A menos que esteja pronto para viver sem esperanças, você não pode se tornar religioso. Até mesmo os homens que você chama de religiosos não têm nada a não ser esperanças criadas pela mente. Você está pronto para viver sem esperanças? Você está pronto para viver sem futuro? Então, é simples, não há necessidade de se retirar — a mente se retirará por si mesma. Então não haverá nenhuma apego à mente. Mas você tem medo — a mente pode ficar sentida. A mente é o demônio e ele pode não voltar a convidá-lo, então o que você fará?
As pessoa vêm a mim. Elas pensam que sua busca é religiosa — mas essa busca ainda é mental. Elas ainda estão caminhando pelos escuros vales da mente, ainda estão ouvindo a mente, ainda têm expectativas em relação ao dinheiro e falharam. Elas tiveram expectativas em relação ao sexo e falharam. Elas criaram expectativas em relação a muitos e muitos caminhos e falharam. Agora, elas têm esperança na meditação, no Mestre — a esperança continua presente. Lembre-se: se você tiver qualquer expectativa em relação a mim, não me compreenderá. Eu não posso preencher suas expectativas.
Por que você não pára de ter esperanças? Por que sempre as tem? Qual é a base disso? É o descontentamento. Por causa dele é que as esperanças são criadas. A esperança é o disfarce. Você está em tal estado de descontentamento, de miséria, aqui e agora, que necessita de alguma esperança no futuro. Essa esperança ajuda-o a mover-se. Com esperança você pode tolerar o presente de algum modo — a esperança é uma anestesia. O presente é miserável, doloroso; a esperança é alcoólica, é uma droga que faz o inconsciente o bastante para que você seja capaz de tolerar o presente.
Esperança significa que aqui e agora há descontentamento. Mas alguma vez você já olhou para o fenômeno completo? Em primeiro lugar, por que você está descontente aqui e agora? Por quê? Porque você teve esperanças no passado. É por isso que aqui e agora você está descontente. Este hoje foi amanhã ontem. Agora essa esperança não está sendo preenchida; então você está se sentindo miserável, frustrado. E para ocultar essa miséria, para passar pelo dia de hoje de algum modo, você novamente cria esperanças no amanhã.
Você vive na rotina e está de tal modo nela que será difícil conseguir sair. Amanhã o mesmo acontecerá: você ficará frustrado porque a mente pode prometer mas não pode cumprir. Se ela pudesse, não haveria nenhuma necessidade de meditar; neste caso, Buda teria sido um tolo, meditando.
Se a mente pudesse cumprir, então todos os meditadores seriam tolos, todas as pessoas iluminadas seriam bobas. Mas a mente não pode cumprir, e eles conseguiram compreender todo o mecanismo, toda a miséria que há nisto. Este é o mecanismo: ontem, a mente prometeu que alguma coisa seria entregue a você amanhã. Agora o amanhã chegou, é hoje, e a mente não cumpriu o prometido — você se sente na miséria, suas expectativas foram frustradas. Então a mente diz: “Amanhã eu lhe darei".” Novamente ela promete, e que tipo de estupidez é essa que faz com que você a ouça outra vez? Amanhã o mesmo mecanismo se repetirá — é um círculo vicioso.
Quando você ouve a mente torna-se miserável. Quando não a ouve, hoje é o Paraíso! E não existe nenhum outro paraíso; hoje é nirvana. Se você não ouvir a mente… simplesmente não a ouça e sua miséria acabará, porque a miséria não pode existir sem expectativas, sem esperanças. Quando a miséria existe, você precisa ter esperanças para escondê-la, para viver de algum modo. Viva sem esperanças — e você será um homem religioso; você terá se retirado.
OSHO