Ontem, feriado nacional, comemorou-se os 122 anos da República Federativa do Brasil.
Para aqueles que não sabem, república é uma palavra que etimologicamente vêm da expressão latina: “res publica” que quer dizer coisa do povo ou coisa pública.
“De acordo com o conceito ciceroniano, res publica serve para indicar o princípio subjacente ao povo ou a uma comunidade que habita um território comum. Assim, o "bem" ou "interesse comum" deve ser concretizado no âmbito da ação política. O bem comum representa o que é público, ou seja, pertencente a todos em comum, em contraposição aos interesses particulares próprios da vida privada ou doméstica.” (Renato Cancian em http://educacao.uol.com.br/filosofia/)
Como se vê pela etimologia da palavra, em nosso país não há muito que se comemorar nesse dia, pois infelizmente a coisa pública virou “coisa privada” nas mãos de alguns políticos ou coisa vandalizada nas mãos de pichadores e detratores dos bens públicos.
República também é a palavra que denomina uma forma de governo na qual o chefe do Estado é eleito pelos cidadãos ou seus representantes, tendo a sua chefia uma duração limitada. E aqui vamos nos deter na palavra cidadão, aquele que é “membro de um Estado-Nação, dotado de direitos e capaz de interferir na produção do Direito” (Luis Carlos Bresser Pereira em Revista de Filosofia Política)
Lendo essa última frase você enxerga um cidadão brasileiro? Eu não. Em nosso país o termo cidadania está em desuso, pois
“Existe uma tendência a excluir a relação direta entre política e cidadania, criando uma rejeição curiosa à política e valorizando cidadania, como se fossem termos diversos. Há um vínculo inclusive de natureza semântica entre as duas palavras, que, objetivamente, significam a mesma coisa. A noção de política está apoiada num vocábulo grego, polis (cidade) e cidadania se baseia em um vocábulo latino correspondente, civitatem. Embora a origem etimológica seja diferente, os dois termos propõem que se pense na ação da vida em sociedade (ou seja, em cidade). Isso significa que não é possível apartar ou separar os conceitos.” (Mario Sergio Cortella em http://www2.uol.com.br/aprendiz/n_revistas/revista_educacao/)
Ou seja, separamos os conceitos cidadania e política porque
“Atualmente quando se pensa em política, logo vem a mente um conceito distorcido da definição refletida, ou seja, a idéia de que a política se restringe aos homens que governam ou que exercem algum tipo de influência ou poder sobre o país. Pela infame imagem de nosso país, de governantes corruptos, a sociedade tem desenvolvido uma visão crítica positiva, mas de ponto errado, por considerar a política como o palco de baixarias e personagens baixos. Todavia a política é uma virtude, contrária do que o senso comum discute, esta ciência tem como principal função dar ao cidadão o exercer de seus direitos, englobando a busca de um mundo justo e dos seus valores, éticos e morais. Assim como Sócrates e Platão já cultuavam a certeza de que só se constrói uma sociedade que visa o bem geral através da política. ... Uma das melhores definições de política e do homem como um animal político é a de Aristóteles, que diz que todo homem é essencialmente destinado à vida em comum na polis (cidade) e somente aí se realiza como ser racional. É um animal político por ser exatamente um animal de linguagem, sendo a vida ética e a vida política artes de viver segundo a razão.” (Karla J. em http://fisolofar.blogspot.com/)
Ser cidadão e ser político, além de um direito nosso, devem constituir-se em conceitos apropriados por todo brasileiro, independente do quão corruptos e caras de pau nossos “representantes” estão.
É muito fácil colocar a culpa das mazelas brasileiras nos políticos e nos abstermos de qualquer responsabilidade. A partir do momento em que delegamos a tarefa de governar ou administrar a “res publica”, a algumas pessoas somos indiretamente responsáveis pelo que elas fazem. Isso também é ser cidadão.
Vamos começar a ser mais conscientes politicamente, a deixar de lado a preguiça e o descaso. Podemos começar exercendo esse direito nas reuniões de condomínio, por exemplo (semana passada fui à uma onde estavam presentes duas pessoas somente: a síndica e eu).
Aristóteles já dizia que o homem é um animal político e que era de sua natureza viver na cidade.
“O simples som é uma indicação do prazer ou da dor, estando portanto presente em outros animais, pois a natureza destes consiste em sentir o prazer e a dor e em expressá-los, mas a linguagem tem como objetivo a manifestação do vantajoso e do desvantajoso e portanto do justo e do injusto. Trata-se de uma característica do homem ser ele o único que tem o senso do bom e do mau, do justo e do injusto, bem como de outras noções deste tipo. É a associação dos que têm em comum essas noções que constitui a família e o estado." (Aristóteles em Política)
Por que será que existe a frase: “cada povo tem o governo que merece”? rsrs
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