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WABI SABI - A Arte da Imperfeição
Wabi-sabi (侘寂?) representa uma abrangente visão do mundo japonês ou a estética centrada na aceitação da transitoriedade e imperfeição. Uma ideologia artística desenvolvida por volta do século XV no Japão, durante o período Muromachi, com bases nos ideais do zen budismo. A estética é muitas vezes descrita como o belo que é "imperfeito, impermanente e incompleto".
É um conceito derivado dos ensinamentos budistas das Três marcas da existência (三法印, sanbōin?), nomeadamente anicca (impermanência), dukkha (sofrimento) e anatta (não-eu).
As características estéticas do Wabi-sabi incluem assimetria, aspereza (rugosidade ou irregularidade), a simplicidade, a economia, a austeridade, a modéstia, a intimidade e a valorização da integridade ingenua de objetos e processos naturais
Perceber a beleza que se esconde nas frestas do mundo imperfeito é uma Arte. Você conhece aquela história de que os tapetes persas sempre tem um pequeno erro, um minúsculo defeito, apenas para lembrar a quem olha de que só Deus é perfeito? Pois é, a Arte da Imperfeição começa quando a gente reconhece e aceita nossa tola condição humana.
Precisamos aprender a aceitar nossas falhas com a mesma graça e humildade com que aceitamos nossas qualidades, a perdoar a nós mesmos. O desejo de acertar sempre impede a evolução e a necessidade de estar no controle aumenta a desordem e o caos.
Wabi sabi é a expressão que os japoneses inventaram para definir a beleza que mora nas coisas imperfeitas e incompletas. O termo é quase que intraduzível: wabi sabi é um jeito de "ver" as coisas através de uma ótica de simplicidade,naturalidade e aceitação da realidade.
Contam que o conceito surgiu no século 15. Um jovem, Rikyu, queria aprender os complicados rituais da Cerimônia do Chá e procurou o grande mestre Takeno Joo. Para testar o rapaz, o mestre mandou que ele varresse o jardim. Rikyu limpou o jardim até que não restasse nem uma folhinha fora do lugar.
Ao terminar, examinou cuidadosamente o jardim impecável, cada centímetro de areia imaculadamente varrido, cada pedra no lugar, todas as plantas ajeitadas. E então, antes de apresentar o resultado ao mestre, Rikyu chacoalhou o tronco de uma cerejeira e fez caírem algumas flores que se espalharam displicentes pelo chão.
Mestre Joo, impressionado, admitiu o jovem no seu mosteiro. Rikyu tornou-se um grande Mestre do Chá e desde então é reverenciado como aquele que entendeu a essência do conceito de wabi-sabi: a arte da imperfeição.
Os mestres japoneses, com a cultura inspirada nos ensinamentos do taoísmo e do zen budismo perceberam que a ação humana sobre o mundo deve ser tão delicada que não impeça a verdadeira natureza das coisas de se revelar.
Eles perceberam a beleza e elegância que existe em tudo que é tocado pelo carinho do tempo. Uma velha tigela de chá, musgo cobrindo as pedras do caminho, a toalha amarelada, uma única rosa solta no vaso, a maçaneta da porta nublada das mãos que a tocaram...
Wabi sabi é inseparável dos ensinamentos do taoísmo e do zen-budismo:
Na natureza:
- Todas as coisas são imperfeitas.
- Todas as coisas são incompletas.
- A beleza pode estar escondida na feiúra.
- A grandeza existe nos detalhes despercebidos.
- Apreciação da ordem cósmica.
A Arte da Imperfeição é focar no intrínseco, no irregular, no despretensioso, no turvo, no envelhecido, na simplicidade...
Parte deste texto abaixo é de Adriana Fricelli, retirado da revista Feng Shui de março de 2013
Ladrilhos desgastados, cerâmicas com bordas carcomidas, livros amarelados, móveis envelhecidos. Defeitos? Não para os admiradores da estética japonesa wabi-sabi, para quem a verdadeira beleza é aquela que salta da imperfeição.
(...) O conceito wabi-sabi defende justamente a singularidade do ser e a valorização de todas as etapas da vida, ressaltando tudo o que foi esculpido pela ação natural do tempo, e, por isso mesmo, torna-se absoluto. Na decoração, não faltam exemplos que ilustram o termo, como aquela velha poltrona com o couro manchado pelo sol, as porcelanas riscadas da sua avó, ou então o espelho embolorado pelo vapor do banho. Convidamos você a abandonar o perfeccionismo estressante e permitir-se ao wabi-sabi, afinal, apreciar a imperfeição é uma arte.
Aprenda a Ponderar
"Apague a luz ao sair da sala, feche a torneira quando estiver se ensaboando. Seja quase invisível. Caminhe sem deixar traços, pegadas", aponta Monja Coen. Procure sempre o diálogo, crie a harmonia entre as pessoas. Não deseje vitória nas discussões. Escute mais, fale menos. Relaxe! Recicle o lixo, seus pensamentos, seus hábitos.
"O meio de ser harmonioso é ser incompleto."
(Victor Hugo)
"A perfeição existe apenas na imaginação humana."
CANAL: Wabi Sabi
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