Krishnamurti - Mutação Total, Inadiável, do Homem, da Sociedade
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Krishnamurti - Mutação Total, Inadiável, do Homem, da Sociedade


No entanto, podemos viver em extrema simplicidade e sensatez, e, conseqüentemente, em paz (…) Cada um de nós deve interessar-se com empenho na criação de uma nova sociedade ou uma nova civilização, resguardada das causas que estão destruindo e desintegrando o mundo em que vivemos. (…) Vossa própria transformação é de extrema importância, porquanto vós sois, individualmente, a causa da confusão universal. (…) (O Caminho da Vida, pág. 20)

Sabeis (…) O que está acontecendo no mundo é uma projeção do que está sucedendo no interior de cada um de nós, pois o que somos o mundo é. (…) E é necessário criar um novo mundo, (…) que não represente continuação, em forma diferente, desta mesma sociedade corrompida. (…) Considerai, pois, seriamente essas coisas, pois, em virtude dessa consideração, nascerá um extraordinário sentimento de alegria, de felicidade. (A Cultura e o Problema Humano, pág. 66)

Sem regeneração do indivíduo, não pode haver revolução fundamental. Sem uma revolução básica dos valores, não é possível uma ordem verdadeira e duradoura. É nosso empenho promover essa revolução. Uma revolução no pensar e no sentir e, conseqüentemente, na ação. Essas três coisas não estão separadas, sendo, antes, um processo unitário. São relacionadas entre si e mutuamente dependentes. (O Caminho da Vida, pág. 11)

Não é de grande relevância compreender cada um a si próprio antes de tudo o mais? (…) Da compreensão e conseqüente transformação de si próprio resultará inevitavelmente a necessária e vital transformação do Estado e do ambiente. (…) O mundo é a projeção de vós mesmos; vosso problema é o problema do mundo. (Autoconhecimento, Correto Pensar, Felicidade, pág. 37-38)

O mundo sois vós. Sem a transformação do indivíduo - que sois vós - não há possibilidade de uma revolução radical no mundo. Revolução na ordem social, sem a transformação do indivíduo, só pode conduzir a novos conflitos e desastres. (…) (O Caminho da Vida, pág. 34)

Interlocutor: Podeis explicar o que a mudança implica?

Krishnamurti: Tenho de ser breve. Em primeiro lugar, observa-se no mundo (…) uma mudança fantástica. Aí temos a mudança tecnológica. Mas há necessidade de uma revolução psicológica e, por conseguinte, social. (…) Psicologicamente, (…) porque atualmente somos ávidos, invejosos, ansiosos, medrosos, aflitos. (…) Precisamos libertar-nos (…) de tudo isso; necessitamos de liberdade (… ), de uma completa mudança (…) de nosso pensar e de nosso sentir. (…) (Palestras com Estudantes Americanos, pág. 127-128)

Nosso problema principal é este: podemos operar uma mudança imediata em nossa vida, de maneira que cada um possa sair deste salão transformado num ente humano novo, “inocente”, puro, lúcido, incontaminado pelo tempo - não na forma de uma idéia, esperança ou ideologia, porém realmente? (Idem, pág. 128)

É isso o que está implicado na palavra “mudança”, e não apenas uma revolução econômica, social, que não leva a parte alguma. Já tivemos revoluções, comunistas e outras, e todas estão voltando ao mesmo e velho padrão. (…) (Idem, pág. 128)

Ora, eu não estou falando a respeito de mudança de padrão, porém (…) de uma profunda revolução psicológica - e isso significa libertar-se completamente da estrutura psicológica da sociedade. Mudança que se opera dentro do padrão da sociedade é um movimento do “conhecido” para o “conhecido”. (…) (O Homem e seus Desejos em Conflito, 1ª ed., pág. 90-91)

A revolução implica, por certo, um percebimento total de toda a estrutura psicológica do “eu”, consciente e inconsciente, e que se esteja totalmente livre dessa estrutura sem pensar em “tornar-se outra coisa”. Quer estejamos cônscios dela, quer não, a maioria de nós estabeleceu um padrão de pensamento e atividade (…) (Idem, pág. 91)

Como estive dizendo (…), se não há compreensão do inconsciente, toda “mudança” psicológica é simples ajustamento a um padrão estabelecido pelo inconsciente. E a crise atual - não apenas a crise externa, mas também a crise existente na consciência - exige uma revolução. (Idem, pág. 91)

Não me refiro à revolução social ou econômica, porém à revolução no inconsciente - a completa libertação da estrutura psicológica da sociedade, total abandono da ambição, da inveja, da avidez, do desejo de poder, posição, prestígio, etc. Esta é a única revolução, porquanto, sem ela, nada de novo pode existir. (…) (Idem, pág. 91)

