Entrevista com Krishnamurti
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Entrevista com Krishnamurti


O "Boletim Internacional da Estrela", editado no Brasil, número de agosto de 1928, publicou uma "Entrevista com Krishnamurti", que teve lugar em Londres, a 20 de junho do mesmo ano. Os trechos abaixo são aqui de particular importância:

"Pergunta: Numerosos jornais da América relataram recentemente que havíeis declarado não serdes o Instrutor, porém somente a voz o Instrutor. Devemos tomar isso como sendo a vossa atitude?

Krishnamurti: Não, senhor, receio que eles estejam inteiramente errados. Não se pode dar explicações a alguém que nos defronte sem ter idéia daquilo de que se trata, sem ser mal compreendido. (pág. 20)

Pergunta: Qual é, pois, a realidade, do vosso ponto de vista?

Krishnamurti: A realidade é que eu sou o Instrutor.

Pergunta: Como surgiu a confusão?

Krishnamurti: Eles entenderam mal o que se pretende indicar pela idéia do "veículo do Instrutor". Confundem-se com isso (...). (pág. 20)

Pergunta: Como aconteceu que vários jornais fizeram distinção entre a personalidade de Krishnamurti e o Instrutor?

Krishnamurti: Senhor, eu o tenho dito muitas e muitas vezes (...) Krishnamurti, como tal, não mais existe. Assim como o rio entra no oceano e nele se perde, assim Krishnamurti entrou naquela Vida que se acha representada por alguns como o Cristo, por outros como o Buddha, (...) o Senhor Maitreya. Assim, Krishnamurti (...) entrou nesse Oceano de Vida e é o Instrutor (...) (pág. 20)

Pergunta: Haveis dito que sois o Buddha, o Cristo, o Senhor Maitreya (...) Como pode ser isto?

Krishnamurti: Sustento que todos os Instrutores do mundo atingiram essa Vida que é finalidade da mesma. Daí, sempre quando qualquer ser entra nessa Vida, que é a culminação de toda a vida, então, ipso facto se torna o Buddha, o Cristo, o Senhor Maitreya, pois que ali não mais existe distinção. (...)" (pág. 21)

Referências ao Senhor Buddha são feitas também por Krishnamurti na obra "O Reino da Felicidade", nos seguintes termos:

"O Mestre é de todos, Ele é o Amante do Mundo, e nunca ficará satisfeito com dar o seu conhecimento e amor a alguns apenas. Ele vem para todos. Ele anseia por despertar a beleza e a felicidade da vida em todos, (...) os que tivermos acendido a candeia do gênio em nós mesmos, tanto melhor poderemos entender, seguir e servir."

Eu falei a respeito do Buddha e seus discípulos, e (...) aqueles discípulos não podiam ter sido homens ordinários; eles eram exceções, (...) dando amor aos que necessitavam de abrigo nas grandes alturas. Por isso, os que entendiam o grande Mestre, respiravam o mesmo ar perfumado e viviam no mundo dEle, puderam dar ao mundo uma parte daquela eterna beleza. (...)" (pág. 16-17)

Outro trecho da mesma obra (O Reino da Felicidade), adiante, não esclarece se a menção diz respeito ao Senhor Buddha ou ao Senhor Maitreya (Cristo):

"Ansiava por chegar ao meu Guru, meu amor, meu Gênio, minha fonte de Felicidade; e, como já de outra vez na Índia eu O vi, mas não quando estava lutando ou tentando aproximar-me dEle, mas sim quando estava em meu natural e no meu íntimo refervia uma fonte de felicidade."

