Panteísmo é uma compreensão que identifica o Universo, a totalidade, como Deus. É a certeza religiosa, ou a teoria filosófica, de que Deus é o Universo, junto com as forças e leis, no sentido mais amplo, são idênticos. Aqui o Universo (com ‘U’ maiúsculo) é entendido como sendo a própria divindade por possuir todo o poder – um absoluto e ilimitado poder criador – por ser infinito e eterno, transcendente, misterioso e onipresente. O panteísmo é a crença de que absolutamente tudo e todos compõem um Deus abrangente, e imanente, ou que o Universo (ou a Natureza) e Deus são idênticos.
Toda forma de vida, toda matéria, toda energia, a natureza, planetas e galaxias, são expressões divinas.
Sendo assim, os adeptos dessa posição, os panteístas, não acreditam num deus pessoal, antropomórfico ou criador.
A expressão ‘Panteísmo’ deriva do grego ‘pan’, que tem o sentido de ‘tudo’; e de ‘theos’, que significa ‘Deus’. Desta forma este termo se traduz aproximadamente por ‘tudo é Deus’. Segundo esta doutrina, Deus está presente em todo o Universo, em cada elemento.
Deus, o próprio Universo, é o conjunto de tudo o quanto existe, ou seja, é o explosivo e luminoso conjunto das 30 bilhões de galáxias observáveis, cada uma com cerca de 100 bilhões de estrelas, e, todo o desconhecido, incluindo o tempo e espaço, toda a matéria/energia existindo nas suas diversas fases e estados.
Nada existe antes, depois e fora do Universo e dele somos inseparáveis. O Universo existe, na sua plenitude, sujeito absoluto, objeto de si mesmo, além do alfa e ômega; ilimitado e inato, por nada e por ninguém determinado, ele apenas existe, sem autorização, sem mandato, sem obrigação, propósito ou objetivo.
Embora existam divergências dentro do panteísmo, as ideias centrais dizem que deus é encontrado em todo o cosmos como uma unidade abrangente.
Ao longo da história, o panteísmo fez a apologia de formas doutrinárias ligeiramente diversas. Por exemplo, o panteísmo clássico considerava Deus a única realidade e o universo uma mera manifestação, emanação ou realização de Deus; o estoicismo identificou Deus com o Universo, considerando-O como a força vital e inteligência cósmica que o governa; no neoplatonismo e, mais tarde, com Giordano Bruno, Deus é causa e princípio do universo. O panteísmo materialista ou naturalista vê no universo a própria realidade de Deus.
O filósofo holandês, de origem judia e portuguesa, Baruch Spinoza (Bento de Espinosa - 1632-1677) considerava que "Só o mundo é real, sendo Deus a soma de tudo quanto existe".
O conceito de panteísmo não pode ser conotado com o teísmo nem com o ateísmo, embora o panteísta não acredite num Deus transcendente ou pessoal, criador do Universo, considerando que este sempre existiu ou se originou a si mesmo. Atualmente, existe o panteísmo científico que assume a convicção de que o cosmos é divino e a terra é sagrada.
O panteísmo foi popularizado na era moderna tanto como uma teologia quanto uma filosofia baseada na obra de Bento de Espinosa, que escreveu o tratado Ética, uma resposta à teoria famosa de Descartes sobre a dualidade do corpo e do espírito.
Espinosa declarou que ambos eram a mesma coisa, e este monismo terminou sendo uma qualidade fundamental de sua filosofia. Ele usava a palavra "Deus" para descrever a unidade de qualquer substância. Para Espinosa só existe uma única substância ilimitada que se manifesta numa infinidade de forma e com infinitos atributos. Embora o termo "panteísmo" não tivesse sido inventado durante seu tempo de vida, hoje Espinosa é considerado como um dos mais célebres defensores da crença.
De acordo com os panteístas, Deus seria, em relação ao todo, a cabeça, enquanto o Cosmos seria seu aspecto corporal. E convivem igualmente a crença em um único Ser Supremo, e a certeza da existência de conexão aos elementos naturais. Esta doutrina conjuga a esfera mental à dimensão material, e percebe nesta identidade a natureza divina.
O perecível e o eterno se confundem, pois são redutíveis um ao outro, embora se manifestem de forma diferente no plano da realidade, como faces distintas do mesmo evento.
O universo, para o Panteísmo, não tem princípio, sendo assim auto-existente; mas pode, com certeza, sofrer transformações. O principal aspecto desta doutrina, porém, é que Deus existe em tudo, em todas as coisas, permeando completamente a sua Criação.
Por outro lado o Panteísmo também se traduz por uma visão mais objetiva, a qual acredita que o mundo tem uma alma, ou um sistema inerente a ele. Normalmente a doutrina panteísta se identifica com o ponto de vista místico, pois seus seguidores nada mais desejam do que se conjugar à Divindade.
