"Você tem motivos para ter muita pena de si mesmo. Não se pode negar.
Desde sua origem, tem sido um desafiado pela adversidade. Mas ter motivos não significa que seja conveniente alimentar autocompaixão.
Igual ao ressentimento, a autocompaixão arruína a alma. Agrava o mal que já existe e engendra outros.
Fique alerta contra qualquer tendência a autocondoer-se. Reaja, tendo compreensão contra esta sua tendência de querer que lhe confiram a medalha de campeão de sofrimento.
Acostume-se a evitar que tenham "peninha" de você, principalmente se for você aquele que se compadece. Pelo que tenho constatado, posso pensar que uma enorme parte de seu drama está correndo por conta do devastador sentimento de autocomiseração, que ressalta de suas cartas queixosas. Não é verdade que você diz para si mesmo - "coitado de mim, que sofri tais e tais problemas...!"? Não estou certo?(...)
Se não faz assim é porque é anormal. Se faz é normal.
Mas chegou a hora de deixar esta normalidade estúpida, que só lhe tem feito mal.
Convido-o para ver as coisas de frente, mas sem cometer o erro de botar fermento na dor, sem invejar quem parece estar sem dor, sem recriminar o destino, sem rancor para a vida, sem ódio para aqueles que parecem responsáveis pelo que você sofre. Entende o que quero dizer?
Quero você de mente pura, mente capaz de ter clareza e poder de ver.
Quando quero que assim seja, estou convidando você para uma faixa de anormalidade, diferente da normalidade insana, isto é, da vulgaridade, da mesmificada massa de pessoas medíocres, adormecidas e incapazes de perceber as coisas como as coisas são. Quero você numa abençoada faixa de sabedoria, numa corajosa anormalidade, que os homens normais não compreendem e da qual talvez nunca ouviram falar.
Convido-o para manter-se tranquilo, para serenamente situar-se, e poder ver em cada adversidade um estímulo para amadurecer. Que suas dores sejam o que as esporas são para um cavalo de montaria. o estímulo para avançar, para romper caminho, para chegar seguro à meta.
Resumindo e continuando a falar franco, amigo, acho que sua mente tem sido mais eficiente em atormentá-o do que todos os agentes de seu destino, de seu karma. O ódio a alguém, tem lhe prejudicado mais do que a ele. Sua auto-piedade o tem enfraquecido mais do que qualquer doença, podendo mesmo ser a causa principal de sua enfermidade. Analise sua mente. Procure percebe o mal que, assim desgovernada, lhe tem feito. (...)
Vigie sua mente. Não deixe sua imaginação assim, desastrosamente solta. Não se entregue inconscientemente à amargura autocultivada. Não permita a entrada de pensamentos deprimentes. Não se esqueça de que todas as vidas são tremendos dramas, e, assim, desista de ser campeão. Renuncie ao pódio de padecentes.
Não seja ingrato com Deus.
Quantas coisas positivas em sua existência! Quanta coisa boa em você!
A insistência em ver apenas o negativo impede ver o que há de positivo, isto é, aquilo que o faria perder o "emprego de coitadinho", que você, tolamente, vem mantendo. Se continua insistindo em arrolar somente os aspectos sombrios de seu destino e em esquecer os luminosos tenha paciência filho - não haverá salvação para você, pois você não quer mesmo ser salvo.
Seja vigilante! "Orai e vigiai", recomenda o Cristo."
Prof. Hermógenes em Yoga, Paz com a Vida.