Despertando em si mesmo a verdadeira inteligência
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Despertando em si mesmo a verdadeira inteligência



Onde houver segurança há exploração. E vocês, como indivíduos, pela segurança, se tornam exploradores e explorados. Vocês é que criam o mediador entre vocês e o verdadeiro discernimento dos valores retos, o qual é inteligência.

Ninguém, porém, pode lhes dar essa inteligência. Nada, a não ser a sua própria percepção desperta, pode lhes ensinar o reto valor do dinheiro, do afeto, do pensamento.

Então, as complicações da crença organizada desaparecerão.

Então, não mais haverá esse prosseguimento da devoção, essa falsa reverência baseada no medo, no qual não existe a percepção dos verdadeiros valores.
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Por todo o mundo anda o homem à busca da segurança na imortalidade. O medo o faz buscar conforto numa crença organizada, que se chama religião, com seus credos e dogmas, com sua pompa e superstição. Estas crenças organizadas, as religiões, fundamentalmente separam o homem. E se examinarem seus ideais, sua moral, verão que estão baseados no medo e no egoísmo. Da crença organizada decorre o desejo rendoso que, sutilmente se torna cruel autoridade, para explorar o homem por meio do seu medo.
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Por toda parte do mundo há constante sofrimento que parece infindável. Há a exploração de uma classe pela outra. Vemos o imperialismo com todas as suas imbecilidades, com todas as suas guerras e com as crueldades oriundas do desejo rendoso, seja em ideias, seja em crenças ou em poder. Além disto, há o problema da morte e a busca de felicidade e de certeza num outro mundo. Uma das razões fundamentais pelas quais vocês pertencem a uma religião ou a uma seita religiosa é lhes prometer um lugar seguro no além.

Aqueles dentre nós que estão ativa e inteligentemente interessados pela vida, veem tudo isto e, desejosos de operar uma mudança fundamental, imaginam que deveria haver um movimento em massa.

Ora, para criar um movimento verdadeiramente coletivo, é preciso que se dê o despertar do indivíduo. Eu me preocupo com esse despertar. Se cada indivíduo despertar em si mesmo essa verdadeira inteligência, então produzirá o bem estar coletivo, sem exploração nem crueldade. Enquanto a plenitude inteligente do indivíduo estiver impedida, tem de haver caos, tristeza e crueldade.

Se vocês forem arrastados a cooperar, por meio do medo, jamais poderá realizar-se a plenitude individual. Portanto, eu não me preocupo em criar uma nova organização ou partido, ou em lhes oferecer uma nova substituição; preocupo-me com o despertar dessa inteligência, que é a única que pode dar solução às múltiplas tristezas e misérias humanas.
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Onde houver medo, que é o resultado da segurança, tem de haver exploração. Libertar a mente do medo é uma das coisas mais difíceis de executar.

As pessoas são muito rápidas em dizer que não têm medo. Se, porém, quiserem realmente averiguar se estão libertos do medo, têm de a si próprias se colocar à prova na ação. Têm de compreender a estrutura, em conjunto, da tradição e dos valores e, no apartarem-se, elas próprias, dessas coisas criarão conflito em que descobrirão se estão livres. Ora, nós, pela maior parte, estamos agindo em conformidade com certos valores estabelecidos. Não conhecemos seu verdadeiro significado.

Se quiserem descobrir a constituição do ser de vocês, pulem fora da trilha que estão seguindo, e, então, verificarão os múltiplos e sutis temores que escravizam suas mentes. Quando a mente se libertar do medo, não mais haverá exploração, crueldade nem tristeza.
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Na busca da segurança individual de vocês a que chamam imortalidade, começam a criar muitas ilusões e ideais que se tornam meios de grosseira ou sutil exploração. Para lhes dar segurança e para interpretar as suas ânsias de segurança no além e no presente, é preciso que haja mediadores, mensageiros, que, por meio do medo de vocês, se tornam seus exploradores.

Portanto, fundamentalmente, vocês são os criadores dos exploradores, sejam eles econômicos ou espirituais. Para compreender esta estrutura religiosa, que se tornou um meio de explorar o homem em todo o mundo, vocês precisam compreender o próprio desejo e as suas modalidades de ação sutil e astuta.
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A religião nada mais é do que um sistema organizado de crença, baseado no medo e no desejo de segurança. Onde houver o próprio desejo, desejo de segurança, tem de haver temor; e vocês, por meio da religião, buscam aquilo a que se chama imortalidade, segurança no além, sendo que aqueles que lhes prometem e lhes asseguram essa imortalidade, tornam-se seus guias, seus instrutores e autoridades.
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Pelo medo, cria-se a autoridade, e, a ela cedendo, vocês produzem a exploração. Portanto, cada um de vocês, em virtude do medo, cria exploradores. Pelos próprios desejos e temores, vocês têm criado as religiões com seus dogmas, seus credos e toda a sua pompa e representação.

As religiões, como crenças organizadas que são, com seus desejos rendosos, não conduzem o homem à realidade. Tornaram-se máquinas de exploração. Vocês são, porém, os responsáveis pela sua existência. A mente precisa de se libertar de todas as ilusões criadas pelo medo, ilusões essas que aparecem, agora, como realidade, e quando a mente for simples e direta, capaz de pensar verdadeiramente, então não mais criará exploradores.

Krishnamurti - O medo - 1946 - ICK




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