O QUE HÁ DE NOVO NO DISCURSO DE EMMA WATSON NA ONU?
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O QUE HÁ DE NOVO NO DISCURSO DE EMMA WATSON NA ONU?



A atriz Emma Watson já é querida por todos. Entretanto, a embaixadora Emma Watson (nomeada há alguns meses) está conseguindo conquistar ainda mais o respeito e admiração.

No último domingo, dia 21, a embaixadora da boa vontade da agência ONU Mulheres, Emma Watson, esteve em Nova York em um evento da Organização das Nações Unidas para o lançamento da campanha HeForShe.

No discurso, Watson explicou o que é o feminismo e falou sobre o fato de muitos associarem o movimento com agressividade, falou sobre a igualdade de gêneros e sobre liberdade.

Confira abaixo a transcrição traduzida:  


“Hoje estamos aqui lançando a campanha HeForShe. Eu estou falando com vocês porque precisamos de ajuda. Queremos acabar com a desigualdade de gêneros – e pra fazer isso, todo mundo precisa estar envolvido.
Essa é a primeira campanha desse tipo na ONU. Precisamos mobilizar tantos homens e garotos quanto possível para a mudança. Não queremos só falar sobre isso. Queremos tentar e ter certeza que é tangível.
Eu fui apontada como embaixadora da boa vontade para a ONU Mulheres há seis meses e quanto mais eu falava sobre feminismo, mais eu me dava conta que lutar pelos direitos das mulheres muitas vezes virou sinônimo de odiar os homens. Se tem uma coisa que eu tenho certeza é que isso tem que parar.
Para registro, feminismo, por definição é a crença de que homens e mulheres devem ter oportunidades e direitos iguais. É a teoria da igualdade política, econômica e social entre os sexos.


Eu comecei a questionar as suposições baseadas em gênero quando eu tinha oito anos, fui chamada de mandona porque eu queria dirigir uma peça para nossos pais – mas os meninos não foram. Aos quatorze anos, sendo sexualizada por membros da imprensa. Com quinze anos, minhas amigas começaram a sair dos times esportivos porque não queriam parecer masculinas. Aos 18, meus amigos homens não podiam expressar seus sentimentos.
Eu decidi que eu era uma feminista. Isso não parecia complicado pra mim. Mas minhas pesquisas recentes mostraram que feminismo virou uma palavra não muito popular. Aparentemente, eu estou entre as mulheres que são vistas como muito fortes, muito agressivas, anti homens, não atraentes.
Por que essa palavra se tornou tão impopular?


Eu sou da Inglaterra e eu acho que é direito que me paguem o mesmo tanto que meus colegas de trabalho do sexo masculino. Eu acho que é direito tomar decisões sobre meu próprio corpo. Eu acho que é direito que mulheres estejam envolvidas e me representando em políticas e decisões tomadas no meu país. Eu acho que é direito que socialmente, eu receba o mesmo respeito que homens. Mas infelizmente, eu posso dizer que não existe nenhum país no mundo em que todas as mulheres possam esperar ver esses direitos.
Nenhum país do mundo pode dizer ainda que alcançou igualdade de gêneros. Esses direitos são considerados direitos humanos, mas eu sou uma das sortudas. Minha vida é de puro privilégio porque meus pais não me amaram menos porque eu nasci filha. Minha escola não me limitou porque eu era menina. Meus mentores não acharam que eu poderia ir menos longe porque posso ter filhos algum dia. Essas influências são as embaixadoras na igualdade de gêneros que me fizeram quem eu sou hoje. Eles podem não saber, mas são feministas necessários no mundo de hoje. Precisamos de mais desses. Não é a palavra que é importante. É a ideia e ambição por trás dela, porque nem todas as mulheres receberam os mesmos direitos que eu. De fato, estatisticamente, muito poucas receberam.
Homens, eu gostaria de usar essa oportunidade para apresentar o convite formal. Igualdade de gêneros é seu problema também.


Até hoje eu vejo o papel do meu pai como pai ser menos válido na sociedade. Eu vi jovens homens sofrendo de doenças, incapazes de pedirem ajuda por medo de que isso os torne menos homens – de fato, no Reino Unido, suicídio é a maior causa de morte entre homens de 20-49 anos, superando acidentes de carro, câncer e doenças de coração. Eu vi homens frágeis e inseguros sobre o que constitui o sucesso masculino. Homens também não tem o benefício da igualdade.
Nós não queremos falar sobre homens sendo aprisionados pelos esteriótipos de gênero mas eles estão. Quando eles estiverem livres, as coisas vão mudar para as mulheres como consequência natural. Se homens não tem que ser agressivos, mulheres não serão obrigadas a serem submissas. Se homens não tem a necessidade de controlar, mulheres não precisarão ser controladas. Tanto homens quando mulheres deveriam ser livres para serem sensíveis. Tanto homens e mulheres deveriam ser livres para serem fortes.


