autoconhecimento
Percepções de Nisargadatta Maharaj
Você não é o corpo. Você é a imensidão e o infinito da Consciência.
Há o corpo. Dentro do corpo parece haver um observador, e do lado de fora um mundo sob observação. O observador e sua observação, assim como o mundo observado, aparecem e desaparecem juntos. Além disso tudo, está o vazio. O vazio é um [o mesmo] para todos.
O corpo é feito de alimentos, assim como a mente é feita de pensamentos. Veja-os como são. A não-identificação, quando natural e espontânea, é libertação.
Como corpo, você está no espaço. Como mente, está no tempo. Mas, você é um mero corpo com uma mente dentro? Alguma vez você já investigou [isso]?
Você observa o coração sentindo, a mente pensando e o corpo agindo; o próprio ato da percepção mostra que você não é o que percebe.
Mesmo o experimentador é secundário. Primário é a infinita expansão da Consciência, a eterna possibilidade, o potencial imensurável de tudo que era, é e será.
O homem sábio não considera nada como sendo seu. Quando, em algum tempo e lugar, algum milagre é atribuído a alguma pessoa, ele não estabelece nenhum elo causal entre eventos e pessoas, nem permite que quaisquer conclusões sejam tiradas. Tudo aconteceu como aconteceu porque tinha de acontecer; tudo acontece como acontece, porque o universo é como é.
Observe-se bem de perto, e você verá que qualquer que seja o conteúdo da Consciência, o ato de testemunhá-lo não depende dele [do conteúdo]. A Ciência existe por si mesma e não muda com o evento [observado]. O evento pode ser agradável ou desagradável, desprezível ou importante; a Ciência é a mesma. Observe a natureza peculiar da pura Ciência, sua natural auto-identidade, sem o menor traço de auto-consciência; vá até a sua raiz, e você logo compreenderá que a Ciência é a sua verdadeira natureza, e que nada do que você possa estar Ciente, você pode chamar de seu. Quando o conteúdo é visto sem gostos e não-gostos, a Consciência [do que é visto] é Ciência. Mas ainda há uma diferença entre Ciência, como refletida na Consciência e [a] pura Ciência além da Consciência. A Ciência refletida, o sentimento 'Eu estou Ciente', é a testemunha, enquanto a pura Ciência é a essência da realidade. O reflexo do sol em uma gota d'água é um reflexo do sol, sem dúvida, mas não o sol em si mesmo. Entre a Ciência, refletida na Consciência como testemunha, e a Ciência, há um espaço, o qual a mente não pode cruzar.
A testemunha é aquela que diz 'Eu sei.' A pessoa diz: 'Eu faço.' Agora, dizer 'Eu sei' não é uma inverdade, é apenas limitado. Mas dizer 'Eu faço' é, no geral, falso, porque não há ninguém que faça; tudo acontece por si mesmo, incluindo a ideia de ser alguém que faz. O Universo é cheio de ação, mas não há ator. Há um número incontável de pessoas pequenas, grandes e muito grandes, as quais, através da identificação, imaginam a si mesmas agindo. Mas isso não muda o fato de que o mundo da ação é um todo único, no qual tudo é dependente, e afeta a tudo. As estrelas nos afetam profundamente e nós afetamos a elas. Retroceda da ação para a Consciência. Deixe a ação para o corpo e a mente; é o domínio deles. Permaneça como testemunha pura, até que mesmo o testemunhar dissolva-se no Supremo.
Você não precisa parar de pensar. Apenas deixe de estar interessado. É o desinteresse que liberta. Não se apegue, isso é tudo.
Você já experimentou tantas coisas - todas deram em nada. Apenas o sentimento 'Eu sou'persistiu, imutável. Fique com o imutável entre o mutável, até que você seja capaz de ir além.
Você é [solitário] como pessoa. No seu ser real, você é o todo.
O que contradiz a si mesmo não tem existência. Ou tem uma existência momentânea , o que dá no mesmo. Porque o que tem um começo e um fim, não tem um meio. É vazio. Tem apenas nome e forma dados pela mente, mas não tem substância, nem essência.
Nem ignorância nem ilusão jamais aconteceram a você. Encontre o Self ao qual você atribui ignorância e ilusão, e sua pergunta será respondida. Você fala como se conhecesse o Self, e o vê sob o poder da ignorância e ilusão. Mas, na verdade, você não conhece o Self, e nem está Ciente da ignorância. De todas as maneiras, torne-se Ciente, isto o levará ao Self, e você compreenderá que nele não há nem ignorância e nem ilusão. É como dizer: se há sol, como pode haver escuridão? Assim como embaixo de uma pedra pode haver escuridão, não importa quão forte esteja o sol, assim na sombra da ideia 'eu-sou-o-corpo' deve haver ignorância e ilusão. Não pergunte 'porque' e 'como'. Está na natureza da imaginação criativa identificar-se com suas criações. Você pode parar com isso [com a imaginação criativa] a qualquer momento, desligando a atenção. Ou pela investigação.
Experiência, não importa quão sublime, não é a coisa real. Por sua própria natureza, ela vem e vai. A Auto-realização não é uma aquisição. Está mais para a compreensão. Uma vez que se chega lá, [ela, a compreensão] não pode ser perdida. Por outro lado, a Consciência é mutável, fluindo, subjacente, de momento a momento. Não se fixe na Consciência e nos seus conteúdos. A Consciência [te] segura, [te] pára. Tentar perpetuar um lampejo de insight ou um surto de felicidade destrói o que se quer preservar. O que vem deve ir. O permanente está além de todas as indas e vindas. Vá até a raiz de toda a experiência, ao sentimento de ser. Além do ser e do não-ser jaz a imensidão do real. Tente e tente de novo.
