Espiritualidade e discernimento
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Espiritualidade e discernimento


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Bom, parece que estes dois termos não têm muito a ver um com o outro porque a espiritualidade implica em fé e esta não pertence ao reino da razão.

Pois é, sempre foi assim, mas não precisa ser. A espiritualidade também pode se basear no conhecimento e não só no sentimento (que é a fé cega).

Três expressivas correntes religiosas do planeta: cristianismo, judaísmo e islamismo são fundamentadas em livros chamados sagrados porque conteriam as palavras de Deus, com o seguinte detalhe: três diferentes deuses. Por aí já começa a cegueira, pois as três diferentes correntes dizem haver um só Deus supremo. Então dois desses deuses são falsos. Quais deles?

Essas e outras diferentes crenças religiosas, desde o início, criaram separativismo entre as pessoas e/ou nações e conflitos que muito sangue derramou e ainda derrama.

Suprema falta de discernimento!

Vamos começar por analisar os livros assim chamados sagrados.

Todos eles contêm mensagens vindas do outro lado do véu (véu=barreira que nos impede de ter contato direto com outras realidades sutis) que foram recebidas por humanos chamados de canalizadores.

Um canalizador tem a capacidade de receber e transmitir mensagens de seres que estão do outro lado do véu, mas isso não quer dizer que seja a Fonte ou o Criador que esteja se comunicando. Quanto mais evoluído é um ser, maior é a sua freqüência vibratória, portanto se existe um ser-fonte (o que chamam de Deus) sua frequência é tão fantasticamente alta que nosso primitivo e biológico denso cérebro “torraria” com tal comunicação.

Voltando aos livros, Abraão, Elias, Moisés e Maomé (que se diz ser uma reencarnação de Moisés) e outros foram canalizadores e provavelmente receberam mensagens do outro lado, mas eram seres humanos com suas falhas de caráter ou comportamento e que usaram, naturalmente, seus filtros internos ao transmitirem tais mensagens. Moisés, por exemplo, tinha péssimo temperamento (dedutível das escrituras).

Portanto, se usarmos nosso senso crítico ou discernimento devemos fazer a seguinte pergunta: o quão acuradas ou honestas foram as transmissões de tais mensagens? Segunda pergunta: como não foram eles que redigiram suas mensagens, os futuros redatores foram absolutamente fiéis às palavras canalizadas nas mensagens originais?

Parece que os crentes de fé cega não se perguntam isso. Não se trata aqui de desvalorizar as religiões, mas alertar para a necessidade de questionar o que dizem os livros “sagrados”. Ainda existe um agravante quanto à sua veracidade: as mensagens foram adequadas ao conhecimento, cultura, hábitos, nível de consciência e crenças daquelas épocas. São iguais aos de agora?

Os canalizadores continuaram aparecendo pelo mundo no transcorrer dos tempos e após 1987 tornaram-se muitos. Esta data marca o início do movimento Nova Era que ocasionou a manifestação de uma proliferação de canalizadores e “gurus”. Alguns honestos e bem intencionados, outros nem tanto. Já apareceu de tudo e se você pesquisar hoje na web vai encontrar mensagens esdrúxulas provenientes de “ETs” a canalizadores sérios. Já postei aqui sobre mestres ascensionados (que são canalizados atualmente) onde mostro como reconhecer sua autenticidade. Pessoalmente já conheci alguns canalizadores tendo sido somente um digno de confiança.

No Espiritismo e na Umbanda, por exemplo, é bastante comum as pessoas acreditarem piamente no que um “espírito” diz partindo do pressuposto de que como ele está do “outro lado” já alcançou a sabedoria ou é um ser de luz. Nada mais equivocado.

Mariana Caplan, PhD, autora do livro Cultivando o Discernimento no Caminho Espiritual, diz o seguinte: “Após 17 anos de experiência em quatro continentes e 10 anos de pesquisa em campo, eu estou pessoalmente e profissionalmente muito familiarizada com os tipos de abusos de poder, chocantes, que têm sido cometidos em nome da espiritualidade.”

Sim, o poder é uma droga sutil, que além de viciar, retira a capacidade de discernimento e lucidez de quem o utiliza e sempre foi e ainda é utilizado por gurus, canalizadores, sacerdotes, pastores, padres, rabinos, mulás, imames ou qualquer humano que se arvore em condutor de seu “rebanho” de crentes.

Qualquer pessoa que diga ser detentora do privilégio de intermediar a comunicação com o Criador é alguém que está mais focada no poder oriundo de tal posição, seja este financeiro e/ou influência sobre as cabeças de seus seguidores.

Mariana Caplan, apropriadamente, enfatiza que a autoridade espiritual vem de dentro da própria pessoa e não de outrem.

Finalizando, não existe um só caminho para encontrar o Criador, as pessoas são diferentes e consequentemente encontrarão diferentes caminhos para expressar sua espiritualidade, mas principalmente, devem usar a razão, questionar, duvidar e não sair acreditando em tudo que seu guru, pastor ou sacerdote lhe diz porque “está no livro sagrado” (?).

Imagem: blog.cancaonova.com

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