(…) A realidade só pode existir quando a mente, que é produto do tempo, deixa de existir; há então o experimentar daquela realidade que não é fictícia, não é auto-hipnose. Só se extingue o processo do pensamento quando compreendeis a vós mesmos. (…) A realidade, portanto, não está distante, a regeneração não depende do tempo. A regeneração, essa revolução interior portadora de esclarecimento, só se concretiza ao perceberdes o que é. (…) Só quando a mente está tranqüila, é que vem a regeneração. (A Arte da Libertação, pág. 57)

A experiência da realidade não é questão de crença; quem crê nela, não a conhece, e quem fala a seu respeito está apenas dizendo palavras. Palavras não são experiência (…) a realidade. A realidade é imensurável, não pode ser ensinada com palavras floridas, assim como a vida não pode ser encerrada dentro das muralhas da posse. Só quando a mente é livre, vem a criação. (Idem, pág. 57)

Para transformar qualquer coisa, (…) precisais primeiro compreender o que é; só então há possibilidade de renovação, regeneração, transformação. (…) Toda reforma sem compreensão é retrocesso, porque não olhamos de frente o que é; mas se começarmos a compreender exatamente o que é, saberemos, então, como agir. Não podeis agir, sem antes observar, investigar e compreender o que é. (…) (A Arte da Libertação, pág. 169)

Nosso problema, pois, consiste em libertar a mente dessa atividade egocêntrica, não só no nível das relações sociais, mas também no nível psicológico. É essa atividade do “eu” que está causando malefícios e sofrimentos, tanto em nossas vidas individuais como em nossa existência como grupo e como nação. E só podemos pôr fim a tudo isso, se compreendermos inteiramente o processo do nosso pensar. (Claridade na Ação, pág. 46)

Se, ao contrário, estais profundamente interessados no problema da transformação radical, fundamental, reconhecereis, então, diretamente, por vós mesmos, que essa transformação é indispensável para que possa haver paz no mundo, para que não haja mais fome. (…) Para que haja bem-estar universal do homem, faz-se necessária uma transformação, não no nível superficial, porém no centro. O centro é o “eu”, que está sempre acumulando. (…) (Claridade na Ação, pág. 154-155)

Assim, há necessidade de ação completamente dissociada da sociedade, uma maneira de pensar não contaminada pela sociedade, porque só então se tornará possível a verdadeira revolução - que não é revolução superficial, num nível único, econômico, social ou de outra ordem. A revolução total tem de realizar-se no próprio homem, e só então a mente pode resolver os crescentes problemas da sociedade. (Da Solidão à Plenitude Humana, pág. 69-70)

(…) Porque as coisas não podem continuar nas condições atuais. (…) Como pode haver ação transformadora, não no correr do tempo, mas já? (…) Porque há tanta miséria, aqui em Bangalore e por todas as partes no mundo; há crises econômicas, há falta de higiene, pobreza, desemprego, lutas comunais, etc., e a constante ameaça de guerra. (…) (Novo Acesso à Vida, pág. 96)

Temos de compreender a totalidade dessa questão. Vai ser essa a nossa dificuldade porque (…) todos os problemas humanos estão interligados. Assim, provocar uma completa revolução psicológica parece muito mais importante do que uma revolução de caráter econômico ou social - derrubar determinado sistema, quer neste país, quer na França ou na Índia - porque os problemas são muito mais vastos, muito mais profundos do que apenas tornar-se um ativista, ligar-se a um grupo, ou recolher-se a um mosteiro para meditar, (…) aprender Zen ou Yoga. (O Mundo Somos Nós, pág. 45)

Nessas condições, para transformar o mundo que nos circunda, com suas misérias (…) guerras, desemprego, fome, divisões de classes (…), urge uma transformação em nós mesmos. (Por que não te satisfaz a Vida?, pág. 25-26)

A revolução deve começar dentro de nós mesmos, mas não de acordo com nenhuma crença ou ideologia; (…) Para se operar uma revolução fundamental dentro em nós, precisamos compreender, integralmente, o processo de nossos pensamentos e sentimentos na vida de relação. É a única solução. (…) (Idem, pág. 26)

(…) Pensamos que, com uma revolução exterior, podemos criar um mundo novo, baseado no que deveria ser. Mas a revolução só pode ser no centro, na psique, e então produzirá a verdadeira revolução no exterior. (…) (Que Estamos Buscando, pág. 130)