A descoberta da verdade está no discernimento do falso. Você pode conhecer o que não é. O que é - você pode apenas ser. O conhecimento é relativo ao conhecido. De uma certa maneira, é o contrário da ignorância. Onde não há ignorância, onde está a necessidade do conhecimento? Por si mesmas, nem a ignorância nem o conhecimento tem existência própria. Eles são apenas estados da mente a qual é apenas uma aparência de movimento na Consciência.
Como todas as ondas estão no oceano, assim também todas as coisas - físicas e mentais [estão] na Ciência. Por essa razão, a Ciência é o mais importante, não o seu conteúdo.
Análises demais não o levarão a lugar nenhum. Existe dentro de você o núcleo do Ser [existir] o qual está além das análises, além da mente. Você só o pode conhecer em ação. A função legítima da mente é lhe dizer o que você não é. Mas se você quer conhecimento positivo, você deve ir além da mente.
Quando todas as distinções e reações não existem mais, o que sobra é a realidade, simples e sólida.
Minha intenção para acordá-lo é o elo [entre nossos sonhos respectivos]. Meu coração quer que você acorde. Eu vejo você sofrer no seu sonho, e sei que você tem de acordar para acabar com suas tristezas profundas. Quando você vir o seu sonho como um sonho, você acordará. Mas, no seu sonho em si mesmo, não estou interessado. Já é suficiente para mim saber que você tem de acordar. Você não precisa levar o seu sonho a uma conclusão definitiva, nem fazê-lo nobre ou feliz, ou belo; tudo o que você precisa é compreender que está sonhando. Pare de imaginar, pare de acreditar. Veja as contradições, as incongruências, as falsidades e a tristeza do estado humano, a necessidade de ir além. No sonho, você ama a alguns, e a outros não. Ao despertar você descobrirá que [você] é o amor em si mesmo, abarcando tudo. O amor pessoal, não importa quão sublime ou intenso, invariavelmente ata; amor em liberdade é o amor de tudo.
O mal é a sobra da desatenção. Sob a luz da auto-consciência [ele] irá secar e cair.
[O Absoluto] é único, simples, indivisível e imperceptível, exceto nas suas manifestações. Não desconhecível, mas imperceptível, não-objetivável, inseparável. Nem material nem mental, nem objetivo nem subjetivo, é a raiz da matéria e a fonte da Consciência. Além do mero viver e morrer, é a Vida toda-inclusiva, toda-exclusiva, na qual nascimento é morte e morte é nascimento.
Nada o impede de se tornar um sábio aqui e agora, exceto o medo. Você tem medo de ser impessoal, do Ser impessoal. É tudo muito simples. Dê as costas aos seus desejos e medos, dos pensamentos que eles criam, e você estará imediatamente no seu estado natural.
A transitoriedade é a melhor prova da irrealidade.
A liberdade vem pela renúncia. Toda posse prende. Se você não tem a sabedoria e a força para abrir mão, apenas olhe para as suas posses. Apenas o seu olhar irá reduzi-las a cinzas. Se você puder ficar 'fora' da sua mente, logo descobrirá que a renúncia total a suas posses e desejos é a coisa mais obviamente razoável a ser feita. Você cria o mundo e depois se preocupa com ele. Tornar-se egoísta o enfraquece. Se você pensa que tem a força e a coragem para desejar, é porque você é jovem e inexperiente. Invariavelmente, o objeto do desejo destrói os meios de se conquistá-lo, e então enfraquece. Tudo acontece para o melhor, porque lhe ensina a evitar o desejo como [se fosse] veneno. Não há necessidade de qualquer ato de renúncia. Apenas vire sua mente [para o outro lado], isso é tudo. O desejo é apenas a fixação da mente em uma idéia. Saia desse sulco por negar-lhe atenção. Qualquer que seja o desejo ou medo, não se fixe nele. Aqui ou ali você vai esquecê-lo, não importa. Continue suas tentativas, até que a remoção de cada desejo e medo, de cada reação, se torne automática.
As palavras podem levá-lo até seu próprio limite; para ir além, você deve abandoná-las. Permaneça apenas como a testemunha silenciosa.
Você não precisa saber o que você é. Já é suficiente saber o que você não é. O que você é você nunca vai saber, pois cada descoberta revela novas dimensões a conquistar. O desconhecido não tem limites.
Todo pensamento está na dualidade. Na identidade, nenhum pensamento sobrevive.
O mundo não tem existência separada de você. A cada momento, [ele] é apenas um reflexo de você mesmo. Você o cria, você o destrói. O seu universo pessoal não existe por si mesmo. Ele é apenas uma visão limitada e distorcida do real.
[A pessoa e a testemunha] - ambos são modos de Consciência. Em um, você deseja e teme; em outro, você não é afetado pelo prazer e pela dor, você não é abalado pelos eventos. Você os deixa ir e vir.
O conhecimento geral desenvolve a mente, sem dúvida. Mas se você está indo gastar sua vida acumulando conhecimento, você construirá um muro a sua volta. Para ir além da mente, uma mente bem dotada não é necessária.
Nisargadatta Maharaj
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