Sobre os falsos valores - Osho
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Sobre os falsos valores - Osho



"Uma coisa muito fundamental tem de ser lembrada: o homem é muito hábil em criar falsos valores. Os verdadeiros valores exigem a sua totalidade, requerem todo o seu ser; os falsos valores são muito fáceis de adquirir. Eles se parecem com os valores verdadeiros, mas não requerem a sua totalidade - apenas uma formalidade superficial.
Por exemplo, em lugar do amor, da confiança, nós criamos o valor falso da 'lealdade'. A pessoa leal está apenas superficialmente preocupada com o amor. Ela representa todos os gestos do amor, mas não quer dizer nada com eles; o seu coração fica de fora desses gestos formais.

Um escravo é leal - mas você acha que alguém que seja um escravo, que teve sua condição humana diminuída, de quem todo o orgulho e toda a dignidade foram tirados, pode amar a pessoa que o prejudicou assim tão profundamente? Ele a odeia, e odeia profundamente. (...) Mas na superfície ele vai permanecer leal - e precisa. Ela não faz isso por prazer, mas por medo. Não é por amor, é por causa de uma mente condicionada que diz que se deve ser leal ao seu senhor. É a lealdade do cão ao seu dono.

O amor precisa de uma resposta mais completa. Ele se deve não a uma obrigação, mas às batidas do seu coração, ao seu sentimento de satisfação, ao desejo de compartilhá-lo. A lealdade é uma coisa horrível. Mas por milhares de anos ela tem sido um valor muito respeitável porque a sociedade tem escravizado as pessoas de diversas maneiras. (...)

O amor é uma experiência perigosa, porque você está possuído por algo que é maior do que você. E não é controlável; não se pode produzi-lo com uma ordem. Depois que ele se foi, não há como trazê-lo de volta. Tudo o que se pode fazer é fingir, é ser um hipócrita.

A lealdade é uma questão totalmente diferente; ela é fabricada pela sua própria mente, não é algo além de você. É um aprendizado dentro de uma determinada cultura, assim como qualquer outro aprendizado. Você começa atuando, e pouco a pouco, começa a acreditar na sua atuação. A lealdade exige que você seja sempre, na vida ou na morte, devotado à pessoa, quer o seu coração deseje isso ou não. É uma versão psicológica do escravismo.

O amor dá liberdade. A lealdade produz escravidão. Na superfície, ambos se parecem; no fundo, são radicalmente opostos, diametralmente opostos. A lealdade é uma interpretação; você foi treinado nela. O amor é espontâneo; toda a beleza do amor está na sua espontaneidade. Ele vem como uma brisa com um agradável perfume, preenche seu coração e de repente, onde havia um deserto, existe um jardim cheio de flores. Você não sabe de onde ele vem, mas sabe que não há como produzi-lo. Ele veio um dia, como um estranho, como um convidado, de repente um dia ele vai embora. Não há como prendê-lo, não é possível segurá-lo.

A sociedade não pode depender de experiências tão imprevisíveis, tão duvidosas. (...)
Eu lhes ensino o novo ser humano no qual a lealdade não tem espaço, mas que em vez disso tem inteligência, dúvidas, capacidade de dizer não. Para mim, a menos que sejam capazes de dizer não, o 'sim' de vocês não significa nada. O 'sim' de vocês é apenas gravado como uma fita de gravador; vocês não podem fazer nada, têm de dizer sim, porque o não simplesmente não ocorre a vocês;

A vida e a civilização teriam sido totalmente diferentes se tivéssemos educado as pessoas para ter mais inteligência. (...)
A lealdade não é outra coisa senão a combinação de todas essas doenças -crença, dever e respeitabilidade. Elas todas estão alimentando o seu ego. Elas estão contra o seu crescimento espiritual, mas estão a favor dos interesses investidos. (...) Por todos os interesses investidos pela sociedade, família, religiões, a lealdade é simplesmente uma necessidade. Mas ela reduz todos os seres humanos a retardados. Ela não permite questionamentos. Ela não permite a dúvida. Ela não permite que as pessoas sejam inteligentes. E um homem que não é capaz de duvidar, de questionar, de dizer 'NÃO', quando sente que a coisa está errada, está abaixo da condição humana; ele se torna um animal sub-humano.

Se o amor for pedido, então ele se tornará lealdade. Se o amor for dado sem ser pedido, se ele for dado livremente, então ele elevará a sua consciência. Se a confiança for pedida, você estará sendo escravizado. Mas se a confiança se manifesta em você, algo sobre-humano estará nascendo dentro do seu coração. A diferença é muito pequena, mas de enorme importância; pedidos ou ordenados, o amor e a confiança tornam-se falsos. Quando eles surgem por si próprios, têm um valor intrínseco enorme. Eles não fazem de você um escravo; eles fazem de você o dono de si mesmo, porque é o seu amor, é a sua confiança. Você está obedecendo ao seu coração. Você não está obedecendo a ninguém. Você não está sendo forçado a obedecer. O seu amor é resultado da sua liberdade. A sua confiança é resultado da sua dignidade - e ambos vão fazer de você um ser humano mais pleno.

Essa é a minha ideia da nova humanidade. As pessoas vão amar, mas não vão permitir que o amor seja ordenado. Elas confiarão, mas confiarão de acordo com elas mesmas - não de acordo com nenhuma escritura, não de acordo com nenhuma estrutura social, não de acordo com nenhum político...

Viver sua vida de acordo com o seu próprio coração, seguir as batidas do seu coração, penetrar o desconhecido, assim como uma águia que voa sob o sol em plena liberdade, sem conhecer limites... sem ser mandado. Viver de pura alegria. Pois esse é o verdadeiro exercício da espiritualidade de cada um."
Osho em Intimidade




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