É hora de começar a ver gênero como um espectro ao invés de dois conjuntos de ideais opostos. Deveríamos parar de nos definir pelo que não somos e começarmos a nós definir pelo que somos. Todos podemos ser mais livres e é isso que HeForShe é sobre. É sobre liberdade. Eu quero que os homens comecem essa luta para que suas filhas, irmãs e esposas possam se livrar do preconceito, mas também para que seus filhos tenham permissão para serem vulneráveis e humanos e fazendo isso, sejam uma versão mais completa de si mesmos.
Você pode pensar: Quem é essa menina de Harry Potter? O que ela está fazendo na ONU? É uma boa questão e acreditem em mim, eu tenho me perguntado a mesma coisa. Não sei se sou qualificada para estar aqui. Tudo que eu sei é que eu me importo com esse problema e eu quero melhorar isso. E tendo visto o que eu vi e sendo apresentada com a oportunidade, eu acho que é minha responsabilidade dizer algo. Edmund Burke disse: “Tudo que é preciso para que as forças do mal triunfem é que bons homens e mulheres não façam nada.”
Cheia de nervos para esse discurso e em um momento de dúvida eu disse pra mim mesma: se não eu, quem? Se não agora, quando? Se você tem as mesmas dúvidas quando apresentado uma oportunidade, eu espero que essas palavras possam ajudar.
Porque a realidade é que se a gente não fizer nada, vai demorar 75 anos, ou até eu ter quase 100 anos antes que mulheres possam esperar receber o mesmo tanto que os homens no trabalho. 15.5 milhões de garotas vão se casar nos próximos 16 anos como crianças. E nas taxas atuais não vai ser até 2086 até que todas as crianças da África rural possam receber educação fundamental.



Se você acredita em igualdade, você pode ser um desses feministas que não sabem sobre os quais eu falei mais cedo. E por isso, eu te aplaudo.
Estamos lutando, mas a boa notícia é que temos a plataforma. É chamada HeForShe. Eu convido você a ir em frente, ser visto e se perguntar: se não eu, quem? Se não agora, quando?
Obrigada.”
* Tradução:  Nathália Campos

Esse discurso da atriz britânica Emma Watson sobre feminismo na ONU foi compartilhado por milhões e milhões de pessoas nas redes sociais e gerou reações extremas como ameaças de publicação de fotos nuas da atriz na internet.

Por que as palavras de Watson, que é embaixadora da boa vontade da ONU Mulheres, tiveram tamanha repercussão?

1. Homens devem aderir ao feminismo

O feminismo, segundo Watson, não deve ser uma luta apenas feminina. Ser feminista não significa odiar homens.

“Quanto mais eu falo de feminismo, mais entendo que lutar pelos direitos das mulheres se tornou – em muitos casos – sinônimo de odiar os homens. Se tenho certeza de uma coisa é de que isso tem de terminar.”



“Se não se obriga um homem a acreditar que precisa ser agressivo, a mulher não será submissa. Se não se ensina a um homem que tem de ser controlador, a mulher não será controlada”.

“Quero que os homens se comprometam para que, assim, suas filhas, irmãs e mães se libertem do preconceito e também para que seus filhos sintam que têm permissão para serem vulneráveis, humanos e uma versão mais honesta e completa deles mesmos”.

2. Homens e mulheres devem ter os mesmos direitos e oportunidades

A atriz disse ser privilegiada por ter tido pais que não a amaram menos por ser menina, por ter tido mentores que não limitaram suas oportunidades imaginando que filhos atrapalhariam seus planos. Isso também é ser feminista, segundo a atriz.

“O feminismo, por definição, é acreditar que tanto homens como mulheres devem ter direitos e oportunidades iguais. É a teoria política, econômica e social da igualdade de sexos”.

3. Feminismo ficou ‘fora de moda’

Watson contou que, aos 8 anos, ficava confusa quando a acusavam de ser “mandona”, por querer dirigir as peças teatrais na escola. Para os meninos, não diziam o mesmo.

Aos 14 anos, disse que sua imagem começou a ser ‘sexualizada’ por partes da imprensa. Aos 15, amigas abandonaram certos esportes para evitar excesso de músculos. Aos 18 anos, tinha amigos homens incapazes de expressar sentimentos.



“Decidi, então, que era uma feminista. Mas minhas pesquisas demonstram que o feminismo virou uma palavra ‘fora de moda’”.

Para ela, feministas atualmente são vistas como anti-homens, agressivas e pouco atraentes.

4. Mulheres devem ter direito de decidir sobre seu próprio corpo

“Nasci na Grã-Bretanha e creio que o justo é que me paguem o mesmo que a meus companheiros homens, que possa tomar decisões sobre meu próprio corpo e que as mulheres tenham um papel na criação de políticas que afetarão minha vida”.
“Mereço o mesmo respeito que um homem, mas lamentavelmente não existe um país no mundo no qual todas as mulheres recebam esses direitos”.



5. É preciso agir agora

A atriz convidou a todos que se perguntem: “Se não for eu, quem? Se não for agora, quando?”

Se os dados atuais se mantiverem, só em 2086 as mulheres das áreas rurais da África poderão frequentar a escola secundária."


Assista abaixo o vídeo legendado







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