Nosso problema, portanto, não é de como criar um novo padrão (…) mas, sim, de como despertar a revolução radical em nós mesmos. Este é o verdadeiro problema; porque o que sois, o mundo é. Vosso problema é o problema do mundo, não estais separados do mundo; vós e o mundo sois um processo integral. (…) (Idem, pág. 130)

(…) A maioria de nós não deseja transformar-se, ou só queremos modificar-nos superficialmente (…); mas só uma radical revolução interior terá o poder de transformar o mundo. Ela deve começar, em vós, como indivíduo, pois não a podeis esperar da massa. (…) (Idem, pág. 130-131)

Os problemas do mundo são os nossos problemas ampliados e multiplicados. (…) Vós criastes o mundo, e a vós incumbe transformá-lo. É pela vossa conduta, pela vossa maneira de viver, pela radical regeneração de vós mesmos, que sereis capazes de criar um mundo novo, onde não haja (…) lutas, nem explorações, nem guerras. (…) (O Caminho da Vida, pág. 21)

(…) Essa regeneração fundamental, essa completa transformação, virá no dia em que estiverdes cônscios de vossos pensamentos, sentimentos e ações. Tomai sentido de vossa conduta diária. (…) Sem condenação nem justificação, olhai-vos como vós sois, observai-vos, pensando, sentindo e agindo, até começardes a compreender a vós mesmos. (…) (Idem, pág. 21)

Pergunta: Não achais que, para alterarmos esse estado de coisas, necessitamos também de uma revolução externa?

Krishnamurti: Revolução interna e externa ao mesmo tempo. Não primeiro uma e depois a outra; as duas devem ser simultâneas. Deve ser uma instantânea revolução interior e exterior, sem se dar mais relevo a uma ou à outra. Como realizá-la? Só quando se vê esta verdade, que a revolução interior é a revolução exterior. Quando a virdes de fato, e não intelectualmente, verbalmente, idealmente, a revolução se realizará. Ora, existe em vós essa interior e total revolução? Se não existe e quiserdes promover a revolução exterior, implantareis o caos. (…) (A Questão do Impossível, pág. 36)

Vemos, pois, que é essencial começarmos em nós mesmos a operar a transformação de nossa própria atitude, (…) ações, (…) orientação. Essa transformação (…) tem de começar com o autoconhecimento; (…) sem autoconhecimento, torna-se impossível uma revolução radical (…) (Nós Somos o Problema, pág. 80)

Nós mesmos é que temos de transformar-nos, e não a sociedade; compreendei isso (…) Temos de efetuar em nós mesmos, do mais alto ao mais baixo nível, uma transformação de todo o nosso pensar, viver e sentir; então, só então, será possível a transformação social; a simples revolução física, com o fim de alterar a estrutura externa da sociedade, traz inevitavelmente (…) a ditadura ou o Estado totalitário, que negam totalmente a liberdade. (Fora da Violência, pág. 150)

Essa transformação radical de nós mesmos é um trabalho que dura toda a vida, e não uma coisa com que nos ocupamos por uns poucos dias e depois esquecemos; é uma aplicação constante, um contínuo percebimento do que se está passando, interior e exteriormente. (Fora da Violência, pág. 150)

Pergunta: Que entendeis por transformação?

Krishnamurti: É bem óbvia a necessidade de uma revolução radical. A crise mundial a exige. Nossas vidas a exigem. Nossos incidentes, desejos, atividades, anseios de cada dia, a exigem. Nossos problemas a exigem. Faz-se necessária uma revolução fundamental, radical, porque tudo ruiu ao redor de nós. Embora, aparentemente, exista ordem, observa-se um lento declínio, uma lenta decomposição. A onda de destruição está superando constantemente a onda da vida. (A Primeira e Última Liberdade, 1ª ed., pág. 281)

É necessária, pois, uma revolução, mas não a revolução baseada em idéia. (…) Em vista da catástrofe que estamos presenciando - a constante repetição das guerras, o incessante conflito entre classes, (…) pessoas, a horrível desigualdade econômica e social, (…) de capacidades e talentos, o abismo que se abre entre os que são muito felizes, livres de perturbações, e os que se debatem nas malhas do ódio, do conflito e do sofrimento - em vista de tudo isso, há necessidade de uma revolução, de uma transformação completa. (…) (Idem, pág. 281)

A transformação não está no futuro, não pode estar no futuro. Ela só pode ser agora, momento a momento. Assim sendo, que entendemos por transformação? Ora, é muito simples: é ver o falso como falso, e o verdadeiro como verdadeiro. Ver a verdade no falso, e ver o falso naquilo que foi aceito como verdade. (…) Quando se vê que uma coisa é falsa, essa coisa falsa se extingue. (…) Quando se vê que a distinção de classes é falsa, gera conflitos, cria miséria, divisão entre os homens, se se percebe a verdade a esse respeito, essa própria verdade liberta. O próprio percebimento dessa verdade é transformação. (…) (Idem, pág. 282)