Segue: "Eu o vi enchendo o céu, as folhas da relva, eu O vi em toda a extensão da árvore, eu O vi no seixo, eu O vi em toda parte, eu O vi em mim mesmo. E dessarte o meu templo estava repleto, o meu Santo dos Santos estava completo. Eu era Ele e ele era eu mesmo, e essa era a Verdade para mim". (pág. 27)

Krishnamurti revela que o plano Divino constitui a fonte da Vida Una. Lá não mais se verifica distinção entre os Seres que, a partir desse nível, transmitem Sabedoria, Amor, Energia. Ele expressa isso nos textos abaixo:

"Mas, (...) vós estais enamorados de rótulos, e não da Verdade. Como é possível dividir a Vida em Instrutor Universal e Bodhisattva? (...) Percebeis o que esta pergunta implica? O que vos agrada atribuís ao Bodhisattva; e que vos desagrada atribuís ao Instrutor Universal ou - quem sabe? - a Krishnamurti." ("Que o Entendimento seja Lei", pág. 13)

"(...) Se desejais compreender o cume da montanha, deveis deixar o vale, e não permanecer nele, adorando, de longe, o alto da montanha. Amigo, não vos preocupeis sobre quem eu seja; vós nunca o sabereis. Não desejo que aceiteis coisa alguma do que vos digo. (...)" (idem, pág. 15)

"Uni-vos com a Vida e vos unireis com todas as coisas. (...) Se estais enamorado da Vida, então vós vos unireis com a Vida, quer a chameis Buddha ou Cristo ("Que o Entendimento seja Lei", pág. 19)

"O Buddha, o Cristo, e outros grandes Instrutores do mundo, foram ter à fonte da Vida. (...) Uma vez conhecendo a natureza e a suprema grandeza da Fonte, Eles mesmos se tornaram essa Fonte, o Caminho e a Encarnação da Sabedoria e do Amor. Essa deveria ser a nossa finalidade. (...)" ("O Reino da Felicidade", pág. 54-55)

Na obra de Krishnamurti "A Canção da Vida" (4ª Ed, ICK 1982), lê-se também:

"Dessa Vida, imortal e livre,

Eu sou a eterna fonte; (VI, pág. 17)

Eis a Vida que eu canto.

Ali está a unidade de toda a Vida,

Ali está a silenciosa Fonte, (X, pág. 20)

Que nutre os vertiginosos mundos.

Ó vida, ó amado,

Só em ti está o perene amor,

Só em ti reside o eterno pensamento." (XXV, pág. 43)

Em resumo, os dados supra, juntamente com os que seguem, permitem compreender a expressão que ele tem usado para elucidar quem ele é, e a origem dos seus ensinamentos: "não vos preocupeis sobre quem eu seja; vós nunca o sabereis."

O Senhor Maitreya (Mestre universal), conforme a obra citada, de Mary Lutyens ("Krishnamurti - Os Anos do Despertar"), teria começado a manifestar-se através de Krishnamurti a partir de 1925 (a primeira vez em 28-12-1925) por ocasião do Congresso da Estrela, em Adyar, Madrasta, Índia (pág. 226-227, 242, 278, 287, 296-298).

A presença do Senhor Maitreya (Cristo) em Krishnamurti é também referida na obra "Krishnamurti - Los Anõs de Plenitud" (Ed. Edhasa, Barcelona, 1984, pág. 12, 13, 14 e 15.

Geoffrey Hodson, autor de numerosas obras teosóficas, de pesquisa clarividente, no seu livro "Thus have I heard" (Assim Tenho Ouvido), cap. XII - Fulgurações num camp-fire, relata o que fora observado por pessoas capacitadas a ver no plano Astral, presentes ao Acampamento de Ommen, Holanda, em agosto de 1927.

Depois de citar numerosas entidades excelsas, presentes, da Grande Hierarquia que governa a Terra, descreve o que segue em relação a Krishnamurti (também conhecido como Krishnaji):

"Quando ele fala, o espírito de Cristo desce, como uma grande inspiração coletiva, para as mentes e os corações de todos. Ela se aproxima mais e mais numa grande nuvem anular de luz dourada. Adeja sobre nossas cabeças, desce ainda mais, delicada e lentamente, como tépida chuva de verão, até que todos ficam envoltos numa paz, beleza e amor que a ninguém exclui.

Noite após noite, quando ele cessa de falar, ocorre um milagre. Duas mil e setecentas pessoas permanecem na mais absoluta quietude. Naquele silêncio, o esplendor dos esplendores revela-se aos nossos olhos. A figura do Senhor aparece acima da cabeça de Krishnaji. Mais profundo é o silêncio. Estamos todos envolvidos pelo seu amplexo, cheio de ternura e compaixão. Ainda mais próximo está o Senhor."




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