Sobre a indiferença na meditação - Osho
autoconhecimento

Sobre a indiferença na meditação - Osho



"Pergunta - Ultimamente você tem falado muito do silencio e o vazio internos. Atualmente minha mente parece estar completamente fora do controle..
A mente nesses anos todos aqui no ashram, sinto que minha mente funciona como um computador que ficou louco. Tento ser um testemunho de todo absoluto, mas o monstro continua, e continua...

Osho - Deixe que o monstro siga, e não se preocupe. É a preocupação mesma que é o problema, não o monstro.
O mundo inteiro segue e segue: o rio segue fluindo, as nuvens seguem movendo-se no céu, os pássaros seguem cantando nas árvores. Por que está contra a mente? Deixe-a também que ela siga, e despreocupe-se disso.

Ser testemunho não é um esforço, quando você não tenta controlar surge o testemunho. A mera ideia de que tens que deter a mente é errônea; de tens que calar a mente, que tens que fazer algo sobre este processo é errônea. Não se requer que faça nada. Se fazes algo, não servirá, ajudará ao problema mas não a ti.
Por isso, quando medita, sente que a mente parece ficar mais louca, e quando não medita, a mente parece não estar tão louca. Quando está meditando, está demasiado envolvido com a mente, está tentando de tudo para pará-la.

Quem é você? E por que deveria preocupar-se com a mente? O que ela tem de mal? Permite os pensamentos, deixe que se movam como as nuvens.


Quando se tornar indiferente, automaticamente estará observando. Não há nada mais a fazer. Só pode observar, só pode ser testemunho, e ao testemunhar a mente, ela simplesmente para, silencia.
Não foi você que a parou. Nada tem sido capaz de parar a mente. E a ideia da meditação é ainda parte da mente, a ideia de que se alcançar o silencio alcançará o supremo, isso também é parte da mente. Assim, não seja estúpido! A mente não pode silenciar a mente. Quem está fazendo esta pergunta, você ou a mente?

Não está consciente de si mesmo em absoluto; tudo isso são truques da mente. A única coisa que podes fazer é ser indiferente, e deixa que a mente siga. Como estás indiferente, pronto, cria-se uma distância entre você e mente.
A mente chama, bate à porta, mas você não lhe dá atenção, não está preocupado com o que a mente faça. Este desinteresse é necessário. Neste clima de desinteresse, surge o observador. Agora, você vê que a mente nunca te pertenceu; é um computador, é um mecanismo e você está absolutamente separado dela.

Abandone todos os esforços para acalmá-la e permaneça passivo, observe qualquer coisa que se passe. Não dê direção à mente.(...) Não seja um guia da mente, não seja um controlador. Toda a existência segue e nada te perturba. Assim que, porque deveria me perturbar essa mente, um pequeno computador, um mecanismo pequeno? Desfrute se puder. Se não puder, seja indiferente. E algum dia, encontrará algo que estava dormindo profundamente em seu interior. Quando desperto, uma nova energia estará brotando em ti, e a mente estará distante. E pouco a pouco a mente estará mais e mais distante; ela segue falando, mas você sabe que ela fala de um lugar distante, assim como de uma estrela longínqua, é tão distante que você nem pode ouvir ou compreender o que ela diz. E esta distância segue e segue aumentando mais e mais, até que chegue um momento em que você não pode mais saber para onde foi para a mente.

Este silencio é qualitativamente diferente do silencio que você pode praticar. O silencio real chega espontaneamente, não é algo que se pratique. Se praticado está criando um silencio falso. A mente é muito trapaceira, ela pode te dar uma falsa noção de silencio, mas este também pertence à mente.

Assim, não se esforce por acalmá-la. Mas se sente ao lado do caminho e deixe que o fluxo passe. Observe-o, mire como os olhos despreocupados, olhos de indiferença, e o quem tem estado desejando acontecerá, mas não por seu desejo. O desejo não te permitirá ser indiferente. Buda usou a palavra upeksha, que  significa indiferença absoluta, e disse que você nunca se tornará meditativo a não ser que tenha alcançado upeksha, a indiferença. Esse é o terreno. Neste terreno germinam as sementes da meditação, não há outro caminho."
Osho em Los Tres Tesoros vol 1





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