autoconhecimento
Toda a sua vida está sendo guiada por terceiros
Parece que nós, humanos, gostamos que alguém nos diga o que fazer. Se não tivermos um “Deus”, teremos outra pessoa para nos dizer o que é certo ou errado e o que é bom ou mau. Por que tal resistência a pensarmos por nós mesmos?
Não é uma questão de pensar. Na verdade, você pensa demais. É uma questão de como parar de pensar e perceber diretamente cada situação que você está enfrentando. Se não houver pensamento, não haverá barreira, não haverá cisco em seus olhos e você poderá ver claramente. E quando essa limpidez estiver presente, você não terá alternativas de bom ou mau. Com essa clareza, haverá uma consciência sem escolhas. Você simplesmente faz o que é bom — não que seja necessário qualquer esforço para fazê-lo. Vem sem esforço ao homem de consciência, cônscio, alerta. Ele simplesmente não pode imaginar o mau, o mal. A sua consciência simplesmente o dirige para o que é bom.
Assim, seu problema não é o porquê de existir uma tal resistência a pensar por vocês mesmos. Você não pode penar por si mesmo, porque a visão do bom não é parte da mente e você só conhece a mente; por esta razão surge todo o problema. Você não tem clareza porque só conhece a mente. Você tem centenas de pensamentos passando sem interrupção por sua mente. É um rush de vinte e quatro horas; uma multidão de pensamentos passando, são nuvens passando tão rápido que você fia completamente oculto atrás delas. Seus olhos ficam quase cegos. Sua sensibilidade interior fica totalmente coberta pelos seus pensamentos.
Por intermédio da mente você não pode saber o que é bom ou mau. Você tem que depender de outros e essa dependência é totalmente natural, porque a mente é um fenômeno dependente. Ela depende de outros; todo o seu conhecimento é emprestado.
Tudo o que sua mente sabe veio ou de seus pais, ou do sacerdotes, ou dos professores, ou da sociedade. Observe e não conseguirá encontrar um único pensamento que seja originalmente seu.
Tudo é emprestado; a mente vive de conhecimento emprestado. Em cada situação ela quer alguém para guia-la. Toda a sua vida está sendo guiada por outros. Desde o princípio, seus pais lhe disseram o que é certo e o que é errado. Depois seus professores, os sacerdotes, seus vizinhos... não que eles saibam; eles também emprestaram de outros.
Esse empréstimo continua século por século, geração após geração. Toda doença continua sendo herdada pela nova geração. É apenas uma réplica da geração anterior, um reflexo, uma sombra, mas não tem a sua própria originalidade. É por causa disso que você precisa de um deus, de um guia supremo. Você não pode depender de seus pais porque, à medida que você cresce, começa a ver suas falsidades, suas mentiras. Você começa a perceber que seus conselhos não são perfeitos; que são seres humanos falíveis. Mas a pequena criança acreditou neles como se fossem infalíveis.
Não foi culpa deles, foi a inocência da criança pequena; a criança confiou no pai, na mãe, que a amavam. Mas finalmente, à medida que atinge um pouco de maturidade, vem a saber que o que essas pessoas falavam não é necessariamente verdadeiro.
(...)
O pensar não pode decidir nada, porque algo pode ser bom em uma situação e a mesma coisa pode ser má em uma situação diferente. Às vezes mesmo um veneno pode ser remédio e outras, um remédio pode ser veneno — você tem que compreender o fluxo mutável da vida.
Assim sendo, você não pode decidir pensando. Não é uma questão de decidir por meio de uma conclusão lógica; é uma questão de consciência sem escolhas. Você precisa de uma mente sem pensamentos. Em outras palavras, você precisa de uma não-mente, apenas um puro silêncio, para examinar as coisas diretamente. E dessa clareza, a escolha seguirá por si mesma; você não está escolhendo. Você agirá exatamente como um Buda age. Sua ação terá beleza, terá verdade, terá a fragrância do divino. Não há necessidade de escolhas.
Você tem que procurar orientação, porque não sabe que seu guia interior está escondido dentro de você. Você tem que encontrar o guia interior, e isso é o que chamo de sua testemunha, seu dharma, seu Buda intrínseco. Você tem que despertar aquele Buda, e sua vida será uma abundância de bênçãos e graças. Sua vida ficará radiante com tanto bem e religiosidade, mais do que você possa sequer conceber.
É quase como a luz. Seu aposento está escuro, acenda a luz. Até uma pequena vela vai funcionar e toda escuridão desaparecerá. E uma vez que você tenha uma vela, saberá onde está a porta. Você não tem que pensar: “Onde fica a porta?” Só as pessoas cegas pensam a respeito de onde fica a porta. As pessoas que têm olhos e luz disponível não pensam. Você já pensou: “Onde está a porta?” Você simplesmente se levanta e sai. Você nunca tem um único pensamento sobre onde está a porta. Você não começa a tatear procurando a porta ou vai batendo com sua cabeça contra a parede. Você simplesmente a vê, sem nem mesmo uma centelha de pensamento. Você apenas sai.
Quando você está além da mente, a situação é exatamente a mesma. Quando não existem nuvens e o Sol brilha no céu, você não tem que pensar “Onde está o Sol?” Quando existem nuvens encobrindo o Sol, tem que pensar.
Se próprio ser está encoberto com pensamentos, emoções, sentimentos, e todos são produtos da mente. Basta coloca-los de lado e então, o que quer que você faça, será bom — não que você siga certas escrituras, mandamentos ou certos líderes espirituais. Você é, por seu próprio direito, o guia de sua vida. E essa é a dignidade do homem; ser o guia de sua própria vida. Isso transforma o homem num leão, não numa ovelha, que está sempre procurando alguém que a defenda.
Mas esse não é um problema só seu, é o problema de quase toda a humanidade. Você tem sido programado por outros sobre o que é certo e o que é errado.
(...)
A verdade só pode surgir de dentro de você. Ninguém mais pode dá-la a você. E, com a verdade, vem a beleza seguida do bem. Essa é a autêntica trindade de um homem verdadeiramente religioso: verdade, beleza e bem. Essas três experiências ocorrem quando você entra em sua própria subjetividade, quando explora a interioridade de seu ser.
Você tem vivido na varanda fora de seu ser; nunca entrou. Quando entrar, encontrará seu estado de Buda, sua consciência, sua consciência sem escolhas. Então não terá que decidir o que é bom ou o que é errado. Essa consciência sem escolhas o leva em direção ao bem sem nenhum esforço. É sem esforço e, por essa razão, ela lhe traz grande alegria.
Osho — O Deus que nunca existiu — Editorial Prestígio
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