(…) E nós necessitamos deveras de uma mudança completa, de uma tremenda revolução. Necessitamos não de uma mudança de idéias, de padrões, mas, sim, da demolição, da destruição total de todos os padrões. (…) E a mudança é necessária, pois não podeis continuar a viver com essas atitudes, crenças e dogmas tão insignificantes, estreitos, limitados. Tudo isso precisa ser destroçado, destruído. (…) (O Passo Decisivo, pág. 243)

Creio que a maioria de nós percebe a necessidade de uma revolução radical de que resulte uma nova dimensão do pensamento, isto é, que comecemos a pensar num nível completamente diferente, pois de modo nenhum podemos continuar como estamos e sempre estivemos, ou seja, repetindo um padrão e “funcionando” dentro de seus limites. (…) (Uma Nova Maneira de Agir, 1ª ed., pág. 90)

Observa-se no mundo (…) a deterioração que está invadindo todos os níveis de nossa existência. E, observando esse fenômeno, (…) somos naturalmente levados a investigar se não existirá um caminho diferente, uma diversa maneira de considerar o problema da existência e das relações humanas, (…) a possibilidade de uma revolução que projete todo o processo do pensar numa dimensão inteiramente nova. (…) (Idem, pág. 90)

Quando, como atualmente, nos vemos em presença de uma crise tremenda (…) Dentro de nós tem de nascer um processo inteiramente diverso para podermos enfrentar essa crise, e o nascimento desse processo não pode ser provocado pela mente consciente. (Viver sem Temor, pág. 35)

Temos, pois, de aprender de maneira nova e descobrir uma nova maneira de viver. Para isso, temos de investigar o atual estado da mente, da consciência, e ver se é possível operar uma mutação fundamental e radical dessa consciência. (…) (Viagem por um Mar Desconhecido, pág. 111)

O novo desafio que se apresenta aos entes humanos, que (…) vivem em tamanha aflição, agora aumentada por terríveis meios de destruição, o novo desafio é este, que deveis mudar instantaneamente (…) Está visto, pois, que deveis reagir ao novo desafio de maneira nova. (…) (Palestras com Estudantes Americanos, pág. 22)

Reconhecemos necessária uma transformação fundamental em nossa maneira de pensar, uma radical transformação da mente e do coração do homem. Mas essa extraordinária transformação não será realizada se fazemos continuar o que já existia, sob forma modificada. (…) (Da Solidão à Plenitude Humana, pág. 117)

Assim sendo, parece-me de grande importância compreender o “processo” total da individualidade. Porque, só quando o indivíduo se transforma radicalmente, pode haver uma revolução fundamental na sociedade. É sempre o indivíduo e nunca a coletividade, que pode produzir uma mudança radical no mundo. (…) (Idem, pág. 118)

E mutação difere de mudança. (…) Mudança implica tempo, gradualidade, (…) continuidade do que foi; mas mutação implica uma quebra completa e a verificação de algo novo. Mudança implica tempo, esforço, continuidade, modificação que requer tempo. Na mutação, não existe o tempo; ela é imediata. O que nos interessa é a mutação, e não a mudança. O que nos interessa é a completa e imediata cessação da ambição, e essa quebra imediata da ambição é mutação. (A Mutação Interior, pág. 185)

Para sairmos desta crise, requer-se ação fora do tempo, (…) não baseada numa idéia, num sistema; (…) Assim (…) significa que a regeneração do indivíduo deve ser imediata, e não um processo de tempo. Deve realizar-se hoje, e não amanhã; porque o adiar é um processo de desintegração. (…) (Da Insatisfação à Felicidade, pág. 89)

A revolução só é possível agora, e não no futuro; a regeneração é hoje, e não amanhã. Se experimentardes o que estou dizendo, vereis que há regeneração imediata, um estado novo, uma qualidade nova, porque a mente está sempre tranqüila quando está interessada, (…) tem o desejo ou a intenção de compreender. (…) Está em ação o mecanismo de defesa, quando empregamos o tempo ou um ideal como meio de gradativa transformação. (A Primeira e Última Liberdade, 1ª ed., pág. 132)

(…) Sois responsável por tudo, e em vós é que deve verificar-se a “explosão”. Essa completa mutação deverá produzir uma transformação (…) Sabeis o que entendemos por “mutação”? Há duas coisas importantes na vida: mudança e mutação. (…) Mudança implica a continuidade do que foi, modificado ou ampliado ou alterado. Mudança implica movimento do conhecido para o conhecido, modificado. (…) (Uma Nova Maneira de Agir, pág. 15)