"Somos Natureza, interdependência absoluta e infinda." - Régis Alain Barbier
Segundo os panteístas: viemos, junto com toda a matéria/energia do planeta, da luz de estrelas distantes e da escuridão dos espaços infinitos. Nada é mais misterioso de que a “matéria/energia”, o binômio essencial e irredutível da criação, transformando-se incessantemente, gerando tudo quanto existe, da poeira interestelar à inteligência e consciência humana. A palavra ‘panteísta’ foi utilizada originalmente pelo filósofo inglês John Toland (1660-1722) em 1705.Algum tempo depois, porém, esta denominação foi contestada por Fay, que preferiu batizá-la de ‘Panteísmo’, expressão até hoje adotada por quem se refere a este corpo teórico. Significa a doutrina segundo a qual Deus é o Hen kai Pan, o “Um e o Todo” da filosofia grega. Diversos filósofos antigos e modernos formularam de variadas maneiras: “tudo é Deus e Deus é tudo”, ou “Deus é a alma do mundo” ou “o princípio imanente que dá subsistência ao mundo”. Qualquer dessas fórmulas implica que Deus é identificado, totalmente ou em parte, com a natureza posta em evolução.
Deus seria a única realidade existente, da qual o mundo, espiritual e material, se teria originado por emanação. A “substância divina” seria impessoal, neutra, sempre em via de evolução no decorrer da história, concebida geralmente como uma “energia”, “força” ou “destino” cegos; em cada indivíduo humano ela estaria paulatinamente tomando consciência de si mesma, até chegar à plenitude ou à perfeição.
O panteísta é aquele que acredita e/ou tem a percepção da natureza e do Universo como divindade. Ao contrário dos deístas, ele não advoga a existência nem de um Deus criador do Universo, tão pouco das divindades teístas intervencionistas, mas simplesmente especula que tudo o que existe é manifestação divina, autoconsciente.
Os panteístas não pregam a crença em um Deus que criou o Cosmos, nem vê Nele um Ser que em tudo intervém. Eles apenas percebem na realidade a expressão divina. O homem seria, assim, uma manifestação da divindade, manifestação identificada com a divindade.
O Panteísmo é uma das diretrizes religiosas vigentes no Ocidente que mais se identificam ao pensamento filosófico oriental, como o Budista, o Janista, o Taoísta e o Confucionista. O Panteísmo não explica os eventos aparentemente naturais, como a Criação do Universo, o princípio da existência, como provindos de um Ser Supremo.
Para esta doutrina, Deus se identifica com o Cosmos. Os panteístas não adotam locais sagrados e a única norma que seguem é a Lei Natural, vigente também no âmbito da Ciência.
Contudo, o panteísta não vê a Ciência de maneira diversa de um ateu, não atribuindo a nenhum tipo de divindade fatos como a origem do Universo, da Vida e da espécie Humana. Deus, no panteísmo, é todo o Universo. O seu templo é qualquer lugar e sua lei é a das Ciências Naturais, a lei natural.
"Contra o panteísmo, sustento principalmente que ele não diz nada. Chamar Deus ao Mundo não significa explicá-lo, mas apenas enriquecer a língua com um sinônimo supérfluo da palavra Mundo. Se dizeis “o Mundo é Deus” ou “o Mundo é o Mundo”, dá no mesmo." - Arthur Schopenhauer
Reconhecendo o Universo como sendo a divindade, é natural do Panteísmo cultivar sentimentos de reverência, amor, aceitação e respeito para todos os seres em geral e para a Natureza como um todo.
Compreender, aceitar e admirar a supremacia do Universo induz ao desejo de tratar com cuidado e zelo a Natureza (plantas, animais e nossos semelhantes).
Em muitas dimensões, a natureza resplandece grandeza, mistérios, diversidade e beleza. Magnífico nos céus estrelados, nas ondas do mar, nas cores das flores e no cantar dos pássaros, o Universo inspira a humanidade, fazendo brotar no coração sentimentos de paz, harmonia, respeito, alegria e amor.
Consagrando a natureza, o panteísmo retifica importantes divisões conceituais – entre o sagrado e o mundo, a religião e a ciência – possibilitando, uma vez bem assimilado e compreendido, o surgimento de três tendências em direção à unificação, criatividade e ética.
UNIFICAÇÃO, pelo reconhecimento intuitivo e direto (o “religare” místico) da nossa unidade com o Universo divino e todos os seres.
CRIATIVIDADE, pela nossa absoluta e imediata integração e identificação com o Universo divino e criador.
ÉTICA, pela compreensão de que somos simplesmente parte da natureza e certamente não o seu centro, finalidade, motivo e propósito.
O panteísmo tem estado em voga nas correntes filosóficas e religiosas mais recentes; vem a ser uma forma de religiosidade que não “escraviza” o homem. Com efeito, o panteísmo, fazendo coincidir Deus com a natureza, emancipa o homem de qualquer força superior, pois o próprio homem vem a ser uma centelha ou uma parcela da divindade.
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