O ser humano tem sérias restrições quanto à intimidade, são poucas as pessoas que a conhecem realmente e desfrutam dela com outro ser.
Aliás, você sabe o que é intimidade, mesmo?
Intimidade é desnudar-se frente ao outro e não estou falando de tirar a roupa! É desnudar o seu âmago, o seu interior ou, como disse Eric Berne, “é a relação entre as crianças internas de duas pessoas de forma descontraída e livre”.
O ato sexual é considerado a forma mais íntima das relações humanas, mas via de regra não é isso que acontece.
Nada foi tão desvirtuado e deturpado na cultura humana quanto o sexo e, na sociedade moderna, tão superestimado.
Infelizmente as religiões, principalmente a cristã, decretaram que essa atividade natural e instintiva era algo sujo e pecaminoso a não ser que fosse realizado por duas pessoas e de gênero sexual diferente e sacramentada pelo casamento.
Tenho perfeita compreensão dos motivos que levaram as religiões institucionalizadas a tomarem tal decisão, mas o que deveria ser uma forma de evitar a deturpação, com a consequente banalização do ato sexual, acabou se tornando um estigma altamente negativo.
Todos sabem que o proibido sempre se torna mais atraente e ... desejável, portanto a partir da proibição do livre exercício da sexualidade os humanos passaram a supervalorizar o sexo.
Como já se vivia no regime patriarcal e, apesar do homem ser mais sexólatra que a mulher, a esta coube o ônus da culpabilidade. Isto é bem constatado nas fogueiras da Idade Média e ainda hoje em países onde a mulher deve esconder o rosto e os cabelos. Sem falar naqueles onde ainda (século 21) é praticada a extirpação do clitóris. Aff!!!
Com todos os preconceitos, tabus, deturpações e hipocrisia sobre a sexualidade chegamos à era atual, onde após o movimento feminista, (também desvirtuado) finalmente “o sexo liberou geral”.
Vivemos hoje, em se falando de sexo, uma época tal e qual a antiga Roma dos Césares, onde a promiscuidade é lugar comum.
Bom, mas o que é que um indivíduo procura no intercurso sexual? Aquilo que, paradoxalmente, é o mais ansiado e evitado ao mesmo tempo nas relações – a intimidade.
A intimidade é almejada porque é a forma mais completa de uma relação a dois, mas também é evitada por causa do medo. O medo de se abrir, de ser espontâneo, de deixar cair as máscaras.
Essa busca insana acaba levando as pessoas ao sexo vazio, puramente genital, que não preenche os anseios mais íntimos, o emocional ou os sentimentos. A falta de preenchimento leva à busca de um novo contato e mais outro e mais outro na ânsia de conseguir “aquilo” que está faltando na vida do indivíduo nessa específica área.
Busca inglória e frustrante.
Como o sexo foi deturpado na sua essência e tornou-se ineficaz na sua consumação desencadeou um comportamento engraçado (como vários outros dos humanos rsrsrs): as pessoas falam muito sobre sexo. A mídia está sempre apresentando alguma matéria a respeito. Atualmente a internet diariamente contém postagens sobre o assunto seja através de vídeos, tirinhas cômicas ou textos.
Já que não conseguem se realizar sexualmente os humanos falam a respeito como forma de compensação. Triste isso, não?
E a intimidade? Foi pro brejo!!!
Ah, mas a ânsia pela intimidade continua, um exemplo típico é o sucesso das redes sociais, onde as pessoas ficam postando o que estão fazendo ou pensando (acreditando que alguém se interessa por isso) revelando, muitas vezes, seus mais íntimos pensamentos, procurando desta forma uma pseudo intimidade já que se sentem “seguras” pelo anonimato virtual (mesmo que identificados pelo nome e foto não há contato real).
Segundo Eric Berne, desde a tenra infância somos treinados a evitar a intimidade porque os pais ensinam às crianças que é descortês encarar as pessoas. Segundo ele, se quisermos ter intimidade com alguém, basta ficar em frente ao outro durante 20 minutos, aproximadamente, olhando-o nos olhos (e vice-versa) e conversando.
Quando praticava a Análise Transacional numa Clínica constatei a eficácia deste exercício.
Concluindo, embora exista a crença de que uma pessoa bem sucedida sexualmente é aquela que tem relações sexuais frequentes, isto na realidade não é sinônimo de realização sexual e se for com parceiros diferentes é sinônimo, sim, mas de promiscuidade.
Expansão de consciência é ser consciente de tudo o que afeta o ser humano, incluindo o sexo. Reflita a respeito.
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