(…) A mutação é coisa que não pode ser conhecida; porque, se já é conhecida, é apenas mudança. (…) A mutação é uma dimensão totalmente diferente; e, por conseguinte, deveis ter olhos diferentes, um diferente coração, uma mente diferente (…) (Idem, pág. 15-16)

Assim, pois, estamos falando de uma mente capaz de servir-se do conhecimento, sem ser escrava do conhecimento; uma mente vazia e, por conseguinte, criadora. (…) Porque (…) só do vazio pode provir uma coisa nova, e não da mente que está “carregada”, condicionada, etc. O novo não é condicionado pelo velho. O novo não é reconhecível pelo velho. (…) (Uma Nova Maneira de Agir, pág. 16)

(…) Para se operar uma revolução fundamental dentro de nós, precisamos compreender, integralmente, o processo de nossos pensamentos e sentimentos, na vida de relação. (…) Se pudermos compreender a nós mesmos, tal como somos, momento a momento, sem o processo da acumulação, veremos então como surge uma tranqüilidade que não é produto da mente, (…) nem cultivada; e, só nesse estado de tranqüilidade, pode haver criação. (Por que não te Satisfaz a Vida? pág. 26)

Muito importa, pois, que se compreenda integralmente o processo do “eu”; porquanto, sem essa compreensão, não há possibilidade de ação nova e fundamental. Se uma pessoa quer compreender a sociedade e promover uma revolução fundamental na estrutura social, ela tem, obviamente, de começar em si mesma; porque nós não somos diferentes da sociedade. O que somos, a sociedade é. (…) (Por que não te Satisfaz a Vida?, pág. 152)

O que estou tentando comunicar-vos é muito simples. Compete-vos descobrir uma nova maneira de viver e de agir, descobrir o que significa o amor. E, para esse descobrimento, não podeis servir-vos dos velhos instrumentos que possuís: o intelecto, as emoções, a tradição. (…) Têm seu valor próprio em certos níveis da existência, mas não valem nada quando se trata de descobrir uma maneira de viver totalmente nova. Em outras palavras: a crise atual não se acha no mundo, mas em nossa própria consciência (…) (A Libertação dos Condicionamentos, pág. 13)

Que significa compreender a totalidade? Significa, por certo, que devo compreender a totalidade de meu próprio ser, pois eu não sou diferente da sociedade. Sou produto da sociedade, assim como a sociedade é uma “projeção” de mim mesmo; e para conseguir uma transformação fundamental da sociedade, devo transformar-me totalmente (…) (O Homem Livre, pág. 19)

Poucas pessoas se interessam em si mesmas - a não ser quando se trata de seu êxito pessoal. (…) Refiro-me ao interesse que o indivíduo deve ter em transformar-se. Mas, em primeiro lugar, a maioria de nós não percebe a importância, a verdade relativa à transformação; e, em segundo lugar, não sabemos como nos transformar, como produzir em nós essa extraordinária, essa “explosiva” transformação interior. A transformação no nível da mediocridade - o trocar um padrão por outro - não é absolutamente transformação. (O Homem Livre, pág. 136)

Aquela transformação “explosiva” deriva da concentração de toda a nossa energia, a fim de resolvermos o problema fundamental da inveja. Estou considerando este ponto como o problema central, embora haja muitas outras coisas nele implicadas. Tenho a capacidade, a intensidade, a inteligência, a agilidade necessária para seguir os movimentos da inveja, em vez de apenas dizer “não devo ser invejoso”? (…) Também (…) o ideal da “não-inveja” - o que é igualmente absurdo (…) (Idem, pág. 136-137)

(…) Mediante a legislação podeis alcançar certos resultados benéficos, mas, sem a alteração das causas internas, fundamentais, do conflito e do antagonismo, anular-se-ão tais efeitos e surgirá novamente a confusão; as reformas externas requerem sempre novas reformas (…) Só estabelecendo interiormente a ordem e a paz é que poderemos criar exteriormente um estado de ordem perdurável e a concórdia criadora.

(…) Sem extinguirmos em nosso íntimo, por nós próprios, a cupidez, a luxúria e a violência, a simples reforma exterior pode produzir resultados superficiais, mas serão destruídos por aqueles que estão sempre buscando posição, fama, etc. Para se conseguir a mudança necessária e fundamental no mundo exterior, (…) deveis começar por vós e transformar-vos profundamente. (…) (Autoconhecimento, Correto Pensar, Felicidade, pág. 105)

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