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Os Três Princípios do Dharma
Dharma (ou Darma) significa "Lei Natural", "Realidade" ou ainda "O modo que as coisas são" em tradução livre. O darma é a base das filosofias, crenças e práticas que se originaram na Índia, portanto não é uma exclusividade do budismo, e por esse motivo deve se considerar a existência de variações nas interpretações e perspectivas que cada cultura terá sobre o seu significado.
Especificamente para o Budismo, esse termo pode ser usado para expressar os seguintes:
1) O estado de natureza como ela é.
2) As "Leis"/Padrões da Natureza sendo considerados coletivamente, como uma totalidade.
3) Os ensinamentos de Buda sobre os padrões em que a existência opera, aplicada ao problema do sofrimento humano.
Não farei uma analise sobre os padrões em que a existência opera em um sentido amplo, pois existem muitas variáveis para serem levadas em consideração, portanto irei abordar apenas os ensinamentos de Buda em relação a psicologia humana.
É a impermanência, ou seja, o conceito de que tudo está em constante movimento e mudança; nada é estável, fixo ou imutável. Basicamente, todos os fenômenos são impermanentes. Entenda-se por fenômeno qualquer ideia de existência, seja de um "eu", de um "outro", de um "objeto", de uma "experiência" etc. Os fenômenos são impermanentes devido à sua natureza composta, ou seja, existem a partir de causas e condições. Quando as causas e condições cessam, o fenômeno cessa também.
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Arte de Marine Loup - "This Too Shall Pass" Tradução: "Isso Também Ira Passar" |
Os relacionamentos cessam, os governos, os países, as empresas... todos cessam, mudam o tempo todo, pois dependem de outros fatores, que, por sua vez, também são compostos e assim sucessivamente.
Podemos perceber a impermanência operando em nossas vidas diariamente. Contemplar isso é de extrema utilidade, pois faz cessar o nosso apego exagerado, o nosso "agarrar" exagerado.
A enfase em lembrar da impermanência é importante também para te puxar para fora da sua auto-imagem, para fora da ilusão de que você é seu veiculo(seu corpo), até mesmo sua mente, no sentido de livra-lo deste conceito de um "eu separado" e lembra-lo quem você é, o eterno AGORA em constante mutação.
A continuidade do seu "eu separado" é recriada a cada milissegundo pelo seu cérebro. No tempo que você estava lendo isso, o seu cérebro criou você milhares de vezes, e deixou para trás milhares de fantasmas de você. Você não é essas imagens mentais!
É o sofrimento ou a insatisfação. Muitas vezes, a primeira Nobre Verdade proferida por Buddha após sua iluminação é traduzida como "A vida é sofrimento", ou "Existe sofrimento", sempre indicando a natureza sofrida da vida. Em um primeiro momento, esse ensinamento pode parecer demasiado pessimista e deprimente.
Mas isso se deve à tradução simplista do termo: na verdade, a primeira Nobre Verdade diz respeito à
dukkha', que não tem uma tradução literal, mas sim é todo um conjunto de ideias.
De uma maneira geral,
dukkha diz respeito ao nosso condicionamento de vida dentro de experiências cíclicas, onde nos alternamos entre boas experiências (felicidade) e más experiências (sofrimento). Todos os seres buscam a felicidade e procuram se afastar do sofrimento: no entanto, nessa busca de felicidade e dentro da própria felicidade encontrada estão as sementes de sofrimentos futuros.
Podemos pensar da seguinte maneira: sofremos porque não temos algo; sofremos porque conseguimos algo e temos medo de perder; sofremos porque temos algo que parecia bom, mas agora não é tão bom assim; e sofremos porque temos algo que queremos nos livrar e não conseguimos. Podemos ver, então, que mesmo que tenhamos sucesso na nossa experiência de felicidade, ela mesmo pode se tornar causa de uma experiência de sofrimento.
Além disso, as experiências são impermanentes, as ideias, os conceitos, os pensamentos, tudo é impermanente, muda. Por isso, dentro da experiência de felicidade, existe a causa de uma experiência de sofrimento, pois ela também é impermanente e irá mudar.
Então, dukkha representa todo esse ciclo, e a insatisfação que nunca será saciada enquanto seguirmos esse ciclo.
É necessário enfatizar que todos os vários aspectos de dukkha de fato tem sua origem em causas, o que assim possibilita sua investigação e, portanto, seu término. Ao encontrar as causas-raiz de dukkha e destruí-las, a vida humana pode se tornar feliz e próspera
Significa "não-eu", ou "
não-self", e indica que nada é provido de uma existência isolada e independente do todo.
Partindo do ponto de vista onde todas as coisas componentes ou condicionadas são impermanentes e estão em constante "estado de fluxo". Segue-se, daí, a ideia de "não eu" (anatta), que nega a existência de uma essência pessoal imutável e independente - em oposição à doutrina hinduísta de atman.
Os budistas afirmam que a noção de um "eu" permanente é uma das principais causas das guerras e conflitos na história humana e que, vivendo de acordo com a noção de anatta ou não eu, podemos ir além de nossos desejos mundanos. Na linguagem cotidiana, fala-se em "alma", "eu" ou "
self". Nos meios budistas, porém, existe o entendimento de que nós somos interdependentes e cambiantes, em vez de personalidades independentes e imutáveis.
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por Alex Grey |
Segundo a concepção budista, na morte, corpo e mente se desintegram, mas, se a mente desfeita contém quaisquer resíduos cármicos, ela causa uma continuidade de consciência que reverbera em uma mente nascente em outro ser (ou seja, em um feto em desenvolvimento). Portanto, o ensinamento budista é que seres renascidos não são completamente distintos nem completamente iguais a seus antecessores.
Essa noção contrasta com o conceito hinduísta de atman, que seria o ser que reencarna, representando a mais elevada centelha divina em cada ser humano. O pensamento budista nega essa ideia. Tanto o budismo quanto o hinduísmo concluem que há continuidade entre vidas. No entanto, suas doutrinas sobre o que continua de uma vida para outra divergem: no hinduísmo, há um "eu" transcendente (
atman); no outro, há apenas tendências e processos mentais que renascem.
Resumo:Ver as coisas como permanentes, capazes de satisfazer e existindo de forma independente são as três delusões que fundamentam a ignorância.
- Consideramos que nós mesmos e o mundo são entidades sólidas, estáveis e duradouras, apesar das constantes evidências de que tudo está sujeito à mudança e à destruição.
- Assumimos que temos direito ao prazer, e dirigimos nossos esforços para aumentá-lo e intensificá-lo com um fervor antecipatório que não é ameaçado pelos repetidos encontros com a dor, o desapontamento e a frustração.
- E nos percebemos como egos delimitados, apegando-nos às várias ideias e imagens que formamos de nós mesmos como uma identidade indiscutível e verdadeira.
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