego morre. Esse não saber torna-se o túmulo do seu ego. E surge o assombroso: Ohh!!! É uma grande alegria!

O conhecimento é um desmancha-prazeres. As pessoas cheias de conhecimento não são pessoas alegres; elas se tornaram sérias. Estão sobrecarregadas, seu coração não dança mais; só sua cabeça continua crescendo além de toda proporção. (...) Todo o seu corpo desaparece, todos os membros encolhem, restando apenas a cabeça. Elas ficam com a cabeça pesada.

Quando o conhecimento desaparece, você fica totalmente em paz com a vida e a existência. O conhecimento divide.
Deixe-me repetir isso: o conhecimento o separa da existência. E devido a essa separação há uma angústia e uma ansiedade contínuas; algo está continuamente faltando. Só um não-sabedor pode se unia à vida. Só o não conhecimento une; o conhecimento divide. 

Em um estado de não saber, você começa a se fundir com as árvores, as montanhas, e as estrelas. Você não sabe onde você termina e onde elas começam, você não sabe nada. Você é de novo uma criança, catando conchinhas na praia. De novo uma criança com olhos repletos de assombro. Por meio desse assombro você começa a sentir o que a existência é - não sabendo, mas sentindo. 
Você começa a amar aquilo que ela é - não sabendo, mas amando. E através do sentir e do amor, você começa a viver pela primeira vez. Quem se importa, quem quer saber do conhecimento? (...)

As coisas são da maneira que são, não há outra maneira. Essa é a única maneira. E não há uma explicação, do contrário você poderia via a saber. Não existe causa, do contrário você a teria decodificado. Não há razão para a existência. Ela é totalmente absurda, não deveria existir, não há razão para ela. Porque deve haver árvores, estrelas, homens e mulheres - por quê? Não há razão por que deva haver o amor, por que deva haver consciência. Por que tudo isso?

O porquê começa a escorregar de você. Um dia de repente você não está mais buscando causas, razões e porquês; Você simplesmente começa a dançar; Você não consegue responder por que está dançando; não há resposta para isso. E todas as respostas que têm sentido são falsas.

Por que você ama? Por que a música o deixa eletrizado? Por que, vendo uma flor pela manhã você de repente é atraído para ela como se fosse um ímã? Por que à noite você se sente tão atraído pela lua? Por quê? Uma criança está rindo e você para por um momento para olhar para ela e se sente feliz. Por que há ali felicidade? Por que há celebração? Por que há vida? Por que há existência? Não há razão. E se você encontrar alguma razão, novamente será relevante perguntar: por quê?

Se você diz que Deus criou o mundo, então surge a pergunta: por que ele criou o mundo? Isso não resolve nada, simplesmente aprofunda um pouco mais a pergunta - por que Deus criou o mundo? (...)

Você não resolve nada perguntando por quê? Buda é bem mais verdadeiro: ele diz que ninguém jamais criou o mundo; dessa maneira ele descarta sua pergunta. Ele diz que o mundo sempre esteve ali e sempre estará ali - sem nenhuma razão, sem nenhuma causa. Ele existe sem causa. Isso é difícil para a mente racional, porque sempre buscamos a causa. Quando a causa é apresentada, nós nos sentimos à vontade. Ela é um desejo da razão; quando conhecemos a explicação, a causa e a razão, nós nos sentimos bem porque sabemos. Mas o que sabemos?

Toda a teologia no decorrer dos tempos não forneceu uma única resposta. Todos os cinco mil anos de filosofia se mostraram absolutamente fúteis.

Se você me entende, eu não gostaria de dizer que nunca chega um momento de conhecimento em que você sabe porque o mundo é da maneira que é r por que não é de nenhuma outra maneira. Quando mais você penetra em seu ser, menos perguntas surgem. Uma dia todas as perguntas desaparecem. Não estou dizendo que você obtém uma resposta, apenas que as perguntas desaparecem. 

O homem que chamamos de iluminado não é o homem que conhece a resposta, mas é o homem cujas perguntas desapareceram. Ele não tem mais nenhuma pergunta. Nesse estado de não questionamento há um grande silêncio, um silêncio total, um silêncio absoluto. E um belo não saber.

Esse não saber é iluminação.
Buda não ficou sabendo nada. Tudo o que ele atingiu foi o desaparecimento de suas perguntas. Agora não há mais nenhuma pergunta perturbando sua mente; todo aquele ruído se foi. Ele foi deixado só, em silêncio. Ele não é mais um conhecedor, ele não clama saber isto ou aquilo. Ele sabe apenas nada. 
É isso que Buda chama de nirvana - não saber nada, ou saber apenas nada. 
Estar em um estado de não saber, é samadhi."
Osho em Inocência, conhecimento e encantamento.





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