A mente pode existir apenas se você ficar procurando algo. Por quê? Procurar é desejo, é buscar o futuro, é criar sonhos. Assim, alguém está procurando poder, poder político, outro está procurando riquezas, reinados, e outra pessoa está procurando a verdade. Mas o procurar está presente, e procurar é o problema, e não o que você está procurando. O objeto nunca é o problema; qualquer objeto servirá. A mente pode se pendurar em qualquer objeto; qualquer desculpa é suficiente para ela existir.
O mestre disse: “Não existe estado mental porque não existe mente. E não existe a verdade; então, do que você está falando? Não pode haver nenhuma busca?”
Essa é uma das maiores mensagens já transmitidas. Ela é muito difícil, e o discípulo não pode conceber que não existe a verdade. O que esse mestre quis dizer quando fala que não existe a verdade? Ele quer dizer que não existe nenhuma verdade?
Não, ele está dizendo que não pode haver nenhuma verdade para você, que é um buscador. A busca sempre leva à inverdade. Somente uma mente que não busca percebe aquilo que é. Sempre que você busca, acaba perdendo aquilo que é. A busca sempre leva ao futuro; ela não pode estar no aqui e agora. Como você pode buscar o aqui e agora? No aqui e agora, você pode somente ser. Busca é desejo — entra o futuro, o tempo —, e este momento, este aqui e agora, é perdido. A verdade está aqui e agora.
Se você for a um buda e perguntar: “Deus existe?”, ele o negará imediatamente: “Deus não existe.” Se ele disser que existe, cria um buscador, você começa a procurar. Como você pode permanecer quieto quando existe Deus a ser alcançado? Onde você deveria ir para encontrá-lo? Você criou uma outra ilusão.
Por milhões de vidas você foi um buscador, atrás disto ou daquilo, deste ou daquele objeto, deste ou daquele mundo, mas um buscador. Agora você é um buscador da verdade, mas o mestre diz que não existe a verdade. Ele corta a própria base da busca, tira o próprio chão sobre o qual você está, sobre o qual sua mente está. Ele simplesmente o empurra para o abismo.
(…) Se você não estiver buscando, você não existe, por que o buscar é que lhe dá o ego. Neste exato momento, se você não estiver procurando ninguém e não estiver procurando nada, então você não está aqui — não há multidão. Se não estou ensinando coisa alguma — porque não há nada a ser ensinado, nenhuma verdade a ser ensinada —, se eu não estiver ensinando coisa nenhuma e se você não estiver aprendendo coisa nenhuma, quem estará aqui? Há o vazio e o estado de graça do puro vazio. Os indivíduos desaparecem e se tornam uma consciência oceânica.
Os indivíduos estão presentes devido às mentes individuais. Você tem um desejo diferente, e é por isso que você difere de outras pessoas. Desejos criam distinções; eu estou procurando uma coisa, você está procurando outra coisa; meu caminho difere do seu, meu objetivo difere do seu. É por isso que eu difiro de você. Se eu não estiver procurando e você não estiver procurando, os objetos desaparecem, os caminhos deixam de existir. Como, então, a mente pode existir? A xícara quebrou, meu chá fluiu para você e seu chá fluiu para mim. A existência se torna oceânica.
OSHO