É possível viver sem imagens psicológicas?
autoconhecimento

É possível viver sem imagens psicológicas?


Não sabendo clarificar a confusão da presente existência, dizemos "Voltemos atrás, volvamos ao passado, vivamos em conformidade com uma certa coisa morta". Eis porque, quando nos vemos frente a frente com o presente, nos refugiamos no passado ou numa certa ideologia ou utopia, e, estando vazio o nosso coração, tratamos de enchê-lo de palavras e imagens, fórmulas e slogans. Observai-vos, e sabereis de tudo isso.
Krishnamurti - Viagem por um mar desconhecido
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Uma revolução em toda a psique do homem não é realizável por meio da vontade, que é desejo, determinação, por meio de um plano de vida conducente à paz. Ela só é possível quando o cérebro pode estar quieto e ao mesmo tempo ativo, para observar sem criar imagens de acordo com sua experiência, conhecimentos e prazer. A paz é essencial, porque só na paz pode o indivíduo florescer em bondade e beleza. Essa possibilidade só existe quando somos capazes de escutar o todo da existência, com todas as suas agitações, aflições, confusão e angústias - escutá-lo, simplesmente, sem nenhum desejo de alterá-lo. O próprio ato de escutar é a ação que operará a revolução.
Krishnamurti - Encontro com o eterno - ICK
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Assim, que buscamos nós? Que deseja o homem? Ele vê o que é sua vida - tédio, rotina, um campo de batalha, luta constante, nunca um momento de paz, a não ser, talvez, ocasionalmente, por meio do sexo ou de outra coisa. Daí conclui que a vida é transitória, a vida é mutável e, portanto deve haver uma coisa superior e permanente; essa permanência ele deseja, deseja algo diferente de mera rotina física, da mera experiência de cada dia. A essa coisa ele chama "Deus". Conseqüentemente, crê em Deus; e todas as imagens e ritos baseiam-se nessa crença. A crença é produto do medo. Se não há medo, podeis ver a folha, a árvore, o céu estrelado, a luz, os pássaros... Há, então, beleza, e, por conseguinte, bondade; e onde está a bondade, aí se encontra a Verdade.
Krishnamurti - O Novo Ente Humano - ICK
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Vocês alguma vez olharam a própria esposa, o marido, aos filhos, ao chefe ou a algum dos políticos? Em tal caso, o que é que tem visto? A imagem que possuem da pessoa, a imagem que possuem de seus políticos, do primeiro ministro, de seu deus, de sua esposa, de seus filhos; essa imagem é o que vocês olham. E essa imagem tem formado o motivo da relação, o motivo de seus medos, ou de suas esperanças. O prazer sexual ou outros prazeres que temos tido com nossa esposa, nosso marido, assim como a ira, a adulação, o consolo, todas as coisas que traz consigo a vida familiar – que é uma vida opressora – tem criado uma imagem a respeito da esposa ou do marido. É com essa imagem que olhamos. Igualmente, nossa esposa ou nosso marido possuem uma imagem nossa. Portanto, a relação entre nós e nossa esposa ou nosso marido, entre nós e os políticos é, na realidade, a relação entre duas imagens. Correto? Isso é um fato. Como podem duas imagens, que são o resultado do pensamento, do prazer e demais, ter alguma relação de afeto ou amor?

Por conseguinte, a relação entre dois indivíduos, muito intimamente unidos ou muito distantes, é uma relação de imagens, símbolos e recordações. E nisso, como poder existir o verdadeiro amor? Compreendem a pergunta?
Krishnamurti - Obras completas, Vol. XVII – Nova Delhi, 22 de dezembro de 1966
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Alguma vez estamos relacionados com alguém, ou a relação é entre duas imagens que temos criado a respeito um do outro? Eu tenho uma imagem de você e você tem uma imagem de mim. Eu tenho uma imagem da outra pessoa como minha esposa ou meu marido ou o que for, e a outra pessoa também tem uma imagem de mim. A relação é entre estas duas imagens e nada mais. Ter uma relação com o outro só é possível quando não há imagem. Quando eu posso olhá-lo e você a mim sem as imagens da memória, dos insultos e tudo mais, então há uma relação, porém, a própria natureza do observador é imagem, não é verdade? Minha imagem observa sua imagem, se é possível observá-la, e a isto chamamos relação, porem uma relação entre duas imagens, uma relação que não existe, porque ambos somos imagens. Estar relacionado significa estar em contato. O contato deve ser algo direto, não entre duas imagens. Requer muitíssima atenção, muita percepção, em alerta olhar o outro sem a imagem que temos dessa pessoa, sendo a imagem as recordações a respeito dessa pessoa, como nos insultou, como nos tem dado prazer, como nos foi complacente, isto ou aquilo. Só quando não existe imagem entre dois seres humanos, existe relação.
Krishnamurti - Obras Completas, Vol XVII – Nova York, 26 de setembro de 1966
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O animal é violento. Seres humanos, que são o resultado do animal, também são violentos, e é parte de cada um ser violento, irritado, ser ciumento, invejoso, procurar o poder, posição, prestígio e todo mais para dominar e ser agressivo. Homem é violento – isso é demonstrado por milhares de guerras – e desenvolveu uma ideologia que chama de "não-violência”. E quando existe violência real como uma guerra entre um país e outro, todos são envolvidos nisso. Adoram isso. Agora, quando você é realmente violento e tem o ideal de não-violência, você tem um conflito. Você está sempre tentando se tornar não-violento – que é parte do conflito. Você se disciplina sozinho a fim de não ser violento – o que, mais uma vez, é conflito, atrito. Assim, quando você é violento e tem o ideal de não-violência, você é essencialmente violento. Para perceber que você é violento, a primeira coisa a fazer é – não tentar tornar-se não-violento. Ver a violência como ela é, não tentar traduzir, disciplinar, vencer, reprimir, mas olhar como se você a estivesse vendo pela primeira vez – isso é olhar sem qualquer pensamento. Eu já expliquei o que entendemos por olhar para uma árvore com inocência, que é olhar para ela, sem a imagem. Da mesma maneira, você tem que olhar para a violência, sem que a imagem esteja envolvida na palavra em si. Ao olhar-la, sem qualquer movimento de pensamento é olhar como se você a estivesse olhando pela primeira vez, e, por isso, olhando com inocência.
Krishnamurti - O livro da Vida




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